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“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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16 outubro, 2018

Eventual governo Bolsonaro não será de maioria de militares, diz presidente do PSL


Um dos principais aliados do candidato Jair Bolsonaro (PSL), o presidente em exercício do partido, Gustavo Bebianno, afirma que um eventual governo do capitão reformado não será formado por maioria de militares.

“Isso nunca foi cogitado”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo, enquanto acompanhava gravações e edições do programa de televisão do candidato.

Bebianno, 54, se apresenta como um liberal e diz que não haverá espaço para diálogo com partidos de esquerda, como PT, PSOL e PC do B, por eles representarem a “mentalidade mais atrasada da face da Terra”.

Advogado, ele admite a possibilidade de assumir o Ministério da Justiça, mas afirma não ter sido convidado pelo presidenciável, de quem se tornou amigo próximo. Ele diz que mulheres podem ocupar uma ou duas pastas em um governo Bolsonaro, mas afirma que elas não serão escolhidas por questões de gênero, e sim de competência.

Para Bebianno, Bolsonaro aprovou apenas dois projetos de sua autoria como deputado federal por estar sozinho, isolado, mas diz que isso mudará se ele ganhar a Presidência.

Pergunta – Bolsonaro já confirmou três nomes em ministérios, caso vença. Outros nomes devem ser divulgados antes do segundo turno?

Bebianno – Talvez, há bons nomes aí que estão sendo cogitados para a área de saúde, por exemplo. Pode ser que ele anuncie antes. Num dado momento nós pensamos em anunciar logo praticamente a maioria dos nomes, depois, num outro instante, achamos melhor deixar um pouco mais para frente até para não gerar um desgaste muito antecipado em cima dessas pessoas, especulações.

Em Brasília há um grupo de generais que dá suporte à campanha e ajuda a construir o plano de governo. Qual o papel que militares vão ter num eventual governo Bolsonaro?

Bebianno – Tenho certeza que a escolha dos ministérios não terá como critério esse fato: é militar, não é militar. Eu acho que os militares entendem, por exemplo, muito de infraestrutura. Os militares, por sua natureza, por sua formação, têm três, quatro, cinco cenários diferentes para cada assunto.

Acredito que desse núcleo de estudos, por exemplo, o general [Oswaldo] Ferreira, conhece a fundo as mazelas do Brasil e as suas necessidades para infraestrutura. Então, talvez, desse núcleo militar venha um núcleo para a infraestrutura. Essa decisão competirá ao Jair no momento oportuno. Mas não será, com certeza, um governo composto por sua maioria por militares. Isso nunca foi cogitado.

O governo Temer foi criticado por não ter nenhuma mulher inicialmente em seus ministérios. Existe alguma mulher cotada para alguma pasta?

Bebianno – Temos dois nomes muito fortes e conhecidos que talvez venham a participar dessa composição ministerial. Mas a escolha delas, se porventura acontecer, não será porque elas são mulheres, será por competência.

O nome do sr. é cotado para Justiça. Como vê isso?

Bebianno – Há um zumzumzum, já li alguma coisa. Não foi feito nenhum convite formal, eu nunca pedi absolutamente nada, entrei nisso como voluntário, obviamente você ser lembrado para alguma coisa é sempre positivo, quem não gosta? Mas não há nenhum acerto em relação a isso não.

Sendo convidado, aceitaria?

Bebianno – Acho que sim, é um desafio muito grande. Acho que eu teria sim como contribuir para o meu país. Mas melhor do que ninguém o Jair vai saber onde eu deverei atuar.

A candidatura de Bolsonaro se firma contra o PT e contra a corrupção. Como seria governar com apoio eventual de pessoas que já foram acusadas em escândalos?

Bebianno – Me dá um exemplo.

Nomes do PP, do PSDB, do DEM, pessoas que já se manifestaram a favor.

Bebianno – No momento há que se dividir eleição de momento de governo, agora existe muita gente que se chegou para o nosso lado porque identificou no Jair a maior liderança política da atualidade.

Um homem sozinho, sem dinheiro, com partido pequeno, sem acertos com outros partidos, sem apoio de empresários, sem nada.

Ele sozinho fez 52 deputados federais. Obviamente depois para governar você precisa aprovar as medidas. Mas você não verá o tipo de negociação que você estabeleceu nos últimos anos. O que vai haver são pautas temáticas, pautas regionais. Então será um tipo diferente, será uma negociação saudável em benefício do país, e não aquele toma lá dá cá.

Já anunciado para Casa Civil, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) admitiu que recebeu caixa 2. Isso não causa desconforto para a campanha?

Bebianno – Acompanhei superficialmente na época, eu me lembro de ele ter vindo a público e se manifestado de maneira frontal, assumiu o erro, pagou o preço por seu erro, e o deputado me parece uma pessoa muito correta. Teve uma postura muito correta nessa oportunidade. Um erro muito pequeno em comparação ao todo de seus pares e temos plena confiança nele.
O PSL elegeu uma bancada expressiva, mas o PT ainda tem a maior. Bolsonaro tem falado que o objetivo dele é unir o país. Como vai ser a governabilidade e de que forma essa união engloba o PT e a esquerda? Tem espaço para diálogo?

Bebianno – Não, com o PT não. PT, PC do B, PSOL, não há diálogo e não por intransigência nossa. Não há diálogo pelo histórico desses partidos. São partidos que nunca pensaram no país. Eles pensam no partido, é isso que nos divide. Eles pensam no partido, eles pensam no poder, eles pensam que toda corrupção cometida por eles é justificável.

Entendemos que essa esquerda representa a mentalidade mais atrasada da face da Terra. É o esquerdismo bolivariano. É uma mentalidade que gera pobreza, que gera desigualdade, que gera violência e que tem o poder de aniquilar com qualquer sociedade organizada. Por isso com eles não haverá qualquer conversa.

