Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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28 fevereiro, 2016

QUE O MUNDO POLÍTICO ACORDE E ENFRENTE OS DESAFIOS DO MOMENTO






Os mais recentes movimentos políticos do governo e do Congresso revelam que a prioridade continua sendo a defesa de interesses imediatos. Isso ficou evidenciado no empenho em influir na disputa pela liderança do PMDB na Câmara dos Deputados.

Enquanto se mexe no campo político, o governo vacila no combate ao déficit fiscal e no encaminhamento das reformas estruturais. O PT e os movimentos sociais e sindicais ligados à sigla resistem em apoiar novas medidas, como a reforma da Previdência, em especial na adoção de uma idade mínima para aposentadoria.

O discurso deve ficar mais agressivo após o ministro da Fazenda ter anunciado, na semana passada, algumas medidas de ajuste nas contas públicas, como as suspensões do aumento salarial para os servidores públicos, do aumento real do salário mínimo, de novas contratações e de concursos públicos.

Na Câmara, o embate central gira em torno da questão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Resistirá às pressões e ao andamento das investigações? Até quando? Sem uma definição clara, muitas incertezas ficarão pendentes. Quais? A tramitação do impeachment e a aprovação de projetos mais complexos, como a DRU (Desvinculação das Receitas da União) e a CPMF, vão ser lentas e sofridas.

Até o momento, as comissões permanentes da Câmara ainda não foram constituídas. Todos os anos, sua composição é renovada. Cunha está aguardando a decisão do Supremo sobre a comissão do impeachment sob a alegação de que ela terá impacto na maneira como hoje são formadas as comissões na Casa.

No Senado, seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), enfrenta o boicote de Cunha, que deseja aprovar apenas medidas e propostas iniciadas na Câmara. O PT também contesta a pauta de prioridades defendida por Calheiros, alegando que ela inclui somente projetos de interesse do PSDB, como o que impõe um limite para o gasto público com base no PIB, o que advoga a independência do Banco Central e o que desobriga a Petrobras de ser a operadora única, com participação mínima de 30% nas áreas da camada do pré-sal.

Considerando que governo, Câmara e Senado, além de divididos, possuem agendas conflitantes, os sinais de perigosa paralisia estão presentes. O que fazer? Desejar que o mundo político acorde e enfrente os desafios do momento.

Sem um amplo entendimento entre governo, oposição e PMDB, na linha do que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), sugere em entrevista ao Blog de Josias, nada acontecerá de relevante. Muito menos a aprovação de temas expressivos em um ano encurtado pelas eleições e, ainda, pela realização das Olimpíadas no Rio.

O problema é que a possibilidade de entendimento é frequentemente afetada pelo surgimento de fatos novos que alimentam a tensão política.

A nova etapa da Lava Jato, desencadeada na manhã de segunda-feira, 22, é potencialmente preocupante para o governo. A prisão do marqueteiro do PT, João Santana, foi decretada na 23ª fase da operação. Estão sendo investigados supostos pagamentos a João Santana e a sua mulher, Mônica Moura, pela Odebrecht, em paraísos fiscais. João Santana foi responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula em 2006 e da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

A nova operação vem em mau momento para o governo, que tenta emplacar um conjunto de propostas para reduzir o gasto público. O episódio pode ter impacto sobre a viabilidade dessas medidas no Congresso, alimenta a desagregação na base aliada e torna ainda mais difícil um diálogo com a oposição.
(Murillo de Aragão)
Domingo, 28 de fevereiro, 2016

26 fevereiro, 2016

EX-PRESIDENTE DA VALEC É ALVO DE INVESTIGAÇÃO SOBRE FRAUDES EM FERROVIAS




Entre os investigados na Operação Recebedor, decorrente de um desmembramento da Operação Lava Jato, está o ex-presidente da Valec Engenharia, Construção e Ferrovias José Francisco das Neves. Conhecido como Juquinha, Neves foi presidente da empresa, ligada ao Ministério dos Transportes, entre 2008 e 2011. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) em Goiás, o nome de Neves apareceu em depoimentos e provas apresentadas pela construtora Camargo Corrêa, que firmou acordo de leniência com o MPF, quando a empresa se compromete em dar informações sobre o esquema criminoso em troca de redução de penalidade. 

Neves depôs na Superintendência da Polícia Federal, em Goiás. A mulher do ex-presidente da Valec e um de seus filhos também estão sendo ouvidos pela polícia.

A partir das informações prestadas pela Camargo Corrêa, a Operação Recebedor investiga pagamento de propina em obras das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste, bem como a prática de cartel e lavagem de dinheiro obtido por meio do superfaturamento de obras públicas. A polícia suspeita que o esquema criminoso tenha causado prejuízos aos cofres públicos superiores a R$ 631,5 milhões, apenas nos trechos da Norte-Sul construídos em Goiás.

