Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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29 março, 2023

SEMELHANTE À REDUÇÃO DE ESTÔMAGO E SEM CIRURGIA, NOVO TRATAMENTO PARA OBESIDADE PROMETE REDUÇÃO DE PESO “DRASTICAMENTE”

 

Um estudo apresentado na quarta-feira (29/3) na reunião de primavera da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês) pode representar um dos principais avanços recentes no tratamento de obesidade. Cientistas descobriram um método de promover o emagrecimento semelhante ao de uma cirurgia bariátrica apenas com medicamentos e sem efeitos colaterais.

 

Sabe-se que pacientes que são submetidos a uma cirurgia bariátrica têm alterações, nos meses seguintes, nos níveis de secreção intestinal de certos hormônios que sinalizam à saciedade, reduzem o apetite e normalizam o açúcar no sangue, como o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e peptídeo YY (PYY).

 

Medicamentos usados hoje, imitam o GLP-1 no cérebro e no pâncreas, alguns deles, como a semaglutida e a liraglutida, ganharam fama por ajudar na perda de peso.

 

Entretanto, essas drogas costumam ter alguns efeitos colaterais desagradáveis, principalmente gastrointestinais, o que faz com que muitos pacientes desistam do tratamento ainda no primeiro ano.

 

“Dentro de um ano, 80 a 90% das pessoas que começam a usar essas drogas não as estão mais tomando”, afirma o pesquisador Robert Doyle, da Syracuse University, um dos autores do estudo.

 

Juntamente com Christian Roth, o Seattle Children’s Research Institute, a equipe de Doyle projetou tratamentos que interagissem com mais de um tipo de receptor de hormônio intestinal.

 

Eles criaram um peptídeo que ativa dois receptores para PYY, além do GLP-1. A substância foi batizada de GEP44.

 

Nos primeiros estudos em camundongos, o GEP44 fez com que os animais obesos comessem até 80% menos do que normalmente comiam.

 

Após 16 dias, eles haviam perdido 12% do seu peso, três vezes mais do que os ratos que haviam sido tratados com liraglutida. Isto deixou evidente, na avaliação dos pesquisadores, o potencial da substância para reduzir “drasticamente” o peso corporal.

 

Os autores ainda observaram que, ao contrário dos que receberam a liraglutida, os que tomaram GEP44 não apresentaram sinais de náusea ou vômito.

 

“Durante muito tempo, não pensávamos que fosse possível separar a redução de peso de náuseas e vômitos, porque eles estão ligados exatamente à mesma parte do cérebro”, comemora Doyle.

 

Eles atribuem a perda de peso dos ratos não apenas à diminuição da alimentação, mas a um maior gasto de energia, seja pelo aumento dos movimentos, da frequência cardíaca ou da temperatura corporal.

 

Ainda há muitos desafios pela frente. O GEP44 tem uma meia-vida curta, de apenas uma hora, mas o grupo já trabalhou em uma versão que dura mais tempo no organismo que poderia ser injetada uma ou duas vezes na semana.

 

Outro ponto positivo apontado é que os ratos tratados com o peptídeo experimental se mantiveram magros mesmo quando já não recebiam mais as injeções. Houve também redução dos níveis de açúcar no sangue.

 

O próximo passo é testar o GEP44, já patenteado, em primatas.

 

*R7

Quarta-feira, 29 de março 2023 às 15:45


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27 março, 2023

ADOLESCENTES QUE USAM CELULAR MAIS DE 3 HORAS AO DIA TÊM MAIS DOR NA COLUNA

 

Com a popularização de dispositivos como celular e tablet e a multiplicação de canais de vídeos, jogos e aplicativos educacionais, crianças e adolescentes têm passado cada vez mais tempo em frente de telas – e, nesses momentos, é comum adotarem posturas inadequadas, que podem causar, entre outros problemas, dores na coluna vertebral.

 

Estudo financiado pela FAPESP e publicado na revista científica Healthcare identificou diversos fatores de risco para a saúde da coluna, como o uso de telas por mais de três horas ao dia, a pouca distância entre o equipamento eletrônico e os olhos, a utilização na posição deitada de prono (de barriga para baixo) e também na posição sentada.

 

O foco do estudo foi a chamada dor no meio das costas (thoracic back pain, ou TSP). Foram avaliados 1.628 estudantes de ambos os sexos entre 14 e 18 anos de idade, matriculados no primeiro e no segundo ano do ensino médio, período diurno, na área urbana do município de Bauru (SP), que responderam a um questionário entre março e junho de 2017. Destes, 1.393 foram reavaliados em 2018.

 

A pesquisa constatou que, de todos os participantes, a prevalência de um ano foi de 38,4%, o que significa que os adolescentes relataram TSP tanto em 2017 quanto em 2018. A incidência em um ano foi de 10,1%; ou seja, não notificaram TSP em 2017, mas foram encaminhados como casos novos de TSP em 2018. As dores na coluna ocorrem mais nas meninas do que nos meninos.

 

TSP é comum em diferentes grupos etários na população mundial. Estima-se que afete de 15% a 35% dos adultos e de 13% a 35% de crianças e adolescentes. A pandemia de COVID-19 e a consequente explosão no uso de eletrônicos seguramente agravaram a incidência do problema. Fatores de risco físicos, fisiológicos, psicológicos e comportamentais ou uma combinação destes estão associados à TSP, de acordo com várias investigações. Há também fortes evidências dos efeitos da atividade física, comportamento sedentário e saúde mental na saúde da coluna vertebral. Todos esses fatores foram considerados críticos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua mais recente revisão global de evidências e diretrizes.

