Exercício
ilegal da advocacia, contratação sem licitação da empresa Oficina da Palavra,
vazamento deliberado de investigação, nomeações irregulares de servidores,
atuação político-partidária, e seletividade na investigação de suspeitos estão
entre na reclamação disciplinar apresentada terça-feira (15) pelo senador
Fernando Collor (PTB-AL) contra o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
na Corregedoria Nacional do Ministério Público Federal. Ele também fez uma
representação contra Janot no Senado, instituição competente para apurar,
processar e julgar autoridades por crimes de responsabilidade.
São
mais de 50 páginas e 21 documentos anexados na reclamação disciplinar, por atos
de improbidade administrativa e de decoro pessoal, contra Janot. O senador pede
a apuração de todos os fatos, com o depoimento de dezoito pessoas, além de
sindicâncias e ofícios, requerendo ainda a demissão do procurador, além da
cassação de sua aposentadoria.
Armação
contra Collor e Cunha
Entre
as pessoas que devem prestar depoimento está o presidente da Associação dos
Delegados da Polícia Federal, Marcos Leôncio, que, em entrevista à imprensa,
confirmou que houve uma reunião entre integrantes da Procuradoria-Geral com
agentes da polícia, com o objetivo de direcionar as investigações da Operação
Lava Jato, sobretudo no tocante ao senador Fernando Collor e ao presidente da
Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB).
“O
que queremos deixar bem claro é que a denúncia contra Collor e Cunha foi uma
estratégia, uma definição da PGR”, revelou o delegado.
'Mentiras
e tergiversações' na CCJ
Na
representação, o senador se reporta também a diversos crimes que o
procurador-geral teria praticado, “especialmente as mentiras, tergiversações e
lacunas nas respostas deixadas pelo procurador durante a sabatina na Comissão
de Constituição e Justiça do Senado, no dia 26 de agosto”. O senador também
requer abertura de processo, oitivas e diligências para, ao final, solicitar o
impeachment de Rodrigo Janot.
Collor
recorda que, na sabatina, Janot não disse quem é, onde trabalha e qual a sua
relação com Fernando Antônio Fagundes Reis, “mentindo sobre a sua atuação no
caso Orteng/Braskem/Petrobras, sobretudo porque, no seu exercício como
advogado, cumulativamente com o de subprocurador geral da República, atuou em
desfavor de empresa com participação da União”. De posse de documentos do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), Collor revelou que Janot advogou para uma
empresa que havia apresentado uma ação contra a Petrobras. Na sabatina, Janot
apresentou uma versão que, inclusive, foi questionada pelo próprio senador.
Contratação
sem licitação
O
senador destaca que o procurador também mentiu ao omitir a ligação com seu
assessor especial, Raul Pilati Rodrigues, e a empresa de comunicação Oficina da
Palavra. Segundo Collor, nos últimos meses, a empresa ligada ao assessor de
Janot ganhou contratos com o Ministério Público Federal (MPF) sem licitação,
com o recebimento, inclusive, de aditivos. Sobre o tema, Collor afirmou que o
procurador-geral “mentiu do início ao fim, negando o óbvio, dito até mesmo
pelos próprios servidores da Secretaria de Comunicação Social da PGR”.
Aluguel
de mansão
Outro
ponto nas representações diz respeito à autorização de Janot para o aluguel -
por R$ 67 mil mensais - de um luxuoso imóvel no Lago Sul, em Brasília, alegando
que, meses após os pagamentos com recursos do erário, o local nunca foi
utilizado. Durante a sabatina, inicialmente, Janot chegou a dizer que não houve
prejuízo. Contudo, na sequência, Collor exibiu os documentos do MPF que apontam
os gastos do órgão com reformas e outros serviços. Após a denúncia do senador,
a procuradoria abriu investigação acerca das irregularidades.
Proteção
ao irmão fugitivo
Nas
representações, o senador apontou também a ligação entre Janot e uma “série de
relações criminosas”, havendo, inclusive, a suspeita de que o procurador
acobertou o próprio irmão, Rogério Janot Monteiro de Barros, procurado pela
Interpol por crimes contra a ordem financeira na Bélgica. Caçado
internacionalmente como responsável por falsificação de escrituras, fraude e
infração à legislação tributária, o irmão de Rodrigo Janot nunca foi preso,
apesar de as autoridades brasileiras, inclusive do MPF, terem o endereço e
conhecimento de onde ele residia.
(Claudio
Umberto)
Quarta-feira,
16 de setembro de 2015
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