O
técnico de futebol Carlos Alberto Parreira disse uma vez que o gol era só um
detalhe. Foi crucificado. Mas ele estava certo. Sem treinamento, jogo coletivo,
talentos individuais, esforço constante e uma defesa que recupere a bola e
saiba sair jogando, é difícil um time marcar um gol e ganhar a partida.
A
metáfora vale também para a política e eleições. Quando um prefeito, governador
ou presidente da República perde uma eleição, é raro a derrota se dar por causa
de um fato fortuito. Às vezes, pode acontecer (como um gol contra no futebol).
Mas o mais lógico é a soma do trabalho durante quatro anos acabar se refletindo
nas urnas.
A
presidente Dilma Rousseff chega a este momento, faltando duas semanas para o
segundo turno da corrida presidencial, com 49% de intenções de voto e 43% de
rejeição. Numa conta simples, conclui-se que pode pescar apoios em apenas 8% do
eleitorado. Não é impossível, mas tampouco é fácil ou simples.
Pior
para Dilma é o clima de país partido que ela e o PT estimularam nas últimas
décadas. Na narrativa petista, o Brasil hoje se divide entre ricos contra pobres,
regiões Norte e Nordeste contra as demais. Nesse clima beligerante --apesar da
roupa azul clara na sua primeira propaganda de TV-- não é fácil em duas semanas
estender a mão, dizer que o "governo novo" terá "ideias
novas".
Pode
ser que no dia 26 de outubro a contabilização dos votos pela Justiça Eleitoral
dê mais quatro anos para Dilma. Nesse caso, estará validada toda a tática usada
até agora, o discurso do medo, o estímulo ao ódio e ao combate em áreas nas
quais seria melhor buscar convergências.
No
caso de Aécio Neves, o PSDB portou-se como aquele jogador que ficou quase
parado, perto da área adversária. Uma bola parece ter sobrado e há boas
condições para marcar o gol. Mas, como dizem os comentaristas esportivos,
nessas horas, o chute não precisa de força. É só jeito.
Por:
FERNANDO RODRIGUES
Sábado,
11 de outubro, 2014
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