Vocês pensam em compor as presidências da Câmara ou do Senado?

Bebianno – Isso será discutido a partir do dia 29. De um modo geral, entendemos que a Câmara deve ter sua autonomia, o Congresso deve ter sua autonomia. O Poder Executivo é um, o Legislativo é outro, e uma tentativa de influenciar o Legislativo nós vemos, a princípio, com maus olhos.

Agora, evidentemente, tendo a segunda maior bancada, o PSL terá um peso nessa escolha, mas qualquer negociação do tipo só a partir do dia 29.

Bolsonaro fala muito em posse de armas e retaguarda jurídica para policiais na área de segurança. Mas os problemas do país são maiores do que esses pontos. Quais outras propostas?

Bebianno – Em primeiro lugar, quando o Jair defende a posse de armas, ninguém imagina que a solução para situação de segurança pública se resolva por aí. O que o Jair está defendendo é o direito à legítima defesa. O Estado não é capaz de garantir a minha vida, a sua vida, a vida dele. Ora, se o Estado não é capaz de defender a minha vida, será que eu não tenho o direito de me defender em caso de agressão atual e iminente?

Se alguém me convencer de que eu posso defender a minha vida sem uma arma de fogo, eu vou acatar, mas ninguém me prova isso. A segurança pública, antes de mais nada, é mais ou menos como um sistema financeiro. O sistema financeiro funciona de credibilidade. Se todo mundo correr pro banco para fazer um saque simultaneamente, acabou, quebra o sistema financeiro porque não tem dinheiro para entregar para os correntistas todos ao mesmo tempo.

À medida em que a população olha para a polícia e enxerga a polícia com respeito e tem credibilidade, só aí você inibiu 80% do problema. Quem ousar enfrentar a polícia ou cometer um crime e ter a certeza de que se cometer um crime e for apanhado vai pagar pelo crime, você diminui 70%, 80%. É aquilo que o Jair fala: o homem só respeita aquilo que teme. E é verdade.

O que vai dar mais credibilidade para as polícias? A polícia reclama de falta de recursos, por exemplo.

Bebianno – Milagre ninguém consegue fazer sem recursos. O pagador de impostos está aqui embaixo na base da pirâmide, ele paga os seus impostos, esse dinheiro vai para um duto cheio de vazamentos até Brasília, chega a Brasília ele cai numa máquina burocrata e corrupta, e esse dinheiro também cai ali em diversos vazamentos.

Depois de muito tempo, superadas as burocracias, o dinheiro volta por outro duto também repleto de vazamentos e chega aqui embaixo. Nesse ciclo, o dinheiro vai embora. O tempo perdido é burocracia e corrupção, o dinheiro ele tem que ficar onde está o pagador de impostos. O outro lado é a questão moral. Um presidente da República forte, gostemos ou não, o Brasil vem sendo governado por homens frouxos, fracos e corruptos. Jair Bolsonaro é um homem forte e honesto. Você governa pelo exemplo.

Medidas para mudar a estrutura de impostos dependem do Congresso, não são rápidas e outros governos não conseguiram. Por que agora dá?

Bebianno – O tempo é difícil prever, mas temos a convicção de que vamos conseguir. Porque o Brasil não aguenta mais. As águas correm para o mar. O Executivo é muito forte, o Jair é uma pessoa que tem 28 anos de Câmara. Ele sabe como funciona aquilo ali, os porões, sabe como conversar, como conduzir. Ele é um animal político, de muita inteligência e sabedoria.

Mas o histórico dele, de ter aprovado apenas 2 de mais de seus 170 projetos não causa desconfiança?

Bebianno – Porque são momentos completamente diferentes. Como deputado ele não fez parte do alto comando de nenhum dos partidos, ele era baixíssimo clero ali, nunca se rendeu a fazer acordos espúrios, por isso era deixado de lado.

Como tudo no Brasil, o funcionamento da Câmara tem suas peculiaridades. Um parlamentar ali para aprovar projetos precisa ter uma série de relações, de conchavos, e ele não tinha isso. Então realmente era mais complicado para ele. Ele atuou muito mais como zagueiro, como defensor, do que como atacante.

Ele evitou que vários projetos extremamente nocivos ao país fossem aprovados. Amanhã, como presidente da República, com a força política e o apoio popular maciço que tem, isso gera para ele uma outra base, uma outra possibilidade de negociação. Ele passa a ter o poder nas mãos dele, coisa que ele não tinha antes.

Bolsonaro já falou em aumentar o número de ministros do STF, depois voltou atrás. Isso está no plano?

Bebianno – Primeiro, isso teria que passar pelo Congresso. Não seria fruto do desejo de um presidente da República. Em segundo lugar, ele fez isso num momento, num comentário, em que se discutia a atuação do Poder Judiciário. Muita gente entende que um mesmo partido político ter indicado 8 de 11 ministros provocaria um certo desequilíbrio.

Eu particularmente não vejo dessa forma até porque o Supremo condenou o presidente Lula. Quando o presidente Lula diz que foi um julgamento político e tal, julgamento político como? Se ele escolhe a grande maioria dos ministros que o julgou? Ele [Bolsonaro] pensou alto, nunca houve um estudo [de aumentar número de ministros], nunca houve realmente de essa hipótese ter sido levada a sério, nunca aconteceu.

O sr. já disse que não gosta de política e que não entende do tema. Por que decidiu entrar para o meio?

Bebianno – Apesar de não gostar de política, não ter nenhuma experiência, eu obviamente tenho noção da importância da política. Geralmente aqueles que não gostam da política deixam a política para outros fazerem e muitas vezes, por conta disso, os maus tomam conta do espaço e a gente fica reclamando para as paredes. (Folhapress)


Terça-feira, 16 de outubro, 2018 ás 18:00

15 outubro, 2018

Estimativa de inflação sobe pela quinta vez e vai para 4,43% este ano


A estimativa de instituições financeiras para a inflação este ano subiu pela quinta vez seguida. De acordo com pesquisa do Banco Central (BC), divulgada hoje (15), em Brasília, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 4,43%. Na semana passada, a projeção estava em 4,40%.

