A
volta às aulas no país coloca em risco não apenas crianças, adolescentes,
professores e funcionários de escolas. O retorno também pode representar ameaça
de contágio pela covid-19 para outros 9,3 milhões de adultos e idosos, que
estarão em contato com esses estudantes na mesma casa. O alerta é da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgou, na quarta-feira (22/7), estudo apontando
os perigos que o retorno à sala de aula representa.
“A
volta às aulas pode representar um perigo a mais para cerca de 9,3 milhões de
brasileiros (4,4% da população total) que são idosos ou adultos (com 18 anos ou
mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco da
covid-19. Isso porque eles vivem na mesma casa que crianças e adolescentes em
idade escolar (entre 3 e 17 anos) ”, destaca Fiocruz.
A
informação foi divulgada em nota publicada na página da entidade pela internet. Segundo o estudo, a quantidade de pessoas
que pode passar a se expor ao novo coronavírus foi calculada por análise da
Fiocruz feita com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), que foi
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
parceria com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz.
O
estado de São Paulo tem o maior número de pessoas nessa situação, com cerca de
2,1 milhões de adultos e idosos em grupos de risco com crianças em casa,
seguido por Minas Gerais (1 milhão), Rio de Janeiro (600 mil) e Bahia (570
mil). O Rio Grande do Norte é o que possui a maior percentagem da população
nesses grupos: 6,1% do total.
Pesquisadores
do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz analisaram dados
da PNS 2013 sobre dois grupos populacionais que se encontram nos chamados
grupos de risco da covid-19: os adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm
diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, e os idosos (com 60 ou mais
anos). Em seguida, cruzou os dados para verificar quantos desses dois grupos
residem em domicílio com pelo menos um menor entre 3 e 17 anos – ou seja, em
idade escolar.
O
resultado do estudo trouxe números preocupantes. Pelo menos 3,9 milhões (1,8%
da população do país) de adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes,
doença do coração ou doença do pulmão residem em domicílio com pelo menos um
menor em idade escolar (entre 3 e 17 anos). Já a população idosa (60 anos e
mais) que convive em seu domicílio com pelo menos um menor em idade escolar
chega a quase 5,4 milhões de pessoas (2,6% da população).
De
acordo com o estudo, o retorno da atividade escolar, que vem sendo anunciado de
forma gradativa por vários estados e municípios, coloca os estudantes em
potenciais situações de contágio. Mesmo que escolas, colégios e universidades
adotem as medidas de segurança (e elas sejam cumpridas à risca), o transporte
público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças
que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de contaminação
pela covid-19 para esses estudantes.
Se
forem contaminados, esses jovens poderão levar o vírus para dentro de casa e
infectar parentes de todas as idades que tenham doenças crônicas e outras
condições de vulnerabilidade à covid-19, representando uma abertura perigosa no
isolamento social que essas pessoas mantinham até agora. (ABr)
Quarta-feira,
22 de julho, 2020 ás 17:00