Finalmente o Brasil desencantou.
Não foi a apresentação que os torcedores esperavam, tampouco suficiente para
devolver a confiança em boa participação na Copa das Confederações, mas a
vitória por 3 a 0 sobre a França, ontem, na Arena Grêmio, em Porto Alegre, ao
menos reacendeu a esperança de dias melhores.
O resultado quebrou dois tabus
que atormentavam a Seleção Brasileira: a vitória foi a primeira sobre um
campeão mundial desde 2009 e também a primeira diante dos franceses nos últimos
21 anos.
Brasil e França em nada pareciam
dois campeões mundiais. Primeiro pelo uniforme dos europeus, que ignorava a
tradição dos modelos de antigamente. Segundo pelo excesso de passes errados.
Com lances típicos de várzea, os times demonstravam muita ansiedade e não
conseguiam organizar as descidas ao ataque.
O trabalho dos brasileiros foi
facilitado nos primeiros toques na bola. O goleiro francês Lloris tentou sair
jogando e perdeu a bola para Neymar na entrada da área. O atacante refugou no
momento do chute, tentou limpar a jogada e acabou sendo desarmado.
Se não balançou a rede, o lance
serviu para aumentar a euforia dos torcedores. Mas quem esperava um grande
clássico se decepcionou. A forte marcação dos dois lados impedia que boas
chances fossem criadas. Os franceses ainda conseguiam imprimir velocidade na
troca de passes, mas falhavam na execução das jogadas. Os brasileiros
arriscavam os lançamentos longos.
Nos instantes finais do primeiro
tempo, o Brasil foi melhor e criou duas oportunidades. Na primeira, aos 42,
Fred cabeceou à direita. Dois minutos depois, Neymar chegou atrasado em passe
de Marcelo.
O Brasil voltou com outra postura
para o segundo tempo. Hulk, aos dois minutos, arriscou chute perigoso. O
problema é que a França também mostrou disposição para arriscar e assustou
Júlio César em chutes de Cabaye e Payet.
Outra mudança em relação ao
primeiro tempo foi na marcação brasileira, posicionada mais à frente. E foi
assim que o Brasil abriu o placar. Luiz Gustavo dividiu bola na intermediária,
Fred ficou com a sobra e passou para Oscar tocar no canto esquerdo: 1 a 0.
O Brasil se manteve superior
mesmo após o gol. O mesmo Oscar, aos dez, desviou cruzamento de Hulk e quase
ampliou. A França também assustou, aos 14, quando David Luiz tentou cortar
cruzamento e exigiu defesa de Júlio César.
O Brasil melhorou bastante com a
entrada de Hernanes na vaga de Luiz Gustavo. Lucas também deu mais movimentação
ao time do que Hulk. E a vitória foi ratificada em contra-ataque, aos 39,
quando Neymar rolou para Hernanes bater mascado, mas suficiente para tirar de
Lloris: 2 a 0.
Com a vantagem o Brasil se soltou
e explorou o desespero da França. Aos 47, Marcelo foi derrubado na área:
pênalti, que Lucas converteu devolvendo a esperança de dias melhores à torcida
brasileira.
Felipão comemora boa atuação na
reta final
Luiz Felipe Scolari não deixou
escapar a oportunidade. Experiente, o treinador deu sequência ao que vinha
fazendo durante a semana e discursou após o jogo pedindo o apoio do torcedor na
Copa das Confederações. Para o técnico, a vitória de ontem contra a França
mudou o astral do grupo.
“Nós voltamos a ter confiança
naquela equipe que foi escalada e nos jogadores que entraram. Além disso, o
torcedor reagiu de forma maravilhosa, como em 2001, quando jogamos aqui em
Porto Alegre contra o Paraguai. Tínhamos de ter esse empurrão do torcedor”,
vibrou o treinador.
A última vitória da Seleção
Brasileira sobre um grande do futebol mundial tinha sido em 2009, quando
derrotou a Inglaterra por 1 a 0, com gol de Nilmar. “Mesmo jogando contra uma
equipe forte como a França, nós conseguimos dar esse passo inicial para ter um
time competitivo. Tudo isso foi somado com a vitória por 3 a 0. Com isso alguns
jogadores se qualificam mais, têm mais confiança, mais personalidade”, comentou
Felipão.
Já Neymar se mostrou indiferente
sobre o fato de o Brasil voltar a vencer uma seleção forte. “A gente não estava
ligando para esse tabu, o importante era vencer o jogo para a gente mesmo”,
argumentou o jogador, que foi vaiado quando substituído e outra vez vestiu a
camisa 10. “Fico feliz de ajudar a Seleção. Não importa se com marcação, gols
ou passe. O número não faz diferença. O importante é vestir a camisa da
Seleção”, finalizou o atacante, que deu passe para gol de Hernanes.
Hernanes muda história e ressurge
diante dos franceses
Ficou provado que a França é um
rival que mexe mesmo com Hernanes. Em 2011, ainda sob o comando de Mano
Menezes, o meia foi grotescamente expulso em amistoso que terminou com derrota
brasileira por 1 a 0, em Paris. O lance fez com que o jogador fosse esquecido
nas convocações. Ontem, contra o mesmo adversário, tudo se inverteu. Ele entrou
na vaga de Luiz Gustavo, foi bem, marcou gol e pode ter garantido uma vaga
entre os titulares de Felipão.
“Estou muito feliz hoje, porque
aquilo (a expulsão) foi algo que manchou a minha carreira. Uma carreira
construída com muito suor, não merecia aquela mancha. Foi um erro de cálculo.
Reescrevi minha história hoje (ontem)”, comemorou o jogador.
No banco de reservas, Hernanes
evitava lembrar do pontapé que atingiu o peito de Benzema, mas sonhava em
entrar em campo e mostrar que tudo estava superado. “O jogo estava acabando e
pensava que não iria entrar mais. A vitória é importante para nos dar
tranquilidade”, comentou o meia da Lazio.
Sobre a titularidade, Hernanes
foi contundente. “Não me considero reserva e espero fazer a diferença (na Copa
das Confederações). É o que falei no decorrer da semana. Graças a Deus consegui
fazer essa diferença em campo e ajudar os companheiros”, comemorou o jogador.
Jogadores ganham folga e se
reapresentam apenas amanhã
Após a vitória da Seleção
Brasileira sobre a França por 3 a 0, ontem, na Arena Grêmio, a comissão técnica
decidiu dar folga aos jogadores, marcando a reapresentação para amanhã, às 12h,
em Goiânia.
Na progamação anterior, divulgada
pela CBF, os atletas deveriam se apresentar na capital de Goiás hoje à noite e
participariam de atividade amanhã pela manhã. Agora, os jogadores treinarão
apenas na parte da tarde, no centro de treinamento do Goiás.
Para o atacante Hulk, estas horas
a mais de folga farão muito bem. Porém, ele lamentou não ter tempo hábil para
encontrar os familiares em seu estado natal.
“Serve para descansar. Mas será
uma pena que não poderei viajar à Paraíba para rever meus familiares. Vou matar
a saudade pela internet”, contornou o jogador.
A Seleção Brasileira permanece em
Goiânia até quarta-feira à tarde, quando deve dirigir-se a Brasília para
iniciar preparação para estreia na Copa das Confederações, no sábado, às 16h,
contra o Japão, no Estádio Mané Garrincha.
O Brasil se encontra no Grupo A
da competição da Fifa, em chave que conta ainda com Itália e México. Estas duas
seleções se enfrentam na estreia no domingo, às 16h, no Maracanã.
Fonte: Diario do grande ABC online
Segunda-feira 10 de junho
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