"O método utilizado para o recebimento de propina consistia na realização, pelas empreiteiras executoras das obras, de pagamentos a um escritório de advocacia e para mais duas empresas sediadas em Goiás e indicadas por 'Juquinha', sendo que os pagamentos não se referiam a serviços efetivamente realizados, utilizando-se contratos de fachada para dar aparência de legalidade aos pagamentos feitos pelas empreiteiras em benefício de 'Juquinha'", diz nota do MPF. 

Os pagamentos, no entanto, “não se referiam a serviços efetivamente realizados”. Foram feitos contratos de fachada com o objetivo de “dar aparência de legalidade” aos pagamentos feitos pelas empreiteiras ao ex-presidente da Valec. Os procuradores informaram que a Camargo Corrêa admitiu ter pago mais de R$ 800 mil em propina para Neves. O ex-presidente da Valec é acusado, conforme os investigadores, dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, e seria o responsável por receber e cobrar o pagamento da propina. De acordo com informações da Camargo Corrêa, mesmo após ter sido desligado da Valec, Neves continuou a receber propina por meio do assessor Josias Gonzaga Cardoso, que também foi secretário de governo de Goiás.

Segundo os investigadores, há indícios da “prática de sobrepreço, superfaturamento, crimes contra a Lei de Licitações, a exemplo de formação de cartel, corrupção passiva, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, praticados pela empresa estatal Valec” nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Os indícios apontam que prática similar foi adotada na Ferrovia de Integração Leste-Oeste durante o período em que Neves esteve à frente da empresa.

No acordo fechado com o MPF em Goiás, a Camargo Corrêa admitiu ter praticado crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em processos licitatórios e a prática de cartel, além de ter se comprometido a devolver R$ 800 milhões aos cofres públicos. Deste total, R$ 65 milhões para ressarcir danos causados à Valec.

A PF executa sete mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento e depois é liberada) e 44 mandados de busca, que estão sendo cumpridos nos estados do Paraná, Maranhão, Rio de Janeiro, de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal.
O nome da operação é uma referência à defesa apresentada por José Francisco das Neves em uma investigação anterior chamada Trem Pagador, na qual os advogados alegaram que "se o trem era pagador, Juquinha não foi o recebedor".Na época, os investigadores identificaram patrimônio de Neves de aproximadamente R$ 60 milhões.

Valec

Contatada pela Agência Brasil, a Valec informou que a atual diretoria da empresa "está à frente da empresa há dois anos e não foi notificada sobre a operação e desconhece os fatos citados".

Confira abaixo as empresas e pessoas alvos de mandados de busca e apreensão (lista divulgada pelo MPF):

Paraná
Duas pessoas jurídicas:
CR ALMEIDA S/A ENGENHARIA DE OBRAS;
IVAI – ENGENHARIA DE OBRAS S/A

Maranhão
Uma pessoa jurídica
AGROSSERA – AGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL SERRA GRANDE LTDA

Rio de Janeiro
Uma pessoa jurídica
CONSTRUTORA NORBERTO ODEBRECHT S/A

Minas Gerais
Seis pessoas jurídicas e seis pessoas físicas
SERVIX ENGENHARIA S/A – (LAGOA SANTA/MG);
SPA ENGENHARIA IND. E COM. LTDA;
EGESA ENG. S/A;
CONSTRUTORA BARBOSA MELLO S/A;
CONSÓRCIO ATERPA M. MARTINS – EBATE;
TORC – TERRAPLANAGEM OBRAS RODOVIÁRIAS E CONST. LTDA;
HUGO DE MAGALHÃES;
JOÃO BOSCO SANTOS DUTRA – (ARCOS/MG)
JOÃO BOSCO SANTOS DUTRA;
BRUNO VON BENTZEEN RODRIGUES;
EDUARDO MARTINS;
DANIEL NÓBREGA LIMA DE OLIVEIRA – (NOVA LIMA/MG)

São Paulo
Nove pessoas jurídicas e uma pessoa física
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO S/A;
MENDES JÚNIOR TRADING E ENG. S/A;
GALVÃO ENGENHARIA;
CONSTRAN S/A – CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO;
CONSTRUTORA OAS S/A;
SERVENG CIVILSAN S/A EMPRESAS ASSOCIADAS DE ENGENHARIA;
CAVAN PRÉ-MOLDADO S/A;
TIISA – INFRAESTRUTURA E INVESTIMENTOS S/A
BRAEMP BRASIL EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA
PEDRO AUGUSTO CARNEIRO LEÃO NETO

Distrito Federal
Sete pessoas físicas
ULISSES ASSAD;
RONY JOSE SILVA MOURA;
LUIZ SÉRGIO NOGUEIRA;
ALOYSIO BRAGA CARDOSO DA SILVA;
LEANDRO BARATA DINIZ;
ALFREDO MOREIRA FILHO;
LAIZE DE FREITAS

Goiás
Quatro pessoas jurídicas e oito pessoas físicas
ELCCOM ENGENHARIA EIRELI;
EVOLUÇÃO TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO LTDA;
HELI DOURADO ADVOGADOS ASSOCIADOS S.S;
CONSÓRCIO FERROSUL – (SANTA HELENA/GO);
HELI LOPES DOURADO;
JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES
MARIVONE FERREIRA DAS NEVES;
JADER FERREIRA DAS NEVES;
RODRIGO FERREIRA LOPES SILVA;
RAFAEL MUNDIM REZENDE;
JOSIAS GONZAGA CARDOSO
JUAREZ JOSÉ LOPES MACEDO.

