Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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24 agosto, 2022

“ORÇAMENTO SECRETO COMPROU A CONSCIÊNCIA E ALMA DE MUITOS”, DIZ TEBET

 

A candidata do MDB (15) à Presidência da República, Simone Tebet, voltou a criticar, na quarta-feira (24/8), a execução das chamadas emendas de relator, conhecidas popularmente como “orçamento secreto”. Nas palavras da senadora, o orçamento secreto “comprou a consciência e a alma de muitos” parlamentares.

 

O dispositivo tem sido usado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) principalmente com o objetivo de negociar apoio de políticos do Centrão na aprovação de pautas de interesse do Executivo federal em tramitação no Congresso Nacional.

 

A fala ocorreu durante agenda de campanha da emedebista com pesquisadores e acadêmicos de São Paulo. Na ocasião, Tebet estava acompanhada de Mara Gabrilli, que é candidata a vice-presidente na sua chapa.

 

O convite partiu da bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz e tem por objetivo debater os desafios para ciência e tecnologia no próximo governo.

 

No encontro, Tebet defendeu que, caso eleita, tentará excluir investimentos na área de ciência e tecnologia do teto de gastos. “A educação está fora do teto de gastos. E estamos estudando a possibilidade de implantar, tirar do teto de gastos, os investimentos com ciência, tecnologia e inovação. Com isso, a gente aumenta recurso no orçamento”, disse.

 

A senadora também firmou o “compromisso de que nenhum centavo será contingenciado”, e indicou que terá como prioridade atender às universidades, instituições acadêmicas, com enfoque na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

 

Ainda no que diz respeito à execução orçamentária, a emedebista diz que está repensando o teto de gastos como âncora fiscal. “Estamos estudando fortemente essa possibilidade”, enfatizou.

 

Quero dizer o seguinte: tenho analisado com economistas – sou liberal na economia, mas não sou fiscalista sem alma – e estamos estudando, tenho conversado muito com economistas que nos apoiam, precisamos repensar uma âncora fiscal para evitar orçamento secreto, desvio de dinheiro”, prosseguiu.

 

Mais cedo, a candidata ao Palácio do Planalto cumpriu agenda da campanha na Fundação Abrinq, em São Paulo. Na oportunidade, ela defendeu como proposta de governo, a criação de uma espécie de poupança para estimular jovens a concluírem o ensino médio. Segundo a senadora, o projeto consiste em conceder ajuda financeira anual aos estudantes da faixa etária, que poderão sacar as quantias após a conclusão do período escolar.

 

Tebet defendeu a proposta como alternativa para reduzir a quantidade de “jovens nem, nem”, que são os adolescentes que não estudam e não trabalham.

 

Ao final do curso, eles poderão fazer o que quiser com o dinheiro”, explicou a candidata. “Podem comprar um celular, fazer uma viagem, um curso ou dar de entrada em um carrinho usado”, prosseguiu, defendendo que o programa, caso eleita, se chamará “Poupança Jovem”.

*Metrópoles

Quarta-feira, 24 de agosto 2022 às 19:25

 


 

22 agosto, 2022

O BELZEBU POLÍTICO

 

Agora começou de fato e de direito o jogo eleitoral. As campanhas para conquistar a preferência dos brasileiros ganharam as ruas. E vale de tudo: da fé contrária ao “demônio” – sempre, estrategicamente, colocado no outro extremo – até os habituais fakes news, que infestam ainda mais as discussões nesses tempos inglórios, quando candidatos se exibem mais mascarados que nunca.

 

Para além do populismo rasteiro dos dois postulantes que estão na dianteira da corrida, Lula e Bolsonaro, a religiosidade distorcida em mensagens e ideias virou a arma da moda. Também pudera! Tendo, lado a lado no ringue, dois pretensos salvadores da pátria, não poderia ser diferente.

 

No canto esquerdo, aquele que se acha mais famoso que Jesus Cristo, o demiurgo de Garanhuns, o sindicalista de carteirinha – de batente nunca foi – protetor dos pobres e oprimidos.

 

 No direito, o “mito” Messias, o caboclo capitão do baixo clero, totalitário por convicção, na sua ode delirante de combater um comunismo que jamais deitou raízes por essas paragens.

 

Verdadeiros Dom Quixotes contra os moinhos, eles travam aquela que acreditam ser uma guerra santa. Provavelmente não irão expiar os seus pecados na hora do Juízo Final. Dois espectros dos absurdos nesses tempos pouco edificantes da política brasileira. Mas é o que temos para agora.

 

O mandatário Jair, para ampliar a sua base de devotos, numa seita que parece exigir adoração e fé cega na palavra desse redentor, faz acenos momentâneos para os católicos, que desconfiam das pregações oportunistas. Já o adversário Lula recorre a conceitos mais elaborados para catequizar a massa ignara, taxando o opositor como um “possuído” pelo belzebu.

 

Quem está familiarizado com as encíclicas religiosas sabe muito bem do perigo de invocar o coisa ruim. Mas eles não temem, senão a própria sorte de uma derrota fragorosa nas urnas, e assim haja perjúrios e blasfêmias. Nenhum deles, nem Lula, muito menos Bolsonaro, é, decerto, um asmodeu menor na contenda. Possuem, ambos, pecados escabrosos e inomináveis, capazes de arrepiar os cabelos até dos devotos menos esclarecidos.

 

E como lobos na pele de cordeiros saem atrás dos incautos beatos e carolas para seus rebanhos. Autênticos fariseus do templo! O sincretismo religioso foi jogado na fogueira das vaidades. Deturparam, cruelmente, valores e crenças em todas as direções.

