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“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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04 novembro, 2023

PREVISÕES TECNOLÓGICAS ESPETACULARMENTE ERRADAS

 



A televisão será um fracasso, a internet vai 'implodir', o telefone celular não vai substituir o telefone com fio... A BBC compilou essas e outras previsões 'furadas' que cientistas fizerem sobre inovações de suas épocas

 

Prever, segundo o dicionário, é anunciar por meio de uma revelação, conhecimento fundado, antecipar por intuição ou conjectura algo que vai acontecer.

 

Embora o bom senso possa dizer que não é aconselhável fazê-lo, a previsão é necessária em todos os aspectos da vida: qualquer decisão envolve algum grau de visualização do futuro.

 

Mas, como disse o brilhante físico Neils Bohr, "prever é muito difícil, especialmente se for sobre o futuro".

 

E quando vozes confiáveis se aventuram a adivinhar o que vai acontecer e fracassam, nunca mais são esquecidas.

 

Digamos que é porque alguma lição pode ser aprendida com esses catálogos de erros. Mas, para ser franco, toda previsão não deixa de ser divertida.

 

Recentemente, por exemplo, circulou um editorial publicado há 120 anos, em outubro de 1903, pelo jornal americano The New York Times (NYT), um dos mais respeitados e premiados do mundo.

 

A manchete era "Máquinas voadoras que não voam". Nas linhas finais, o autor concluía:

 

"...poderia-se presumir que a máquina voadora que realmente voaria poderia evoluir com os esforços combinados e contínuos de matemáticos e mecânicos entre um milhão e 10 milhões de anos."

 

Então, seis semanas depois, em 17 de dezembro, os irmãos Wright realizaram o primeiro voo sustentado em uma aeronave mais pesada que o ar.

 

Para ser justo, o autor do artigo estava comentando uma tentativa fracassada de voo que testemunhou.

 

Por mais alfabetizado que fosse, ele não era um físico e inventor famoso, como foi William Thomson, o Lord Kelvin, que em 1895 declarou que "máquinas voadoras mais pesadas que o ar são impossíveis".

 

Na verdade, Lord Kelvin é um dos clássicos da arte da previsão.

 

Em 1897 ele concluiu que "o rádio não tem futuro" e em 1900 garantiu aos seus colegas cientistas que "o raio-X é uma farsa".

 

Ele estava no limiar de uma revolução que traria tecnologias inimagináveis.

 

Abaixo, listamos uma coleção de previsões erradas sobre algumas das invenções mais usadas hoje em dia.

'Uma caixa de madeira'

 

"Embora teórica e tecnicamente a televisão possa ser viável, comercial e financeiramente é impossível", disse Lee DeForest, pioneiro do rádio e inventor com mais de 180 patentes, em 1926.

 

Porém, a ideia de ver imagens à distância tinha uma longa história e, na década de 1920, a fantasia se tornou realidade.

 

Não houve um único "inventor" da televisão. Participaram um grande número de "experimentadores", empresários e organizações públicas.

 

Enquanto o aparelho era aperfeiçoado, foram feitas apresentações à imprensa e ao público.

 

Em 1939, o NYT publicou um artigo intitulado "Ato I, Cena I: As transmissões domésticas começam em 30 de abril. A Feira Mundial será o cenário", por Orrin E. Dunlap Jr., jornalista de radiodifusão.

 

Na opinião dele…

 

"O problema da televisão é que as pessoas têm que se sentar e manter os olhos grudados na tela; a família americana média não tem tempo para isso."

 

Uma opinião semelhante foi expressa em 1946 por Darryl Zanuck, cofundador do estúdio cinematográfico 20th Century Fox:

 

"A televisão nunca vai reter uma audiência. As pessoas ficarão entediadas rapidamente de olhar para uma caixa de madeira compensada todas as noites."

 

Contrariamente às suas previsões, a televisão se tornou um ponto focal importante na vida cotidiana de muitos americanos e do restante do mundo.

 

Hoje, quase 80% dos americanos assistem televisão diariamente. Uma pessoa assiste cerca de 141 horas de televisão por mês ou 1.692 horas por ano, em média.

