O
Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação para apurar possíveis
atos de improbidade cometidos pela Secretaria Especial de Comunicação Social da
Presidência da República (Secom) por conta da veiculação de anúncios em sites,
canais do YouTube e aplicativos que divulgam fake news, jogos de azar, conteúdo
infantil e que fazem promoção pessoal do presidente Jair Bolsonaro e de seu
filho e senador Flávio Bolsonaro.
A
investigação está em fase preliminar e foi aberta depois que um relatório feito
a pedido da CPMI das Fake News revelou que a Secom pagou por mais de 2 milhões
de anúncios em sites que divulgavam conteúdo inadequado. O documento mostrou
que, entre os sites nos quais a Secom veiculou anúncios estão portais que
divulgam resultados do jogo do bicho, aplicativos que divulgam pornografia e 44
sites que divulgam notícias falsas.
O
documento também revelou que anúncios pagos pela Secom irrigaram sites e canais
que fazem a promoção pessoal de Jair e Flávio Bolsonaro, como o sites e canal
oficial de Flávio na internet e no Youtube e dois aplicativos sobre Jair
Bolsonaro disponíveis na plataforma Androide.
O
relatório indicou também que a Secom fez gastos irregulares ao direcionar parte
da sua verba de Comunicação para a campanha sobre a reforma da Previdência
nesse tipo de site e em canais voltados ao público infantil. À época, a Secom
disse não ter direcionado anúncios a nenhum site ou aplicativo e
responsabilizou as plataformas de mídia programática utilizada por ela pela
distribuição da verba do órgão.
De
acordo com o MPF, a investigação vai apurar “possível improbidade
administrativa decorrente da veiculação de publicidade de responsabilidade da
Secom em canais vinculados a familiares do Presidente da República e em canais
infanto-juvenis ou de jogos de azar”.
O
MPF enviou ofícios à Secom solicitando relação completa dos sites, canais e
aplicativos nos quais a Secom veiculou anúncios entre 1º de janeiro de 2019 e
10 de novembro de 2019, cópia dos contratos entre o órgão e a plataforma Google
Adwords (usada para o disparo dos anúncios) e dando 10 dias para que o chefe da
Secom, Fabio Wajngarten se manifestasse sobre o assunto.
O
MPF também mandou averiguar a responsabilidade pela criação e manutenção de dez
sites, canais do Youtube e aplicativos. Entre eles estão o canal e site oficial
de Flávio Bolsonaro e dois aplicativos de telefone celular sobre Jair
Bolsonaro.
Esta
é terceira investigação aberta nos últimos três meses envolvendo Secom. No mês
passado, o MPF abriu um inquérito para apurar a responsabilidade por postagens
feitas no perfil institucional da Secom enaltecendo o tenente-coronel Sebastião
Curió, apontado como um dos militares responsáveis pelo desaparecimento e
assassinato de militantes de esquerda durante a Guerrilha do Araguaia.
Mais
recentemente, o MPF abriu investigação sobre o suposto direcionamento de verba
da Secom para sites de conteúdo ideológico. O Globo entrou em contato com a
Secom para se pronunciar sobre o assunto, mas até o momento, o órgão não se
manifestou.
*O
globo
Quinta-feira,
11 de junho, 2020 ás 11:00