Para 2019, a projeção da inflação foi ajustada de 4,20% para 4,21%. Para 2020, a estimativa segue em 4% e, para 2021, passou de 3,95% para 3,92%.

A projeção do mercado financeiro ficou mais próxima do centro da meta deste ano, que é 4,5%. Essa meta tem limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25%, com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.

Já para 2020, a meta é 4% e, para 2021, 3,75%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para os dois anos (2,5% a 5,5% e 2,25% a 5,25%, respectivamente).

Taxa básica

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,5% ao ano.
De acordo com o mercado financeiro, a Selic deve permanecer em 6,5% ao ano até o fim de 2018.

Para 2019, a expectativa é de aumento da taxa básica, terminando o período em 8% ao ano. Para o fim de 2020, a projeção permanece em 8,38% ao ano e em 8% ao ano no final de 2021.

Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação.

A manutenção da taxa básica de juros, como prevê o mercado financeiro este ano, indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.

Crescimento econômico

As instituições financeiras mantiveram a estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, em 1,34% este ano e mantiveram a estimativa em 2,5% nos próximos três anos. (ABr)


Segunda-feira 15 de outubro, 2018 ás 11:00

14 outubro, 2018

Migraram para Bolsonaro 412 cidades que votavam há três anos no PT em 1º turno


Jair Bolsonaro (PSL) impôs a Fernando Haddad (PT) uma derrota no primeiro turno em 412 cidades consideradas redutos petistas pelo país. Nesses locais, o capitão reformado reverteu a tradição de vitória do PT, vista nas três últimas eleições presidenciais.

Em todas as cidades analisadas, Bolsonaro obteve ao menos 34% dos votos válidos. A força eleitoral do candidato do PSL e o avanço do antipetismo o fizeram alcançar mais de 50% dos votos válidos em 138 desses municípios. Os dados são de um levantamento da Folha de S.Paulo.

Houve locais em que Bolsonaro venceu por muito pouco. A menor diferença foi vista em Romelândia (SC), onde o PSL teve 40,98% dos votos contra 40,95% do PT. Na outra ponta, em Saquarema (RJ), a virada de perfil foi mais radical: 68,46% para Bolsonaro e 11,7% para Haddad.

Entre as cidades que abandonaram o costume de eleger o PT, estão seis capitais, a maioria no Norte – Manaus, Belém, Natal, João Pessoa, Porto Velho e Macapá.

Na avaliação do cientista político Edir Veiga, da Universidade Federal do Pará, o voto nas capitais do Norte do país, assim como em outros grandes centros urbanos, representou uma rejeição à política tradicional após sucessivos escândalos de corrupção.

“Capitais que notoriamente votavam na esquerda para presidente abandonaram a classe política tradicional e deram um voto de protesto para Bolsonaro. No interior, onde se depende do Bolsa Família e do seguro defeso, se tem saudades das políticas públicas do Lula. Nas capitais isso não ocorre”, afirma.

Na região, a campanha de Bolsonaro terá reforço ao menos no Amazonas e em Rondônia, onde o capitão reformado terá palanques duplos, sendo apoiado pelos dois candidatos a governador no segundo turno.

Fenômeno em Minas

Em Minas Gerais, estado com 853 municípios, Bolsonaro interrompeu a sequência de vitórias petistas no primeiro turno em 141 cidades. Embora não tenha vencido na capital, Belo Horizonte, ele conquistou cidades de destaque em diversas regiões, como Uberlândia (Triângulo), Ipatinga (Vale do Aço), Montes Claros (Norte), Juiz de Fora (Zona da Mata), Teófilo Otoni (Mucuri), Betim e Ribeirão das Neves (Região Metropolitana).

Em Juiz de Fora, cidade palco do atentado a faca contra Bolsonaro, o capitão reformado quebrou uma tradição de vitórias petistas em eleições nacionais que vinha desde 1998. Em 2002, foram 83% de votos para Lula contra José Serra (PSDB).

Ao mesmo tempo em que a cidade mantém um perfil universitário, com movimento estudantil e comunidade LGBT organizados, também tem a presença de um contingente militar expressivo, com dois batalhões do Exército e três da Polícia Militar.

Segundo Carlos Ranulfo, cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais, a vitória de Bolsonaro em grandes cidades mineiras não é um fenômeno específico do estado, ao contrário, faz parte de uma tendência nacional.

Ranulfo vê dificuldade para Haddad entre cidades maiores e entre a classe média. Por isso, perdeu em Montes Claros, por exemplo, que apesar de estar no norte mineiro, onde o petismo é expressivo, é uma das mais populosas de Minas.

“Minas reflete o que aconteceu no Brasil. Os únicos lugares em que o PT venceu foram em algumas regiões mais pobres do Norte, que são basicamente muito parecidas com o Nordeste. No Sul e Triângulo, o PT venceu quando estava na maré a montante, ganhando em todo lugar”, disse.

Ranulfo lembra que o recuo do PT em Minas estava anunciado desde 2016, quando passou de 114 prefeituras para 37. Bolsonaro, por sua vez, pode ter sido impulsionado por candidatos a deputado e senador que, mesmo em outros partidos, aderiram a ele.

Políticos da chapa de Antonio Anastasia, candidato a governador do PSDB, passaram a pedir votos a Bolsonaro ainda no primeiro turno. O tucano não declarou apoio, mas se disse contrário ao PT no segundo turno. Já seu adversário Romeu Zema (Novo) foi mais explícito e dará palanque ao capitão reformado. Surpresa da eleição, o empresário terminou em primeiro no domingo (7) pegando carona no PSL.
Reduto de Bolsonaro

No Rio, 45 municípios antes petistas deram vitória a Bolsonaro. Boa parte está na Baixada Fluminense, a região mais violenta do estado, e nas regiões metropolitana e norte fluminense, onde estão cidades petroleiras que prosperaram nos tempos de bonança do setor.

