A
Procuradoria-Geral da República de Portugal confirmou nesta terça-feira que
colabora com a força-tarefa da Operação Lava Jato. O pedido de ajuda
internacional partiu das autoridades brasileiras mediante carta rogatória,
segundo nota. O MP português afirma, contudo, que o caso está em segredo de
Justiça. No mesmo comunicado, a Procuradoria confirma que há investigações em
curso também sobre a Portugal Telecom.
A
nota do MP português foi divulgada no dia em que reportagem do jornal Publico
informa que a venda das ações da Portugal Telecom na Telefonica à Vivo, em 2010,
e também a entrada da empresa portuguesa na Oi são alvos de investigação. Sem
citar fontes, o jornal afirma que os investigadores analisam se houve
"benefícios econômicos" no valor de "várias dezenas de milhões
de euro" para políticos, acionistas e dirigentes das partes envolvidas na
operação.
De
acordo com a reportagem, Lula e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu teriam
mantido conversas com o ex-primeiro-ministro português José Sócrates para
destravar as negociações. "Há precisamente cinco anos, Sócrates e Lula
falaram várias vezes ao telefone. As conversas ocorreram entre o junho e julho
e se destinaram a encontrar uma solução para o impasse provocado pelo veto de
Sócrates à venda, à Telefónica, das ações da PT na brasileira Vivo", diz o
texto.
Lula
e a Odebrecht - Segundo reportagem do jornal O Globo publicada no fim de
semana, telegramas trocados entre o Itamaraty e diplomatas brasileiros
indicariam que Lula teria intercedido em favor da Odebrecht em Portugal e em
Cuba.
Com
relação a Portugal, em correspondência enviada em 2014, o embaixador brasileiro
em Lisboa Mario Vilalva diz que "repercutiu positivamente na mídia" a
declaração de Lula de que empresas brasileiras devem se engajar na aquisição de
estatais portuguesas. Segundo o jornal, teria havido menção específica à
Odebrecht em conversa privada. "O ex-presidente também reforçou o
interesse da Odebrecht pela EGF (Empresa Geral de Fomento) ao primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente."
Pedro
Passos Coelho negou, nesta segunda-feira, que o ex- tenha feito lobby pela
Odebrecht ou por qualquer empresa brasileira. "O ex-presidente Lula da
Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira",
disse Passos Coelho a jornalistas, em entrevista transmitida pela Rádio e
Televisão de Portugal (RTP). "Cunha" é uma expressão portuguesa para
"lobby". Ao fim da entrevista coletiva, o primeiro-ministro português
disse ainda que as autoridades judiciais brasileiras não pediram qualquer
informação ao governo português sobre o assunto.
O
Instituto Lula respondeu que o ex-presidente jamais recebeu ou receberá por
consultoria, lobby ou tráfico de influência, mas que recebeu apenas por
palestras realizadas. O instituto disse ainda que Lula apenas comentou o
interesse da empresa brasileira pela EGF, que já era conhecido.
(Da
redação de VEJA)
Terça-feira,
21 de julho, 2015
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