Li
dia desses o texto de um sujeito isento como um táxi, segundo quem só mesmo o
“preconceito anti-PT” poderia explicar a surra histórica que o partido levou em
São Paulo. Para registro: o tucano Geraldo Alckmin venceu a eleição em 644 das
645 cidades do Estado e, na capital, ficou em primeiro lugar em 54 das 58 zonas
eleitorais. Aécio Neves superou seus adversários em 88% dos municípios
paulistas. José Serra, depois de sepultado por setores da imprensa paulistana,
bateu Eduardo Suplicy na disputa pelo Senado por quase o dobro dos votos.
Marilena Chaui, uma petista filósofa, jamais uma filósofa petista, diria que
isso é culpa da classe média, que ela odeia. Entendo. Há miseráveis de menos em
São Paulo para os anseios revolucionários de tal senhora. Toc, toc, toc.
Preconceito
por quê? O PT, por acaso, advoga alguma causa excepcional, que vá contra, sei
lá, o obscurantismo do senso comum, ou se coloca na vanguarda de lutas
civilistas que desorganizam o status quo? Se há um partido que encarna os
piores vícios da ordem no que está tem de mais nefasta, de mais reacionária e
de mais autoritária, este partido, hoje, é o PT.
Prestem
atenção! Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mal começaram a falar. A
depender do rumo que as coisas tomem e do resultado das urnas, o país voltará a
flertar, no próximo quadriênio, com o impeachment, somando, então, a crise
política a uma economia combalida. Pergunto: o fedor que emana da Petrobras
deriva dos anseios reformistas que o PT chegou a alimentar um dia? Ora…
É
preciso assaltar os cofres públicos para conceder Bolsa Família? É preciso usar
de forma escancaradamente ilegal os Correios para implementar o ProUni? É
preciso transformar a gestão pública na casa-da-mãe-Dilma (como Lula, o pai, já
a chamou) para financiar o Minha Casa, Minha Vida? Pouco importa o juízo que se
faça sobre esses programas, a resposta, obviamente, é “não”. A matemática
elementar nos diz que, com menos roubalheira, sobraria mais dinheiro para os
pobres.
Por
Reinaldo Azevedo (Veja)
Sexta-feira,
10 de outubro, 2014.
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