São regiões que, se por um lado se beneficiaram com os investimentos de governos petistas, foram também das que mais sentiram os efeitos da sua derrocada.

Na Baixada, o legado petista da criação de institutos federais em Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo e Magé não foi suficiente para impedir a “onda Bolsonaro”. Haddad chegou a dizer, em campanha na região, que Bolsonaro não havia feito, durante sua vida parlamentar, nem 10% do que ele fizera pelo Rio como ministro da Educação de Lula (PT).

Em Nova Iguaçu, município que já foi administrado por Lindbergh Farias (PT) por dois mandatos, Bolsonaro recebeu 65% dos votos válidos.

Segundo o sociólogo, professor Universidade Federal Rural do Rio e estudioso da Baixada, José Cláudio Souza Alves, de fato os governos petistas levaram à região investimentos inéditos em educação e programas sociais.

Essas intervenções, contudo, não teriam sido, na avaliação do professor, profundas a ponto de mudar a realidade histórica da política local, marcada pelo clientelismo e fisiologismo e dominada por grupos de extermínio e milicianos que utilizam sua força para eleger vereadores locais. As igrejas evangélicas completam o grupo que dá as cartas na política da região.

“Digamos que a Baixada não foi como no Nordeste, em que o PT se estabeleceu desbancando vários líderes históricos locais, como na Bahia, e ali criou uma base fiel de eleitores”, disse.

Nesta eleição, os grupos tradicionais da política local, aliados do PT e do governo do MDB do Rio na última década, migraram para Bolsonaro, cujo discurso antipetista lhes caiu como uma luva.

Primeiro porque, ao responsabilizar unicamente o PT pelo fracasso do país, retira os políticos tradicionais locais do rol de responsáveis pelas más condições das cidades e segundo porque as ideias de Bolsonaro convergem com seus interesses.

As duas principais correntes evangélicas da Baixada, Assembleia de Deus, cujo braço político é o PSC, e a Igreja Universal, que detém a TV Record, declararam apoio a Bolsonaro e ajudaram a turbinar sua votação em cidades como Duque de Caxias que chegam a ter 40% de sua população formada por cristãos.

Já os grupos milicianos e de extermínio, formados basicamente por policiais e ex-policiais, se aproximam das propostas de Bolsonaro na segurança. “Se a lei que exclui o policial de responder a crime por atos durante o serviço existisse antes, os grupos de extermínio não precisariam usar máscaras para cobrir o rosto em suas ações”, diz Alves.

No estado, Bolsonaro tenta emplacar o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC) no governo. O político que ultrapassou os votos de Eduardo Paes no primeiro turno, foi muito bem votado entre os policiais, por exemplo.

Todo esse cenário se somou ao fato de que a população da Baixada já guardava certa mágoa com o PT por conta de promessas eleitorais não cumpridas durante a parceria de mais de uma década com os governos do MDB no Rio.

O Arco Metropolitano, via expressa que liga os principais municípios da Baixada, feita com recursos federais e estaduais e inaugurada, com atraso, um mês antes da campanha de 2014, é hoje exemplo do que se tornou o estado do Rio: mal-acabada, sem iluminação e insegura, é palco de assaltos diários.

As cidades de São Gonçalo e Itaboraí, na região Metropolitana, e Campos dos Goytacazes, região norte fluminense, deram votos em Bolsonaro na esteira do fracasso da política energética no país e da paralisação da Petrobras com a Lava Jato.

(Folhapress)


Domingo, 14 de outubro, 2018 ás 20:00

Após sugerir voto impresso, Bolsonaro quer nova urna ‘aditável’


Defensor da volta do voto impresso, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) afirmou sábado (13/10) que vai propor uma nova urna eletrônica.

A declaração foi feita ao final de uma sessão de gravações para o programa de TV, na zona sul do Rio de Janeiro.
Bolsonaro disse que defende uma forma de votação confiável para 2020.

Sem apresentar evidências de fraude, ele vem questionando ao longo da campanha a confiabilidade da urna eletrônica.

Neste sábado, ele primeiro disse que proporia a criação do voto impresso em combinação com o atual modelo eletrônico.

“É uma forma tranquila de votar, você aproveita a urna eletrônica, mas você tem rapidamente como provar com o voto de papel do lado o resultado das eleições”, afirmou.

O voto impresso foi aprovado pelo Congresso em 2015, mas foi barrado depois por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Questionado sobre se sua proposta não enfrentaria problemas como Judiciário, que rejeitou a medida, ele então propôs “uma nova urna”.

“Você vai mudar a forma, nós podemos mudar tudo, até a Constituição”, afirmou, sem explicar como isso impactaria na adoção do voto impresso.

“O Supremo decidiu que o voto impresso não cabe, tudo bem. Agora, uma nova urna eletrônica mesmo, mas com o poder de ser auferida isso nós vamos propor sim”, propôs. 

(FolhaPress)


Domingo, 14 de outubro, 2018 ás 17:00

13 outubro, 2018

Bolsonaro diz que Haddad foi ‘moleque’ ao falar em perseguição no trânsito


O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, disse que é “coisa de moleque” a afirmação feita por Fernando Haddad (PT) sobre ter sido perseguido por um simpatizante do capitão reformado.

“Poxa, isso é coisa de moleque, de criança. Nem dá para responder que eleitores meus fecharam ele. Coisa de criança, de moleque, de gente que não tem o que fazer”, afirmou Bolsonaro.

Haddad disse ter sido vítima de perseguição no trânsito, em Brasília, na quinta-feira (11/10), quando participava de evento organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Segundo o petista, o eleitor de Bolsonaro que colocou sua comitiva em risco “está sob supervisão da Polícia Federal em função dos gestos de violência”.

