Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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14 abril, 2022

A DESCARADA ELEIÇÃO COMPRADA

 

O nome do jogo agora é compra de votos. O Planalto já comunicou e alinhava os retoques finais de um pacotão de bondades que soma a astronômica quantia de mais de R$ 160 bilhões. Números oficiais do próprio governo. Detalhe é que ele não exibe o menor pudor em vir a público para admitir isso. É parte do espetáculo, já foi incorporado como tal. Quem detém a máquina faz uso dela como quer para garantir tempo no poder.

 

Esquizofrenia do modelo presidencialista brasileiro, o mecanismo da reeleição provocou essa aberração. Em outras palavras: quem alcança a Presidência da República uma primeira vez ganha, de quebra, os instrumentos, recursos e a força de uma base aliada dependente de emendas federais para seguir titular no cargo. Imoral? Injusto numa disputa desigual? Sem dúvida.

 

 Mas aqueles com sede de comando nem titubeiam em abusar do erário para conseguir o objetivo. Observe o atual presidente Jair Bolsonaro. Eleito em 2018 com a promessa de acabar com o sistema de dois mandatos – que dizia ser indecente –, desistiu da ideia logo depois que tomou posse e passou a trabalhar diuturnamente para sair outra vez vitorioso nas urnas, praticando um populismo escrachado, pedalagens fiscais em desalinho com a Lei e o escambo de apoio parlamentar em troca de verba.

 

Haja dinheiro! Apenas no famigerado orçamento secreto, uma excrescência que em nenhum momento foi coibida por qualquer instituição do Estado – apesar de todos os sinais de irregularidade –, torraram-se mais de R$ 16,5 bilhões. E o que é pior: tendo de cortar de áreas chaves da administração pública, como Educação, Saúde e saneamento básico.

 

Isso é o que todos esperam quando escolhem um representante? Naturalmente que não. Bolsonaro até esquece de governar. Desde que assumiu é assim. Metido em motociatas, quase diariamente criando tumultos em mobilizações de protestos e sempre dizendo que a culpa não é dele pelos males que acometem o País.

 

Enquanto isso, inflação, juros e câmbio explodem. Desemprego bate recorde e a economia, sem perspectiva, exibe PIBs pífios, quando não, negativos. Que projeto de desenvolvimento é esse em andamento? O voto de cada um não pode ser desperdiçado em personagens dessa laia.

 

Dias atrás, Bolsonaro teve a pachorra de admitir que distribui dinheiro a políticos para acalmar o Congresso. Nem se preocupa mais em esconder a negociata de cargos e salários, que trouxe de volta ao pináculo do poder o venal bloco do Centrão mensaleiro. Como a vangloriar-se da tática, o capitão justifica a atitude dizendo que os parlamentares gostam mesmo é de “mandar recursos para a sua cidade”. Nessa toada, o MEC, que deveria financiar e estruturar a Educação brasileira, mergulhou no centro de um escândalo de corrupção que mistura pagamentos – até em lingotes de ouro – a pastores, licitações superfaturadas e um assalto descarado ao FNDE, o maior fundo de desenvolvimento escolar da América Latina. Tudo com o beneplácito de Bolsonaro, que orientou diretamente o seu ministro da pasta a agir conforme a demanda dos amigos. Assim a roda gira nessa engrenagem.

 

Uma tentativa de CPI que investigasse e apurasse os ilícitos foi abafada por articulação do Planalto para não revelar as escaramuças do esquema. Território dominado no Congresso, com a Polícia Federal e o Ministério Público manietados pelo Messias propiciam a impunidade. Enquanto isso, na festa de distribuição de “presentes” temporários para distrair e conquistar a turba segue o vale tudo.

 

Um benefício de Auxílio Brasil turbinado no valor de R$ 400 por família (apenas em 2022 ou enquanto durar a corrida às eleições, é bom lembrar!), o vale gás, a tarifa de energia elétrica congelada e mais uma série de penduricalhos do tipo estão no radar. É o que chamam de compra de popularidade para atender aos anseios de reeleição do “mito”. A estratégia dá conta da falência indiscutível de um modelo que precisa ser revisto.

 

Precificam um estouro de caixa da União, sempre empurrado para o ano seguinte da disputa e o Brasil passa um bom período estagnado para recompor o estrago. No afã de iludir incautos vale até a malandragem. Há pouco tempo, ficou-se sabendo que o mandatário abandonou as obras de 3,5 mil escolas inacabadas e anunciou um esquema de construção de “escolas fake”, ludibriando eleitores com a ideia de ter arranjado recursos novos para edificar colégios e creches. O ardil foi bolado e apadrinhado diretamente pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, já condenado por corrupção no Mensalão, em sentença reiterada recentemente pela Justiça.

IstoÉ

Quinta-feira, 14 de abril 2022 às 11:59

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