BERNARDO ITRI =
Eleita há três anos como presidente do Flamengo, o
clube mais popular do país, Patricia Amorim pode perder nesta segunda, na
eleição presidencial, seu cargo no time carioca.
Antes do pleito, Patricia falou sobre os principais
problemas que enfrentou, os casos de Ronaldinho e Bruno, e o preconceito no
futebol por ser mulher. Também afirmou que sua passagem pelo Flamengo
atrapalhou sua campanha para se reeleger vereadora no Rio de Janeiro --perdeu a
eleição de outubro.
Dirigente e
mulher
Você ser um dirigente voluntário, ter uma
dedicação, é uma entrega absoluta porque a vida muda complemente. Eu não passo
despercebida em nenhum canto. E o fato de ser a primeira mulher, você é testada
o tempo todo.
É muito intenso, é uma loucura absoluta. E mulher é
muito pior, não tem tolerância, não pode errar, não pode falhar. Não sei se é a
força do Flamengo. Acho que, para as pessoas, o ingrediente mulher não serve
para o futebol, tem um preconceito muito grande. Para mim, não tem a menor
diferença. A mulher tem uma contribuição muito legal para dar, de postura, de
dedicação, de generosidade, de firmeza, mas com doçura. Acho bom isso. Sendo
mulher é um desafio muito maior. Porque tem uma dificuldade mesmo: você não
pode entrar em vestiário.
O que eu acho muito bacana é que nunca fui
desrespeitada por nenhum jogador, comissão técnica.
Ronaldinho
Foi uma surpresa negativa. A gente pagou uma dívida
que era da Traffic e atrasou o que era nosso. E ele chega e vai embora. A
torcida compreendeu, ninguém delegou um erro para a gente no caso.
Foi um erro estratégico: apostamos em alguém que
não deu retorno. Colocamos ele em condição, ele voltou à seleção, montamos um
time com ele como referência. E ele resolve sair. Foi espantoso. Já superamos,
a fila anda.
Bruno
Foi o caso mais doloroso. Ninguém sabia lidar com
isso, foi surreal. Um jogador, capitão do time, campeão brasileiro,
representante do grupo para a diretoria. Foi muito difícil para o clube porque
a gente não conseguia sair do caso, das páginas policiais. E o Flamengo não
tinha nada a ver com isso. Fui dar depoimento no fórum, seis jogadores também.
Acho complicado [ele retornar].
Luxemburgo
Chorei para mandar ele embora. Ele se tornou um
amigo. Mas ultrapassou a hierarquia, criticou conselheiros, criou aquele
problema "Vanderlei". Ele vem votar aqui, ele é sócio, é Flamengo.
Mas as coisas tomaram uma proporção de como se ele fosse presidente. Ficou
insustentável. Ele falava sobre tudo, criticava um vice daqui, dali.
Adriano
Era o último ídolo. A gente achou que esse ídolo
deveria ser bem cuidado. Montamos uma forma porque ele queria voltar. Não deu
certo. Foi frustrante, mas é uma página virada. Em 2013 ele não faz parte dos
planos.
Finanças
Tivemos propostas [de patrocínio], mas baixas. A
gente não quis fechar baixo e depois não conseguir subir. R$ 14 milhões [foi a
proposta recebida por um ano inteiro]. Preferi não aceitar.
O Flamengo ficou dois anos e meio sem receber
dinheiro de bilheteria. A gestão anterior fez uma antecipação de receitas de
bilheteria com a BWA de R$ 13 milhões. Nós recebemos o primeiro dinheiro com
bilheteria agora, em julho. Foi uma festa
Campanha para vereadora
Eu tive três mandatos com quase o dobro de votos
que eu tive agora, como presidente de Flamengo. As pessoas misturaram o
resultado do futebol... Eu achei que o resultado do futebol atrapalhou. Eu não
consegui fazer muita campanha, me dediquei ao Flamengo.
Segunda-feira 3 de dezembro