 

Supondo que você atinja a expectativa média de vida de 78 anos, isso equivale a cerca de 15 anos da sua vida.

 

E tudo isso apenas nos Estados Unidos, onde as pessoas "não deveriam ter tempo para isso."

'Uma supernova'

 

Tal como a televisão, a internet foi desenvolvida com o tempo e o trabalho de muitas pessoas.

 

E foi a World Wide Web que a tornou acessível a todos.

 

Embora já estivesse lá há alguns anos, foi em 1995 que a internet começou a entrar com mais firmeza.

 

Já as reações foram mistas. Entre os céticos, destacou-se o astrofísico Clifford Stoll, que em seu livro "Silicon Snake Oil" previu:

 

"Não creio que listas telefônicas, jornais, revistas ou locadoras de vídeo desapareçam com a disseminação das redes de computadores. Também não acho que meu telefone se fundirá com meu computador para se tornar algum tipo de dispositivo de informação."

 

Mas a previsão mais memorável veio do pioneiro da internet, Robert Metcalfe, o bilionário inventor da tecnologia Ethernet e fundador da 3Com Corporation.

 

Em um artigo clássico publicado em dezembro de 1995 no InfoWorld, ele escreveu:

 

"Quase todas as previsões feitas agora sobre 1996 dependem do crescimento exponencial contínuo da internet. Mas prevejo que a internet (...) em breve se tornará uma supernova espetacular e em 1996 entrará em colapso catastrófico."

 

E não parou por aí: ele prometeu engolir as palavras sobre o colapso da internet se a previsão da "supernova" se revelasse errada.

 

Em 1997, subindo ao palco durante uma conferência internacional sobre a World Wide Web em Santa Clara, Califórnia, Metcalfe reconheceu que a internet não era uma supernova.

 

Como estava empenhado em engolir suas próprias palavras, ele tentou fazê-lo comendo um grande bolo decorado para se parecer com sua coluna do InfoWorld.

 

Mas o público o vaiou: ele não iria escapar tão facilmente.

 

Metcalfe teve que rasgar a coluna do InfoWorld, colocá-la no liquidificador com um pouco de água para fazer polpa e comê-la.

 

Apesar do espetáculo, nem todos aprenderam a lição e insistiram em prever o fim da web.

 

Apenas um ano depois, e citando uma lei com o nome de Metcalfe, o renomado economista Paul Krugman antecipou o seu fim iminente.

 

"O crescimento da internet diminuirá dramaticamente à medida que a falha na 'Lei de Metcalfe' se tornar clara: a maioria das pessoas não tem nada a dizer umas às outras! "Em 2005 ficará claro que o impacto da internet na economia não foi maior do que o do fax."

 

Não só ele estava errado, mas essa previsão apareceu em um artigo publicado pela revista de tecnologia Red Herring. O título: "Porque é que as previsões da maioria dos economistas estão erradas" (sem brincadeira).

 

Embora não tenha precisado engolir as palavras, ele garantiu um lugar neste peculiar panteão da fama.

'Sem possibilidade'

 

"Os telefones celulares nunca substituirão o telefone com fio."

 

Obviamente era uma provisão completamente equivocada.

 

O curioso é que quem disse isso em 1981 não foi outro senão o inventor do telefone celular, Marty Cooper, que fez a primeira ligação com o aparelho em Nova York, em 1973.

 

E por falar em telefones...

 

"Não há chance de o iPhone ganhar uma participação significativa no mercado", disse o ex-CEO da Microsoft, Steve Ballmer, ao jornal USA Today em 2007.

 

"Sem chance", enfatizou. "Eles podem ganhar dinheiro. Mas se você realmente olhar para os 1,3 bilhão de telefones vendidos, prefiro ter nosso software em 60%, 70%, 80% deles do que ter 2% ou 3% da Apple".

 

Dado que o iPhone se tornaria o produto tecnológico de consumo de maior sucesso de todos os tempos, esta é provavelmente uma das piores previsões da história.

