Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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08 agosto, 2015

CRÔNICA DE UMA PRISÃO ANUNCIADA




Desculpe, caro leitor, pela alusão do título da pueril matéria à obra-prima de García Márquez, mas até o mais inocente cidadão sabe que a Operação Lava Jato, apesar dos bons resultados no combate à corrupção na Petrobras, tem como principal objetivo prender o ex-presidente Lula.

Alguma coisa pessoal? Que pesaria sobre quem sempre foi com todos, na prática, um autêntico 'camarada', isto é, um parceiro, amigo, pessoa de confiança?

Infelizmente Lula tem o que é imperdoável para os grandes interesses: é um líder popular que almeja um Brasil soberano. É o único capaz de levar o país à frente, com autonomia e independência de ingerências externas. Por esse nacionalismo, sua volta à presidência em 2018 tornou-se inadmissível.

E o cerco está se fechando. A nova prisão de José Dirceu seria uma espécie de preparativo para a grande cartada final do messianismo de uma força-tarefa que nenhuma autoridade ousa enfrentar, apesar do caráter arbitrário e seletivo em muitas ações.

Os novos salvadores da pátria perceberam que o caminho está livre. A cada nova declaração do governo e da cúpula do PT fica mais evidente a fragilidade de ambos, como no patético mea-culpa do Ministro Mercadante. A perspicácia do governo é impressionante.

Nesse momento, nossos despolitizados e imparciais procuradores já devem ter em mente o nome para a última fase da Lava Jato que se avizinha. A prisão de Lula é o epílogo.

Quando o procurador Santos Lima afirma que parte das apurações segue em sigilo, fico a imaginar o que estaria ainda por vir que estrategicamente não foi vazado. Só pode ser o tiro de misericórdia.

Todos parecem antever, mas continuamos inertes, soltos ao destino, alguns talvez na esperança que o povo defenderá seu líder. Será?

Estaríamos sendo omissos tal qual no livro de García Márquez, em que todos sabem o que acontecerá à vítima mas ninguém a protege ou impede os algozes?

Como se livrar do pente fino do juiz Moro? Pelo seu crivo, até Madre Teresa de Calcutá seria suspeita se assim desejasse. E sua obsessão é o Lula.

Moro e sua turma estampam a convicção de estarem passando o país a limpo. Mas a faxina se restringe a um lado da casa.

E a sociedade brasileira teima em ignorar sua própria história e novamente é levada a rompantes moralistas que a mídia tão bem administra. O "mar de lama" volta sempre quando necessário.

Quem agradece é o establishment. O sistema dominante que prega a globalização, desde que os principais competidores continuem sendo as antigas potências, não quer um líder nacionalista comandando o Brasil.

 Rubens José da Silva

Sábado, 08 de agosto, 2015

07 agosto, 2015

MOVIMENTOS SOCIAIS PODEM SER INCLUÍDOS EM LEI ANTITERRORISMO



Movimentos sociais e lutas populares podem ser incluídos em lei antiterrorismo

Para a deputada Jandira Feghali (PC do B), emendado deputado Luís Carlos Aleluia (DEM-BA) pode “criminalizar tentativas de reivindicação do povo ao Estado, o que foi praxe na ditadura”

Mais uma pauta em tramitação no Congresso Nacional gera preocupação nos movimentos populares e organizações da sociedade civil. O Plenário da Câmara dos Deputados iniciou a discussão do Projeto de Lei 2016/15, conhecido como Lei Antiterror. O projeto entrou na agenda da Casa na última quarta-feira (5) e tipifica o crime de terrorismo, prevendo punição em regime fechado e multa.

Os partidos têm até o meio-dia da próxima segunda (10) para apresentar emendas e os destaques poderão ser feitos até o dia da votação, marcado para a terça-feira (11).