“O Brasil tem que estar nas mãos de homens e mulheres com responsabilidade, sem mimimi. Condeno qualquer ataque de quem quer que seja por questão política ou outra qualquer”, afirmou Bolsonaro enquanto fazia gravações para um programa de TV.

Ele voltou ainda a culpar o PT por problemas de segurança pública, em resposta às acusações de seus adversários de que ele estimula a violência.

“Foram 13 anos de PT. A violência cresceu assustadoramente no Brasil. Eu pergunto: eles investigaram o caso Celso Daniel?”, questionou Bolsonaro.

Debates sem interferência

Bolsonaro disse que pode ir a debates se tiver garantias de que não haverá interferência de terceiros sobre Fernando Haddad (PT), seu adversário no segundo turno.

“Se for um debate, eu e ele, sem interferência externa, eu to pronto para comparecer”, afirmou, sem explicar a quem se referia ao falar em interferência externa.

Desde que sofreu uma facada, no início de setembro, ele não participou mais dos debates e foi criticado por seus adversários. Bolsonaro aguarda liberação médica para fazer atos de campanha e deve passar por nova avaliação na quinta-feira (18).

Esta semana ele havia indicado que não iria aos programas mesmo se fosse liberado. “Se for eu e ele estou pronto para debater sim. Eu não quero ir a debate se houver a participação de terceiros. Quem está disputando a eleição sou ele e eu”, disse o candidato do PSL. (FolhaPress)


Sábado, 13 de outubro, 2018 ás 18:00

12 outubro, 2018

Datafolha desmente simulações que o próprio instituto e o Ibope fizeram para 2º turno

Pesquisas divulgadas durante todo o primeiro turno previam, em simulações de segundo turno, que qualquer adversário derrotaria Jair Bolsonaro (PSL). A única exceção era a fraquíssima Marina Silva. Ibope e Datafolha de 4 de outubro apostavam que Haddad (PT) empataria com Bolsonaro (“42% cada”). Mas já na primeira pesquisa após o primeiro turno, o próprio Datafolha se desmentiu: 58% a 42%.

Os institutos de pesquisa foram os grandes derrotados no primeiro turno das eleições. Erraram feio, passaram vexame, e silenciaram.

A disputa pelos governos estaduais do Rio de Janeiro e Minas Gerais expôs os erros ou a incapacidade dos institutos de acertar resultados.

No 1º turno, o candidato “que qualquer um derrotaria”, Jair Bolsonaro, somou mais de 46%, equivalentes a quase 50 milhões de votos.

Os pesquiseiros previam que Ciro Gomes venceria Bolsonaro por 45% a 39%, em eventual 2º turno. Ele teve raquíticos 12,47% dos votos. (DP)


Sexta-feira, 12 de outubro, 2018 ás 18:00

11 outubro, 2018

Horário eleitoral gratuito para o segundo turno começa nesta sexta-feira


Começa sexta-feira (12/10) a propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na televisão, para o segundo turno das eleições 2018.

As propagandas serão veiculadas de segunda a sábado em dois blocos diários de dez minutos em emissoras de rádio, incluindo as comunitárias, de televisão que operam VHF e UHF e em canais por assinatura operados pelo Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara Legislativa do Distrito Federal e as Câmaras Municipais.

No rádio, o horário de propaganda terá início às 7h e às 12h; na televisão, o primeiro bloco do horário eleitoral tem início às 13h e o segundo bloco às 20h30. O tempo será divido de forma igualitária entre os candidatos (cinco minutos para cada). As emissoras e canais também devem reservar 25 minutos diários, de segunda-feira a domingo, para inserções dos candidatos à presidência.

Nos locais onde há segundo turno para governador, a propaganda para o candidato local começará depois do horário reservado à propaganda dos candidatos à presidência. A ordem de apresentação foi definida em alguns estados por sorteio.

De acordo com a legislação eleitoral, as emissoras devem reservar o horário destinado à divulgação eleitoral da primeira sexta-feira depois do primeiro turno até o dia 26 de outubro, antevéspera do segundo turno, que será realizado no dia 28.

O dia 26 de outubro também é o prazo final para a realização de debate e divulgação de propaganda eleitoral paga na imprensa escrita. (ABr)


Quinta-feira, 11 de outubro, 2018 ás 18:00

PF frustra planos de facção que pretendia explodir presídios federais


A Polícia Federal, em conjunto com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), deflagrou quinta-feira (11/10) as operações Pé de Borracha e Morada do Sol, contra uma facção criminosa que atuava dentro da Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, que tinha como objetivo atacar, com explosivos, unidades do Sistema Prisional Federal e em especial do Depen.

Os criminosos também pretendiam sequestrar, torturar e assassinar agentes públicos para pressionar o governo federal e o Supremo Tribunal Federal a fim de “restabelecer as chamadas visitas íntimas no âmbito da penitenciária federal, suspensas desde julho do ano de 2017”.

Segundo a PF, a análise de bilhetes trocados pelos principais líderes da facção criminosa, que mesmo cumprindo pena em unidade de segurança máxima, conseguiam enviar e receber informações criminosos, apesar do esquema de monitoramento durante as visitas sociais, resultou nas duas operações que frustraram os planos da facção criminosa.

“Os repasses de bilhetes se davam através de celas vizinhas por meio de ‘terezas’, pequenas cordas criadas a partir de fios retirados de roupas. Neles continham inúmeras ordens criminosas redigidos de próprio punho pelos principais líderes da facção, para serem colocadas em prática por comparsas em diversos pontos do território nacional”, diz a PF. Os bilhetes foram apreendidos pelos agentes de execução penal do Depen. O órgão então acionou a PF.

As investigações identificaram ainda que a facção criminosa já tinha feito, inclusive, o levantamento da rotina de vários servidores públicos, fora do ambiente de trabalho, para serem “sequestrados e/ou assassinados” em seus dias de folga.