 

A primeira-dama Michelle Bolsonaro, entoando os preconceitos atávicos do marido, chegou a rogar praga ao candomblé, iniciando assim uma temporada de perseguição a cultos, o que atenta, inclusive, contra uma cláusula pétrea da Constituição. Na linha que adotou, deixa a entender que para evangelizar novos adeptos seria necessário condenar os que professam ao abrigo de demais santuários, terreiros, sinagogas, catedrais e basílicas. Nada mais equivocado.

 

O Brasil, berço da tolerância aos diversos credos, não aceita tamanha afronta. O ecumenismo está na base de nossa sociedade. Michelle joga com o medo do apocalipse – e esse seria fomentado pela corrente adversária, no seu modo de ver –, enquanto promete a remissão dos “errantes” e dos pecadores de espírito, no caso aqueles que não perceberam no marido o poder da salvação.

 

Angariar votos de última hora entre neoconvertidos pode garantir mais quatro anos de privilégios presidenciais à família, missão que almeja cumprir a qualquer custo, nem que seja de joelhos nas seções do TSE ou dançando em transe, como já demonstrou quando o escolhido por ela alcançou o STF.

 

Na toada que vão os atuais inquilinos do Planalto, a ideia de Estado laico foi para o espaço. Bolsonaro colocou no Supremo alguém “terrivelmente evangélico”, contrariando os ditames legais, e distribuiu lingotes de ouro e verbas, numa forma de dízimo, do Ministério da Educação para conquistar a fidelidade dos pastores.

 

Michelle, por sua vez, seguiu contabilizando o potencial de milhões de frequentadores da sua igreja como meros discípulos para a vitória da purgação no pináculo do poder brasiliense. O contingente de católicos, evangélicos, umbandistas, espíritas e outros não é nada desprezível para os intentos deletérios dessa turma. Provavelmente, por isso mesmo, os dois contendores que estão à frente deixaram de lado propostas de gestão e as esperadas plataformas de governo para tocarem fundo na alma e emoção religiosa dos seguidores.

*IstoÈ

Segunda-feira, 22 de agosto 2022 às 13:58


 

15 agosto, 2022

INTERFERÊNCIA: “QUERO VER QUEM VAI CUMPRIR”, DIZ DIRIGENTE DA PF SOBRE PEDIDO DE PRISÃO DA CÚPULA DA CORPORAÇÃO

 

A notícia de que o delegado responsável pela investigação do escândalo que levou à cadeia o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pediu a prisão da cúpula da Polícia Federal por interferência no caso repercutiu muito mal dentro da corporação.

 

o pedido feito pelo delegado Bruno Calandrini está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, relatora do inquérito sobre o caso, em curso no Supremo Tribunal Federal.

 

Em privado, delegados que ocupam cargos de direção na PF se disseram surpresos com iniciativa de Caladrini e criticaram duramente a postura do colega. Poucos acreditam que a ministra acolherá o pedido. Ao mesmo tempo, há um certo clima de apreensão porque ninguém sabe ao certo quais elementos embasam a petição apresentada ao STF. Por razões óbvias, o delegado não submeteu o pedido a seus superiores antes de enviá-lo à Corte.

 

Se ela (Cármen Lúcia) deferir, quero ver quem vai cumprir a ordem de prisão”, diz um delegado que ocupa uma importante posição na hierarquia da Polícia Federal, referindo-se ao fato de que, se a ministra autorizar os pedidos de prisão, os mandados teriam de ser cumpridos por policiais da própria corporação, provavelmente dentro do edifício-sede do órgão.

 

É a primeira vez na história recente que um delegado pede a prisão de integrantes da cúpula da PF. Bruno Calandrini alega ter havido interferência do alto comando da corporação nas apurações sobre o esquema de corrupção no MEC.

 

Logo após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, o delegado chegou a afirmar, em mensagem enviada a um grupo de policiais, que seus superiores estariam impondo obstáculos ao bom andamento da investigação. Ele disse ainda que houve “decisão superior” para que Ribeiro não fosse transferido de São Paulo para Brasília, como desejava a equipe encarregada da apuração.

 

Àquela altura, a direção da PF alegou não ter condições de atender o pedido do delegado para autorizar a emissão de passagens aéreas para o ex-ministro e para os agentes que fariam a sua escolta. Disse ainda que seria temerário fazer a transferência em um voo de carreira. As aeronaves que integram a frota da própria PF não estavam disponíveis para a equipe.

 

Tempos depois, o delegado apontou, com base em telefonemas interceptados com autorização judicial, indícios de que o presidente Jair Bolsonaro teria alertado o ex-ministro do risco iminente de deflagração de uma operação pela PF. A partir daí, o Ministério Público Federal pediu que o caso fosse remetido para o Supremo Tribunal Federal.

 

Entre os dirigentes da PF, sobram críticas – e até xingamentos – ao delegado Calandrini. Diretores da corporação negam que tenha havido interferência política no caso e dizem que a transferência de Milton Ribeiro para Brasília só não foi autorizada porque o delegado, temendo vazamento, deixou de fazer o planejamento da operação com a devida antecedência.

 

“Se ele (Calandrini) tivesse planejado direito, se tivesse solicitado antes, seria atendido. Mas ele fez tudo errado. Uma operação como essa tem que ser planejada”, queixa-se um delegado que ocupa uma importante posição na cúpula da instituição.

 

Bruno Calandrini responde a uma sindicância interna por ter acusado seus superiores de terem interferido na investigação. Quem acompanha o desenrolar do procedimento dá como certo que ele será punido.

*Rodrigo Rangel/Metrópoles

Segunda-feira, 15 de agosto 2022 às 20:11