 

*BBC News Mundo

Sábado, 04 de novembro 2023 às 21:32


     

12 agosto, 2020

QUEM SÃO AS PESSOAS QUE NÃO TÊM ACESSO À INTERNET NO BRASIL?



A pandemia de covid-19 trouxe à tona uma realidade que por vezes foi ignorada no Brasil: a falta de acesso à internet. A necessidade do isolamento social por conta do novo coronavírus, torna o momento decisivo para se aprofundar na discussão sobre o tema e conhecer quem está sendo deixado de lado.

Uma vez que o ensino a distância tem sido uma condição para garantir a aprendizagem de crianças e adolescentes durante a pandemia, o acesso à internet de qualidade passa a ser uma questão central para as famílias. Essa é a primeira de uma série de quatro reportagens do Brasil de Fato sobre os desafios da Educação a Distância (EaD).

“Falando do nível de indivíduo, a gente pode dizer que o usuário de internet no Brasil é predominantemente urbano; escolaridade maior, principalmente médio e superior; tende a ter idade entre 10 e 45 anos; e sobretudo das classes mais altas, A e B”, explica Fabio Storino, analista de informações do Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic)

De acordo a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Cetic, em 2019, 74% da população tinha acesso à internet, o que correspondia a 134 milhões de pessoas e 71% dos lares do país.

Hoje, 46 milhões de brasileiros não tem acesso à internet. Desse total, 45% explicam que a falta de acesso acontece porque o serviço é muito caro e para 37% dessas pessoas, a falta do aparelho celular, computador ou tablet também é uma das razões.

Se para alguns, mexer em um computador é uma tarefa simples, para 72% dos desassistidos, a falta de habilidade com o equipamento impede o acesso à rede.

Quando se olha para o recorte de renda, a população mais vulnerável concentra os maiores números. Para 57% das pessoas com renda de até um salário mínimo, a principal causa para o não-acesso são os altos preços do serviço no Brasil. Considerando a mesma faixa salarial, 46% dizem não ter aparelhos como celular ou computador.

Se considerados os territórios, 75% da população urbana é usuária de internet, no campo esse número cai para 53%, ou seja, quase metade das pessoas que vivem em áreas rurais não acessa a rede de computadores. Os dados sobre a população mais pobre do país revelam que apenas metade das casas da classe D e E têm acesso à internet.

A pesquisa também revelou que cerca de 99% dos usuários navegam pela internet no celular e apenas 42% deles se conectam pelo computador, menos da metade das pessoas que usaram a internet no smartphone. Ainda segundo o estudo, em 2019, 58% dos brasileiros acessaram a internet exclusivamente pelo telefone. No Brasil, o acesso via computadores, notebook e tablets começou a cair a partir de 2015.

“No campo, o acesso somente via celular chega a quase 80% dos usuários e entre as pessoas de menor renda, das classes D e E, chega a 85%. O celular se tornou um dispositivo muito importante e muito relevante para o uso da internet no Brasil”, explica Fabio.

Quando se leva em consideração o grau de instrução, quanto maior a formação educacional, maior o acesso. Apenas 23% da população analfabeta ou que frequenta o Ensino Infantil tem acesso à internet. Entre os estudantes do nível fundamental, esse número sobe para 68%. Já entre os que têm nível superior, a marca é de 98%.

A faixa etária também é um dado importante quando se fala de conexão. A maioria dos usuários tem entre 10 e 45 anos e a cada dez pessoas com 60 anos ou mais, apenas quatro tem acesso à rede. Já quando se trata de renda, entre a população mais pobre, apenas seis de cada dez brasileiros conseguem navegar pela internet. 

A pesquisa TIC Domicílios também revelou que apenas 41% das pessoas utilizaram, no último ano, a internet para realizar atividades ou pesquisas escolares. E apenas três de cada dez pessoas utilizaram a internet para assuntos relacionados a educação, entre a população dos indicadores D e E.

A pesquisa ainda indica que a cada cinco pessoas, uma afirma que só consegue acessar a internet, através da rede emprestada do vizinho. 

*Blog Combate

Quarta-feira, 12 de agosto, 2020 ás 18:00