Os policiais estão sendo cumprido três mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, três deles em celas da Penitenciária Federal de Porto Velho e um em imóvel da capital de Rondônia. A justiça determinou também medidas cautelares, como a proibição de visitas íntimas e a inclusão em regime disciplinar diferenciado. (ABr)


Quinta-feira, 11 de outubro, 2018 ás 12:00

10 outubro, 2018

Polícia Federal deflagra ações em SP, PR e SE por crimes eleitorais


A Polícia Federal deflagrou quarta-feira (10/10) três ações simultâneas para investigar e coibir crimes relacionados às eleições de 2018. De acordo com os policiais, são cumpridos um mandado de busca e apreensão no Paraná e a lavratura de dois Termos Circunstanciados de Ocorrência em São Paulo e Sergipe.

Em nota, a polícia informou que as ações fazem parte das atividades desenvolvidas pelo Centro Integrado de Comando e Controle Eleitoral (CICCE/2018) em Brasília e pretendem aprofundar as investigações sobre vídeos que circularam recentemente nas redes sociais.
As apurações, de acordo com a polícia, são consequência do acompanhamento para identificar e afastar possíveis ameaças ao processo eleitoral de 2018.

Os investigados poderão responder, no caso do estado do Paraná, pelos crimes de violação de sigilo do voto e porte ilegal de arma.

Já os investigados em Sergipe e São Paulo deverão responder por incitação de crime contra candidatos. (ABr)


Terça-feira, 09 de outubro, 2018 ás 08:00

09 outubro, 2018

Bolsonaro desautoriza general Mourão e garante: ‘serei escravo da Constituição

O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, afirmou na noite de segunda-feira (08/10) ao “Jornal Nacional” que será “escravo da Constituição”, caso vença a disputa, e desautorizou o general Hamilton Mourão, descartando uma “constituinte de notáveis”, como sugeriu seu vice, e que jamais cogitou um suposto “autogolpe” em caso de anarquia.

Bolsonaro declarou que Mourão foi infeliz nessas declarações, ‘e mostrou quem manda:

– Ele é general, eu sou capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe.

O candidato vitorioso no primeiro turno, com quase 50 milhões de votos, também deixou claro que se a ideia fosse dar golpe, não teria por que disputar eleições:
– Estamos disputando as eleições porque nós acreditamos no voto popular, e seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. E nos auxiliará sim o general Augusto Mourão… Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice.

Durante a entrevista, Bolsonaro disse que a nomeação de Hamilton Mourão para a chapa se deveu à necessidade de se demonstrar “autoridade”, mas “sem autoritarismo”.

O candidato do PSL afirmou ainda que falta “tato” a Mourão, porque o colega de chapa não é do meio político, e sim do meio militar.

“O que falta ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política. E ele rapidamente se adequará à realidade brasileira e à função tão importante que é a dele. […] Nesses dois momentos ele foi infeliz, deu uma canelada. Mas repito: o presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido”, reiterou Bolsonaro. (DP)


Terça-feira, 09 de outubro, 2018 ás 00:05

07 outubro, 2018

Bolsonaro lidera em quatro das cinco regiões, com viés de alta no Nordeste


O presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, lidera as preferências de voto em quatro das cinco regiões do Brasil, revela pesquisa Datafolha. No Nordeste, único lugar onde não está em primeiro, o militar tem viés de alta.

Reduto eleitoral do PT, o Nordeste é a única região onde Fernando Haddad (PT) lidera, com 36% das preferências de voto. Ainda assim, ele oscilou um ponto para baixo em relação a pesquisa feita entre os dias 3 e 4 deste mês.

Bolsonaro tem 22% na região. Ele oscilou dois pontos para cima, na comparação com último levantamento do Datafolha. No início de setembro, porém, ele tinha apenas 14% na região -de lá para cá, ganhou oito pontos percentuais.

Em terceiro lugar no Nordeste, Ciro Gomes tem 19% das preferências na região. Ele cresceu três pontos na região.

A melhor performance de Bolsonaro é no Centro Oeste, onde ele tem 49% das preferências de voto. No Sul, ele tem 44%; no Sudeste, 40%; no Norte, 35%. Já Haddad tem 26% no Norte; 14% no Centro Oeste; 17% no Sul; e 16% no Sudeste.

Bolsonaro tem performance idêntica em regiões metropolitanas e no interior: 36%, na pesquisa estimulada. Já Haddad se sai melhor no interior, onde tem 24% das preferências, do que nas regiões metropolitanas, em que registra 19%.

Na pesquisa Datafolha, Bolsonaro tem 40% das intenções de votos válidos (conta que exclui brancos, nulos e indecisos) e Haddad 25%. Em terceiro Lugar, Ciro está com 15%.
A margem de erro da pesquisa Datafolha é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. E o nível de confiança, que é a chance de o resultado retratar a realidade, é de 95%.

A pesquisa foi contratada pela Folha de S.Paulo e TV Globo e está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-01584/2018.


Domingo, 07 de outubro, 2018 ás 00:05

06 outubro, 2018

Os fiéis de Bolsonaro


Organização e estridência nas redes sociais, fidelidade quase canina e indiferença às polêmicas compõem o mosaico de características marcantes de quem vota no candidato do PSL à Presidência, indiscutivelmente o mais abnegado eleitor

Se é possível tachar alguém de fiel na atual corrida eleitoral, estes são os eleitores de Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência. A despeito dos sucessivos petardos lançados contra o aspirante ao Planalto, desde o início da campanha eleitoral, seu rebanho permaneceu intacto, como se imbuído de uma fé inabalável. A ele foi incorporado outro grupo – e isso ajuda a explicar a ascensão de Bolsonaro na reta final da eleição: o time cada vez mais robusto dos antipetistas. O jornalista maranhense Linhares Júnior e a microempresária de Brasília Cris Cavalli estão entre os que resolveram surfar nessa onda. Integram os cerca de 30% da população que, conforme mostram as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha, optaram por votar no domingo 7 no candidato do PSL. Ouvidos por ISTOÉ, eles convergem numa avaliação que parece ter sido determinante para a escolha. Eles conhecem as declarações polêmicas do candidato do PSL. Sabem dos pendores antidemocráticos manifestados pelo vice, general Hamilton Mourão, mas aceitam a empreitada, diante do que enxergam de certeza na outra opção. “Bolsonaro pode ser e pode não ser. Já o PT não tem condicional. Será péssimo”, afirma Linhares. “O PT ficou rico e roubou as economias brasileiras”, completa Cris Cavalli.

