No final da tarde de segunda-feira (31/01), o Banco Central informou que a dívida bruta do governo brasileiro, incluindo INSS, atingiu R$ 7,2 trilhões, montante sobre o qual, acrescento, correm juros anuais de 13,75%, taxa Selic, que rege a correção dos títulos do Tesouro Nacional que lastreiam o endividamento do país. Estes títulos encontram-se nas mãos dos bancos, dos fundos de investimentos e dos fundos de pensão das empresas estatais que aplicam os seus recursos nesse setor do mercado financeiro.
Reportagem de Fernanda Trisotto, O Globo, focaliza amplamente o tema, incluindo um ponto assinalado pelo próprio Banco Central, que a dívida está na proporção de 73% do Produto Interno Bruto e que esse cotejo é o menor desde o ano de 2017.
Fazer essa comparação é uma forma de escapismo, pois não se trata de números estáticos. O valor do PIB é móvel, cresce. O valor do endividamento com isso pode adquirir uma proporção percentual menor. É preciso confrontar os números concretos do endividamento em 2017 com o PIB registrado naquele ano. Caso contrário, a comparação fica desfocada. É o que aconteceu.
Inclusive a incidência da percentagem de 13.75% ao ano sobre R$ 7,2 trilhões fornecerá o custo do desembolso ao longo de 12 meses para girar a dívida interna. Esses recursos oscilam em torno de R$ 800 bilhões, atualmente. Em matéria de Produto Interno Bruto, ele se encontra hoje na escala de R$ 6,5 trilhões.
Mas o tema fundamental é que citar percentuais sem citar o número absoluto sobre o qual incide dá margem a que o problema possa ser desfocado. O endividamento brasileiro cresceu nos últimos anos. Inclusive porque o governo não dispõe de R$ 800 bilhões para pagar os juros da dívida, e logo emite novos títulos que o mercado absorve.
Mas reparem que quando, em 2021, a inflação atingiu 10%, segundo o IBGE, o BC elevou a taxa Selic para 13,75%. Em 2022, o mesmo IBGE, achou uma taxa inflacionária de 5,7%. Entretanto, o índice da Selic permaneceu na escala de R$ 13,75%, adotada quando a inflação tinha sido de 10%. Contradições que geram encargos que incidem sobre o consumo da população.
A Americanas entrou nesta segunda-feira, 30, com o pedido de recurso na Justiça do Rio de Janeiro para que as empresas de energia elétrica e telecomunicações não cortem por inadimplência os serviços de suas operações. Na petição, a varejista pede que Enel e Light mantenham o fornecimento do serviço de energia em suas lojas. A Americanas pede ainda que a Internet não seja cortada por falta de pagamento.
Bruno Rosa e Bianca Gomes, O Globo, edição de ontem, revelam a iniciativa, presumindo-se que o recurso seja apreciado pelo juiz que concedeu a recuperação judicial da empresa. Recuperação que se refere ao parcelamento de R$ 44 bilhões. A recuperação é difícil, pois se as Americanas não tiveram dinheiro para pagar a luz e a internet, não é provável que pague as parcelas previstas no acordo aos credores.
Inclusive, matéria de o Estado de S. Paulo de Lucas Agrela e Wesley Gonsalves, informa que o estoque em poder das Americanas só dá para quatro meses de vendas, o que agrava a situação, porque ela se encontra sem crédito junto aos fornecedores e necessita de capitalização por parte de seus acionistas. Mas diante da dívida de R$ 43 bilhões, essa capitalização é muito difícil.
Hoje serão realizadas as eleições para a Presidência da Câmara dos Deputados e para o Senado Federal. Na Câmara, não há dúvida quanto à vitória de Arthur Lira sobre Chico Alencar. No Senado, a meu ver, a vitória será de Rodrigo Pacheco por segura margem de votos. Mas há quem discorde.
O Globo focaliza a disputa vista sob o ângulo de Lauriberto Pompeu e Jeniffer Goulart, apontando o favoritismo de Pacheco que tem o apoio do governo Lula. Rogério Marinho é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e diretamente por sua esposa Michelle Bolsonaro. Aprecio muito os comentários de Fernando Gabeira, na GloboNews.
Porém, discordo do enfoque que ele deu ao encontro, achando que a candidatura de Marinho representa um esforço do bolsonarismo de se manter presente no quadro político nacional e que os bolsonaristas têm grande presença nas redes sociais, podendo somar pontos para o candidato. Não creio. A diferença é que as redes da internet se dirigem à população brasileira. No caso das eleições do Senado, os eleitores são apenas 81 senadores.
Além disso, na segunda-feira, Rogério Marinho entrevistado pela GloboNews esquivou-se de condenar taxativa e frontalmente a invasão de Brasília e as depredações praticadas, dizendo que é preciso identificar os verdadeiros culpados. Com essas palavras vãs, Rogério Marinho revelou a sua posição ideológica. Procurou deslocar a questão para o plano de que na horda alucinada pudessem estar presentes forças do PT disfarçadas. O absurdo foi total.
Alice Cravo, O Globo, revela que o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos, deverá ouvir o depoimento de Valdemar Costa Neto sobre o decreto encontrado na residência do ex-ministro Anderson Torres que estabelecia uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral, anulava as eleições de outubro e dava o sinal de largada para um golpe militar.
É importante o depoimento de Valdemar Costa Neto. No fundo, ele deseja isso, pois se tomou a iniciativa na entrevista ao O Globo de tocar no assunto, é porque deseja fazê-lo render e transformar-se em personagem do processo de defesa da democracia que está se desenrolando e arrebatando o país e o eleitorado brasileiro. Na verdade, o depoimento de Valdemar só pode complicar ainda mais as posições de Anderson Torres e Jair Bolsonaro e dos que se omitiram quando a capital do país foi invadida por fanáticos destruidores.
Foi positivo para o presidente Lula e para o seu governo o encontro com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, no ponto em que ambos destacaram a importância de conter o desmatamento e afastar o garimpo do universo da Amazônia.
(TI)
Quarta-feira, 1º de fevereiro 2023 às 12:52