Assim como o ex-presidente
Lula e o presidente Jair Bolsonaro, a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata
do MDB ao Palácio do Planalto, tem viajado pelo país para intensificar
articulações políticas, quebrar resistências até entre aliados e abrir palanques
nos estados para a sua campanha.
As viagens também servem para
ajudar a consolidar o apoio dentro do partido, por meio de encontros com
lideranças do MDB, como prefeitos e presidentes de diretórios estaduais, além
de figuras históricas como o ex-senador Pedro Simon, um dos entusiastas de
Tebet. Até agora, ao menos 22 dos 27 diretórios já manifestaram apoio à
emedebista, cujo nome foi referendado pelas cúpulas do PSDB e Cidadania.
Há lideranças nesses estados,
no entanto, cujo apoio é protocolar e que estão inclinadas a alianças com
Bolsonaro ou Lula. Políticos experientes, seja do MDB ou do PSDB, ainda veem a
terceira via com ceticismo, mas avaliam que Tebet pode frear a tendência vista
hoje pela direção emedebista como majoritária ao Bolsonarismo, ainda que no
Nordeste líderes sejam favoráveis a Lula.
A candidatura de Tebet é
facilitada pela garantia dos recursos da cota feminina de 30%. A estimativa é
que a campanha tenha pelo menos R$ 30 milhões.
A senadora precisa do apoio
das lideranças dos estados para ter seu nome homologado na convenção
emedebista, entre julho e agosto. Mas ainda há dúvidas entre políticos
experientes e de uma ala do PSDB — que prefere candidatura própria — sobre a
viabilidade de Tebet no próprio partido e nas pesquisas de opinião.
Para ganhar musculatura, falta
a confirmação do apoio do PSDB à campanha. No último mês, em especial, ela
cumpriu agendas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Em São Paulo, o MDB
deve indicar o vice na chapa do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que concorre
à reeleição.
Tebet também fez incursões em
estados onde tenta destravar as alianças com os tucanos, como o Rio Grande do
Sul, que hoje é o maior empecilho para o pacto da terceira via. Lá, o
ex-governador tucano Eduardo Leite sofre resistência de uma ala do MDB da velha
guarda, que argumenta que a sigla tem mais capilaridade que o PSDB no estado e
que já elegeu outros quatro governadores. Ainda assim, o deputado estadual
Gabriel Souza, que é pré-candidato da sigla ao governo gaúcho, é aliado de Leite.
Esta semana, Tebet viajaria a Porto Alegre na tentativa de superar o impasse,
mas cancelou a agenda em função da morte do sogro.
O roteiro mais frequente de
viagem da senadora tem sido em seu próprio estado, o Mato Grosso do Sul, onde o
MDB indica que não vai ceder apoio ao PSDB ainda que seja para viabilizar o
acordo nacional com os tucanos. Tebet conta com o apoio dos deputados e do
diretório estadual do MDB no estado, mas o pré-candidato da sigla ao governo,
André Puccinelli, que lidera as pesquisas, procura evitar se vincular à
senadora, além de ter sido cortejado pelo PT, que quer negociar palanque para
Lula no estado.
Para completar o quadro, o
marido de Tebet, o pecuarista e deputado licenciado do MDB Eduardo Rocha, é
secretário do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no Mato Grosso do Sul e já
deu sinais.
*Agência O Globo
Domingo, 05 de junho 2022 às
13:36