Pesquisa mediu a temperatura de atletas
enquanto disputavam partidas nas regiões norte, nordeste e centro-oeste em
horários de pico solar.
GAZETA PRESS
Responsável por um estudo que
mediu a temperatura de atletas enquanto disputavam partidas de futebol nas
regiões norte, nordeste e centro-oeste durante horários de pico solar, entre
10h e 17h, o fisiologista Turíbio Leite alertou que os resultados obtidos são
preocupantes. O teste teve como objetivo simular partidas da Copa do Mundo
do Brasil que serão disputadas nessas condições.
"Há
diferenças individuais, mas alguns atletas chegaram a passar de 40
graus de temperatura. Não adianta medir a temperatura ambiente, porque você não
saberá qual é a repercussão disso no organismo. Também percebemos que, quando
se solicitava ao jogador para que descrevesse como estava se sentindo, ele
dizia que não era nada demais. O atleta é acostumado ao sofrimento, faz parte
do dia a dia dele, só que a vunerabilidade de seu sistema nervoso central é a
mesma de qualquer sedentário. É um perigo silencioso, assintomático”, explicou
o médico.
A
pesquisa, realizada por meio de cápsulas ingeridas por jogadores que
permitiram aos médicos fazer a medição da temperatura por telemetria, serviu de
base para a Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol)
entrar com uma ação na Justiça brasileira pedindo adiamento nos horários dos
jogos da Copa que se encaixam nas condições analisadas para no mínimo 17h.
Assim como na Copa das Confederações, diversas partidas foram agendadas para as
13h. Segundo Leite, a medida proposta pela ação é a ideal, mesmo que as paradas
técnicas tenham capacidade para amenizar o problema.
"A
parada para hidratação atenua bastante a temperatura elevada, é um ponto
importante e deve estar presente em todos os jogos. Mas, investigamos que,
mesmo com essa pausa, muitos atletas continuavam a ter a temperatura muito
alta. É algo que atenua, mas não resolve. Também não se deve deixar isso a
critério de árbitros, já que ele não consegue essas informações em tempo real.
Deve ser obrigatório”, comentou.
Turíbio
Leite ainda comentou que as consequências são variadas e mudam de indivíduo
para indivíduo, mas não descartou possibilidade de morte de um jogador em
decorrência do aumento na temperatura central do corpo.
"Pode
acontecer desde uma situação de mal-estar, vômitos, tonturas ou desmaios, como
também não é terrorismo dizer que pode levar a um caso de lesão neurológica,
que, por usa vez, pode resultar em coma ou até ao óbito. Os resultados falam
por si mesmos mais que qualquer argumentação. Nos episódios de morte que temos
registrado no futebol, são duas as possibilidades. Uma é um problema cardíaco,
outra é hipertermia, ou morte súbida, que é difícil de ser detectada e acontece
devido ao calor", alertou o médico, que trabalhou no São Paulo durante 25
anos.
Domingo, 18
de maio, 2014.
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