O texto original, formulado pelo Poder Executivo, protege movimentos organizados, sindicatos e qualquer cidadão que queria se manifestar, isentando “manifestações políticas, sociais ou sindicais” de qualquer restrição e punição; e prevê a reclusão de oito a doze anos. No entanto, o relator, deputado Arthur Oliveira Maia (SD-BA), propôs aumentar a pena para 20 a 30 anos para os atos terroristas.

O parecer do relator também tipifica o terrorismo como a prática, por um ou mais indivíduos, de ações com a finalidade de intimidar o Estado, uma organização internacional, pessoa jurídica nacional ou estrangeira, ou ainda representações internacionais; em atos com a intenção de coagi-los a agir ou a se omitir, provocando terror, expondo ao perigo a pessoa, o patrimônio, a paz pública e a incolumidade pública.

Além disso, uma emenda feita pelo deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), altera substancialmente o projeto. De acordo com a deputada Jandira Feghali (PC do B – RJ), a modificação tenta suprimir a liberdade de expressão dos movimentos.

“Uma manifestação de estudantes ou de professores poderia ser enquadrada como ato terrorista. A lei poderia ser usada para criminalizar tentativas de reivindicação do povo ao Estado, o que foi praxe na Ditadura. Da forma como o DEM se movimenta, abre precedentes para que movimentos sociais e até mesmo oposições políticas sejam enquadradas como terroristas”, criticou.

Por: Bruno Pavan -   o Brasil de Fato

Sexta-feira, 07 de agosto, 2015


05 agosto, 2015

PREFEITURAS ENFRENTAM COLAPSO DE GESTÃO





Corte de gastos, serviços minimizados, atrasos na folha de pagamento e estagnação econômica. Estes são alguns exemplos das dificuldades enfrentadas pelos municípios goianos este ano. A crise instaurada no País não é um caso isolado de determinada região, mas vem afetando as gestões municipais de forma gradativa e deixando prefeitos sem recursos para continuarem as administrações. Com poucas alternativas, as prefeituras goianas já se reuniram na Assembleia Legislativa com o intuito de expor a situação e buscar opções, além também de terem participado da “Marcha dos Prefeitos”, em maio, em Brasília.

Para ilustrar a situação, conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado em junho deste ano, a situação financeira dos municípios agravou entre 2012 e 2013. O Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) apontou que 4.417 cidades, ou seja, 84,2% do total de prefeituras analisadas têm uma situação fiscal difícil ou crítica. Tal amostra reflete o que também as prefeituras goianas têm passado nos últimos anos.

Com falta de alternativas e a luta para que o pacto federativo seja revisto e aprovado pelo Congresso Nacional, prefeitos e gestores decidiram reivindicar, novamente, a atenção por meio de um ato na Praça dos Três Poderes, em Brasília, hoje. Considerada como a primeira Mobilização Municipalista a Confederação Nacional de Municípios (CNM), conta com o apoio das entidades estaduais que divulgará a Carta Municipalista à Sociedade Brasileira, ao Congresso Nacional e à Presidência da República.

Carta Municipalista

Na carta, a CNM apresenta que a crise é problema recorrente e preocupante nos governos municipais há muito tempo e que, mediante a atual conjuntura, os municípios recorrem à União e aos Estados para cumprirem com os serviços essenciais ao cidadão. Com a iniciativa, pretendem mostrar à sociedade que as condições financeiras de manter as responsabilidades transferidas nos últimos anos pelo governo federal estão cada vez mais escassas e no limite da gestão.

Os municípios também apontam uma ausência da União e dos Estados na transferência de recursos que servem para manter o equilíbrio financeiro da Federação. Um grande número de gestores municipais já discute a devolução da maioria dos 390 programas do governo federal, com valores que não são reajustados há anos pela incapacidade de mantê-los.

FGM

O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM), Divino Alexandre, também prefeito do Panamá, diz que os prefeitos estão retornando à pauta de reivindicação após a Marcha dos Prefeitos devido à falta de acordo e do cumprimento do que foi estabelecido com o governo federal. Divino Alexandre afirma que a tentativa das entidades em falar com a presidente Dilma Rousseff (PT) ainda não foi concretizada.