 

“Esse trabalho pode ser utilizado para implementar programas de educação em saúde nos diversos níveis escolares, visando capacitar estudantes, professores, funcionários e pais”, diz Alberto de Vitta, doutor em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com pós-doutorado em saúde pública pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu e um dos autores do artigo.

 

“Isso vai ao encontro de alguns objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais [PCN], segundo os quais a escola deve assumir a responsabilidade pela educação para a saúde, identificando fatores de risco à saúde pessoal e coletiva no meio em que vivem, intervindo de forma individual ou coletiva sobre os fatores desfavoráveis à saúde e promovendo a adoção de hábitos de autocuidado com respeito às possibilidades e limites do corpo”, complementa Vitta, que atualmente leciona e pesquisa no Departamento de Fisioterapia da Faculdade Eduvale de Avaré (SP) e no programa de pós-graduação em Educação, Conhecimento e Sociedade da Universidade do Vale do Sapucaí (Pouso Alegre, MG).

 

Informações sobre fatores de risco para TSP em estudantes do ensino médio são relevantes porque crianças e adolescentes com dor nas costas são mais inativos, apresentam baixo rendimento acadêmico e apresentam mais problemas psicossociais, aponta o artigo. Além disso, poucos estudos foram realizados em TSP em comparação com a dor lombar e cervical. Uma revisão sistemática de TSP identificou apenas dois estudos prospectivos sobre fatores prognósticos.

 

Além de Vitta, assinam o artigo Matias Noll, Instituto Federal Goiano e da Faculdade de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Goiás, Manuel Monfort-Pañego e Vicente Miñana-Signes, da Universidade de Valência (Espanha), e Nicoly Machado Maciel, da Universidade de São Paulo.

Por: Agência FAPESP

Segunda-feira, 27 de março 2023 às 18:07


    

22 março, 2023

CERRADO PODE PERDER ATÉ 34% DA ÁGUA ATÉ 2050

 

O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

 

Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).

 

Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.

 

A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.

 

“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.

 

Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.

 

“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.

 

Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.

 

“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.

 

Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.

*ABr

Quarta-feira, 22 de março 2023 às 12:33


    

21 março, 2023

NOVA VACINA CONTRA DENGUE APROVADA NO BRASIL REPRESENTA O FIM DE EPIDEMIA HISTÓRICA?

 

Muito provavelmente, 2023 vai ficar marcado como o ano em que saíram as piores e as melhores notícias sobre a dengue até o momento.

 

Por um lado, o Brasil registra o surto mais mortal da doença desde que os dados começaram a ser compilados. Em 2022, foram 1.017 mortes por dengue no país, um recorde histórico. E os óbitos permanecem elevados nos primeiros meses deste ano.

 

Por outro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma nova vacina contra a dengue, que pode ser usada em indivíduos de 4 a 60 anos e mostrou uma eficácia de 80,2%, além de 90,4% de proteção contra hospitalizações.

 

Mas será que o imunizante representará o ponto final dessa epidemia histórica que assola o Brasil há décadas e parece não ter fim?

 

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a vacina representa de fato uma nova fase no combate à dengue, mas o controle do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti continuará a depender de uma série de estratégias combinadas na saúde pública.

Que vacina é essa?

 

Antes de entrarmos nos detalhes do novo produto, é preciso fazer uma breve explicação: o vírus da dengue possui quatro sorotipos diferentes, conhecidos pelas siglas Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4.

 

Na prática, isso significa que uma pessoa pode ser infectada com esse patógeno até quatro vezes na vida.

 

A nova vacina, testada e produzida pela farmacêutica japonesa Takeda, é tetravalente — ou seja, resguarda contra esses quatro sorotipos.

 

Ela é feita a partir da tecnologia quimérica, em que os cientistas usam a estrutura do Denv-2 como uma espécie "esqueleto", sobre o qual são inseridas as informações genéticas das quatro versões do vírus da dengue.

 

As doses trazem esse vírus vivo atenuado, que é reconhecido pelas células de defesa e gera uma resposta imune capaz de proteger contra o patógeno de verdade.

 

O esquema vacinal contempla duas doses, que são aplicadas com um intervalo de três meses entre elas.

 

"A nossa vacina foi aprovada pela Anvisa no dia 2 de março para indivíduos de 4 a 60 anos de idade, e pode ser usada em todos, independentemente se eles tiveram algum contato prévio com o vírus da dengue ou não", resume a médica Vivian Lee, diretora executiva de Medical Affairs da Takeda no Brasil.

 

E essa questão da exposição prévia ao vírus citado pela especialista é bem relevante. Isso porque, em 2015, várias agências regulatórias do mundo (incluindo a Anvisa) aprovaram a Dengvaxia, um imunizante contra a dengue desenvolvido pela farmacêutica Sanofi.

 

Acontece que, após algum tempo de uso, descobriu-se que esse imunizante poderia aumentar o risco de dengue grave em indivíduos que não haviam sido afetados por esse patógeno antes da vacinação.

 

Com isso, essas doses passaram a ser indicadas apenas para aquelas pessoas com histórico de dengue — assim, elas estariam mais protegidas caso fossem picadas pelo Aedes aegypti uma segunda, terceira ou quarta vez.

 

Mas, na prática, todas essas barreiras dificultaram o uso da Dengvaxia na saúde pública. Afinal, antes de aplicar o produto, é necessário fazer um exame de sangue para comprovar se o sujeito tem anticorpos contra algum sorotipo da dengue.

 

"Essa vacina aprovada anteriormente tem muitas limitações. Além da necessidade de um teste prévio, ela precisa de três doses, com um intervalo de seis meses, para oferecer proteção. Diante de tudo isso, nunca houve uma perspectiva de uso dela na saúde pública", avalia o médico Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

*BBCNEWS

Terça-feira, 21de março 2023 às 15:52