Fonte: Agência Brasil

Sexta-feira, 26 de fevereiro, 2016

24 fevereiro, 2016

MORO DESCASCA LULA PARA PRENDÊ-LO



Vitória - Não conheço a formação acadêmica do juiz Sergio Moro, muito menos a sua predileção por livros clássicos. Nunca me ative aos seus dotes intelectuais. Passei a admirá-lo mais pela sua eficiência jurídica, coragem, valentia e, sobretudo, pelo seu empenho em passar o Brasil a limpo, o que para mim já é o bastante. Mas analisando com mais profundidade o seu trabalho à frente da Lava Jato arrisco a dizer que se trata de um leitor voraz de Nicolau Maquiavel.

Só uma pessoa com o conhecimento do escritor renascentista italiano, que escreveu sobre política de estado, teria essa sagacidade e a esperteza para destroçar o Partido dos Trabalhadores. Para isso, ele age com sobriedade e adota um estratagema de forma a não permitir que as suas decisões sejam contestadas pelos tribunais superiores, a exemplo do STF e do STJ. Moro descasca lentamente a personalidade política de Lula e desnuda com precisão a fanfarronice do ex-presidente, mostrando-o à sociedade como um farsante, cúmplice do maior escândalo da história do Brasil.

Sergio Moro aprendeu tudo com Maquiavel, certamente devorando o Príncipe, seu livro mais conhecido. Aprendeu, inclusive, a atacar seu alvo no momento certo com precisão cirúrgica para manter a sua caça na toca. Veja: ele descama a popularidade do Lula desde que começaram as investigações da Lava Jato, encurralando-o no canto do ringue sem deixar soar o gongo salvador. Hoje, não se sabe de quem é a maior rejeição se do seu partido, o PT, ou a dele, o que abre caminho para o bote final de Sergio Moro ao chegar mais próximo da intimidade de Lula com os empresários e lobistas que roubaram a Petrobrás.

Moro foi envolvendo Lula na Lava Jato a conta-gotas com a colaboração dos delatores que o deixaram na vitrine da corrupção. Não se precipitou, como bom estrategista, em chamá-lo para depor antes de ter em seu poder confissões de investigados que o colocava na cena do crime como um personagem influente da trama da corrupção.  Trabalhou com paciência, como um exímio enxadrista, para acuar o ex-presidente até o xeque-mate que se aproxima com a movimentação cuidadosa das peças no tabuleiro.

Lula detém hoje uma rejeição de mais de 55%, segundo o Ibope, índice que o coloca praticamente fora do páreo presidencial em 2018.  O seu partido, o PT, carrega a pesada cruz da corrupção e certamente nas eleições municipais deste ano vai experimentar o porrete do eleitor. O ex-presidente se mantém na mídia diariamente como o sujeito que “não sabe nada”, que vive às custas dos “amigos” e que tem as suas despesas pagas por um colegiado de empresários corruptos e condenados, muitos na cadeia como Leo Pinheiro, da OAS, e Marcelo Odebrecht.

Com a imagem abalada, lambida pela Lava Jato, Lula ainda conta com o suporte do “Exército Vermelho” do Stédile e de alguns pelegos da centrais sindicais que no momento oportuno deverão ser contidos pela própria sociedade. Da Câmara e do Senado vem a resposta a sua maldição com a redução da bancada de deputados e senadores, que fogem do PT como o diabo da cruz. E, agora, para seu desespero, vai ter que torcer para que João Santana não bote a boca no trombone como fez Duda Mendonça ao depor na CPI do mensalão.

É assim que o juiz Sergio Moro está montando o quebra-cabeça do maior escândalo da história do país, organizando o jogo de xadrez com inteligência e a paciência de um monge. A prisão de Lula, se vier a ocorrer, será apenas o coroamento dessa operação incansável dos nossos Eliot Ness. Com a imagem deteriorada, Moro não acredita que o povo proteste nas ruas contra a prisão de Lula no desfecho da operação.

Ao STF e a STJ não resta outra alternativa que não seja a de aplaudir Sergio Moro, o magistrado que veste à Justiça com uma nova toga, a da dignidade.

(Jorge Oliveira)

Quarta-feira, 24 de fevereiro, 2016