Conforme acrescenta o presidente da FGM, há uma preocupação dos municípios quanto à proposta de revisão do pacto federativo. “Estamos temendo que a reforma do pacto federativo fique apenas na promessa política. A situação é agravante e resulta nos atrasos da prestação de serviços básicos nos municípios”. Divino Alexandre diz que a distância da presidente e do governador com o cidadão é expressiva, porém é o prefeito que lida com essa proximidade.

Divino Alexandre ainda salienta que a mobilização também pretende pressionar o Congresso Nacional a aprovar o pacto federativo para que não seja apenas uma ideia no papel. “Acredito que o governo federal deveria montar mesa de discussão com as entidades para conhecer a situação. Não dá mais para esperar o que já está crítico”. O presidente afirma que as entidades ainda não tiveram a oportunidade de ouvir a presidente. “Estamos como filho sem pai, sentindo-nos abandonados”.

AGM

O presidente da Agência Goiana dos Municípios (AGM) e prefeito de Bom Jardim de Goiás, Cleudes Baré, salienta que, inicialmente, uma agenda pré-acordada para a votação do pacto federativo seria colocada em pauta, hoje, na Câmara dos Deputados, pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB). Em contrapartida, a agenda foi mudada após 40 sessões na Câmara o que, de acordo com Cleudes Baré contrariou o movimento.

Conforme o presidente da AGM, a manifestação será mais contundente para mostrar a insatisfação dos prefeitos. “Houve uma manobra, na Câmara dos Deputados, para que o pacto federativo saísse da pauta. Há um sentimento de indignação quanto a esses reajustes”. Cleudes Baré afirma que, desde 2012, não há reajuste no valor da merenda escolar nos municípios, que permanece em R$ 0,30 por aluno. Este valor, segundo o presidente, tem que ser complementado pelas próprias prefeituras o que compromete a distribuição dos investimentos.

Cleudes Baré diz que a intenção dos prefeitos é paralisar com as ações e programas do governo federal por falta de condições, já que os prefeitos precisam assumir os custos adicionais. “Não podemos ficar com essas responsabilidades por falta de repasse do governo federal e até mesmo do governo estadual. Não somos respeitados como federação e também não somos chamados para debater projetos. Estamos sendo estrangulados por essas responsabilidades”.

O presidente da AGM acrescenta que Dilma Rousseff não cumpriu com o parcelamento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do valor acordado de R$ 1,9 milhão, apenas a metade deve ser repassado. “Dilma usa de pedaladas e vem tratando os prefeitos como indigentes”. Cleudes Baré ainda pondera que cerca de 50% dos municípios goianos estão “à beira do colapso e de incerteza administrativa”.
Reivindicações

Em relação ao aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), a palavra empenhada pela presidente Dilma, confirmada pela cúpula de ministros do Palácio do Planalto, e aceita pelo movimento municipalista deve ser cumprida. A proposta inicial de 2% foi alterada e promulgada em 2014 por Emenda Constitucional, concedendo mais 1% de aumento, dividido em duas parcelas iguais em julho de 2015 e julho de 2016. O valor acordado de R$ 1,9 bilhão, referente à parcela de 2015, deve ser repassado às prefeituras para a prestação dos serviços.

O Movimento Municipalista solicita o cumprimento de todas as palavras empenhadas pelo governo federal no que diz respeito aos restos a pagar, que somam mais de R$ 35 bilhões somente para os municípios ,no período de 2008 a 2014, ao Fundo de Participação dos Municípios, ao financiamento e à prorrogação da Lei dos Resíduos Sólidos, além de soluções para o pagamento do piso dos professores, a correção pela inflação dos programas federais, entre outras demandas importantes apresentadas no pacto federativo.

Danyla Martins

Quarta-feira, 05 de agosto, 2015