A curva ascendente de Bolsonaro parecia uma miragem na semana que despontava com os ecos das ruidosas manifestações do sábado 29, quando milhares de mulheres saíram às ruas em passeatas cujo slogan era “Ele não!”. Contribuíam para o cenário aparentemente desfavorável o desconforto das declarações de Mourão, pregando o fim do 13º salário, e o polêmico processo de divórcio de sua ex-mulher Ana Cristina. Na cúpula do PT e mesmo em outros partidos, vicejava a avaliação de que a candidatura Bolsonaro sofreria abalos e que Haddad poderia mesmo ultrapassá-lo na reta final do primeiro turno. Deu-se o oposto. Embalado pelas não menos estrepitosas passeatas do “Ele sim”, de domingo 30, o candidato do PSL que perdia em todos os cenários de segundo turno passou a aparecer competitivo e até vitorioso num deles. Mais do que isso. Bolsonaro ganhou musculatura eleitoral, ultrapassou Haddad entre as mulheres e uma vitória no primeiro turno passou a freqüentar o terreno do possível, embora ainda não provável. “Bolsonaro virou a encarnação do antipetismo”, resume o cientista político, professor da Universidade de Brasília (UnB), David Fleischer. “A personificação de uma proposta de mudança do modelo tradicional de fazer política, mesmo sendo deputado há cinco mandatos. Os eleitores entendem que o PT alinhou-se a esse modelo, marcado pela corrupção, pelos conchavos, e não querem mais isso. Como enxergavam nos demais candidatos mais competitivos também esse tipo de posicionamento, foram para Bolsonaro”. O cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa, reforça: “Há entre os eleitores de Bolsonaro a impressão de que PT e PSDB se tornaram todos iguais. E eles se unem contra o que consideram as mazelas da política”.

Diretora do Ibope não descarta a possibilidade de a eleição
ser decidida neste domingo em favor de Jair Bolsonaro,
em franca ascensão na reta final da campanha

Não à toa, os ataques contra Bolsonaro não surtiram o efeito acalentado pelos seus adversários. Ao contrário, pareceram reforçar o sentimento antipetista traduzido pelo candidato do PSL. Para André Pereira César, os movimentos ocorridos desde o sábado 28 atingiram efeito inverso por algumas razões. Primeiro, colocaram Bolsonaro no centro do debate, quando até então, desde a sua prisão, esse protagonista era o ex-presidente Lula. “É o famoso falem mal, mas falem de mim”, resume. Se Lula vitimizava-se, preso em Curitiba, sem uma participação presencial na campanha, desde a facada desferida por Adélio Bispo a vítima passou a ser Bolsonaro, este também fora da campanha, de forma presencial. A segunda razão foi “o salto alto do PT”, que não entendeu qual seria o momento de tirar Lula do centro da campanha. Haddad beneficiou-se da transferência dos votos de Lula, mas, depois que tal transferência se esgotou, passou a ser o herdeiro da rejeição a ele. Para piorar, setores do PT passaram a reforçar o tom revanchista de “acerto de contas” contra quem apoiou o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de Lula.

Enquanto é galopante a rejeição a Haddad, a resiliência demonstrada pela candidatura Bolsonaro impressionou até mesmo o seu staff de campanha. Durante o primeiro turno, Bolsonaro manteve sua candidatura viva, apesar de várias intempéries: um atentado a faca ocorrido em 6 de setembro; várias denúncias contra ele como a manutenção de uma funcionária fantasma em uma barraca de açaí no Rio de Janeiro; um processo judicial impetrado por uma ex-esposa, que o acusou de ter furtado joias de um cofre e ter lhe feito ameaças de morte; acusações de enriquecimento e atos de protesto. A tudo, Bolsonaro sobreviveu. A entourage do candidato do PSL atribui a resistência à força da militância que se arregimentou especialmente nas redes sociais – hoje a principal trincheira do capitão. Em muitos momentos, os analistas de redes sociais observaram que a resposta a eventuais denúncias ultrapassou a própria notícia, em termos de compartilhamento e amplitude nas redes sociais. Ou seja: a versão apresentada como reação e resposta prevaleceu sobre os ataques. O tiro dos adversários, com o perdão do trocadilho, acabou saindo pela culatra.

Sucessão de reveses não foi capaz de tirar a liderança do
candidato do PSL nas pesquisas. Perto da linha de chegada,
campanha é reforçada por antipetistas de carteirinha

Meio que sem querer, seus opositores podem ter disparado mais um tiro a atingir o próprio pé. Em alusão às pequenas criaturas que auxiliam o vilão do desenho animado “Meu Malvado Favorito”, os militantes de Jair Bolsonaro são conhecidos pelos adversários de “bolsominions”. De novo, o termo cunhado pela militância opositora a Bolsonaro pode ter constituído um erro. O vilão do desenho animado é simpático. Seus auxiliares, mais ainda.

(IstoÉ)


Sábado, (06/10/2018) 

Oposição deve tomar governos de 16 estados e do Distrito Federal


Enquanto nacionalmente a eleição consolidou a polarização entre petistas e antipetistas, no âmbito dos estados, a disputa eleitoral deve ser marcada por uma forte fragmentação e pela tendência de renovação dos grupos que atualmente comandam governos estaduais.

Em 16 estados e no DF, os grupos liderados ou que têm o apoio dos atuais governadores tendem a ser derrotados no primeiro ou no segundo turno, segundo pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas neste sábado (6).

Ao todo, são 12 governadores que tentam a reeleição na berlinda, além cinco candidatos apoiados pelos atuais governadores.

Entre os que tentam a reeleição, Suely Campos (PP-RR) e Robinson Faria (PSD-RN) são os que enfrentam o pior cenário –aparecem em terceiro lugar nas pesquisas e devem ser derrotados já no primeiro turno.

Outros sete governadores podem ter o mesmo caminho: Márcio França (PSB-SP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Pedro Taques (PSDB-MT), Waldez Góes (PDT-AP) e até mesmo Fernando Pimentel (PT-MG) ainda lutam por uma vaga para disputar o segundo turno.

Cida Borghetti (PP-PR) e José Eliton (PSDB-GO) – ambos governadores que assumiram a gestão em abril, com a renúncia dos titulares – caminham para a derrota já no primeiro turno, segundo as pesquisas.

Em estados como Rio Grande do Sul, Sergipe e Amazonas, a tendência que os governadores José Ivo Sartori (MDB-RS), Belivaldo Chagas (PSD-SE) e Amazonino Mendes (PDT-AM) disputem o segundo turno em cenário adverso.

Mudanças sem rupturas

Na maioria dos estados, a mudança dos grupos políticos não necessariamente significará uma ruptura em relação ao governo anterior.

É o caso, por exemplo, do Paraná, onde Ratinho Júnior (PSD) deve vencer no primeiro turno. Até o ano passado ele era aliado do governador Beto Richa e da vice Cida Borgetthi, que hoje é sua principal adversária na disputa pelo governo.

Cenários semelhantes se desenham no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde candidatos que até o ano passado eram aliados devem disputar entre si o segundo turno.

Em estados como Goiás e Pará, a troca de guarda deve acontecer entre candidatos que são adversários locais, mas que tem histórico de alianças nacionalmente.

Em Goiás, o senador Ronaldo Caiado (DEM) deve dar fim a um período de 20 anos de governos ligados ao grupo do ex-governador Marconi Perillo (PSDB). No Pará, o MDB deve voltar ao governo depois de 24 anos com a provável vitória de Helder Barbalho.
Para o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto, professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), a eleição nos estados será marcada pela fragmentação partidária e pela menor influência da máquina do governo federal.

Ele também cita o fato de a aliança formada em torno do presidente Michel Temer (MDB) após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não ter conseguido transformar-se em um eixo estruturado da política nacional.

“Tradicionalmente, esse eixo de poder que se forma em torno do governo federal tem uma força enorme nas eleições estaduais. Mas este ano faltou sustentação política, o presidente não conseguiu ser essa figura aglutinadora enquanto liderança pessoal” diz.

Minoria tende a manter grupos

Na contramão da maioria das unidades da federação, em dez estados a tendência é de continuidade dos atuais grupos políticos. Sete deles estão na região Nordeste, que deve se firmar como o principal enclave da centro-esquerda no país a partir de 2019.

Amparados pela popularidade do PT na região, os governadores petistas Camilo Santana (CE), Rui Costa (BA) e Wellington Dias (PI) devem ser reeleitos com relativa facilidade.

Também devem garantir um novo mandato já no primeiro turno Renan Filho (MDB-AL), Flávio Dino (PCdoB-MA) e Paulo Câmara (PSB-PE), todos apoiados pelo PT.

Na Paraíba, o candidato João Azevedo (PSB), apoiado pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), lidera em intenção de votos e é favorito, mas ainda deve enfrentar um segundo turno.

Para Paulo Fábio Dantas Neto, além do prestígio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a manutenção das alianças foi um fator crucial para a tendência de reeleição dos governadores no Nordeste.

Governadores como Rui Costa, Camilo Santana, Flávio Dino e Wellington Dias entraram na campanha ancorados por grandes alianças e apoio de partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Dos nove estados nordestinos, os governadores Robinson Faria (PSD-RN) e Belivaldo Chagas (PSD-SE) são os únicos que enfrentam maior dificuldade.

Ambos têm em comum o fato de seus respectivos estados terem sido fortemente impactados pela crise financeira, resultando em problemas na prestação de serviços públicos e atraso temporário do pagamento de salários a servidores.

Fora do Nordeste, Mato Grosso do Sul e Tocantins estão entre os estados que devem reeleger seus governadores. No Rio, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que tem o apoio do MDB do governador Luiz Fernando Pezão, também é favorito, mas deve enfrentar o senador Romário (Pode) no segundo turno.

 (Folhapress)


Sábado, 06 de outubro, 2018 ás 18:00

Conselheiro de Alckmin, Bornhausen diz que candidatura do PSDB morreu


Um dos principais conselheiros de Geraldo Alckmin, o ex-governador e ex-senador Jorge Bornhausen disse, em mensagem enviada a seus irmãos, que a candidatura do tucano morreu após esfaqueamento do adversário do PSL, Jair Bolsonaro.

Na mensagem, enviada a dois dias das eleições, Bornhausen diz respeitar o voto de seus dois irmãos em Bolsonaro e afirma que votará em Alckmin, embora saiba “que sua candidatura morreu com a emoção que provocou a facada no Bolsonaro”. “Pior para o Brasil”, acrescenta.

Criticando a administração de Fernando Haddad – a quem chama de preguiçoso – Bornhausen afirma que não há hipótese de votar no petista, especialmente por causa de seu apoio a Lula. Sobre Bolsonaro, Bornhausen diz esperar a clareza de suas propostas. (DP)


Sábado, 06 de outubro, 2018 ás 00:05