A margem de terra vermelha na
Barragem do Rio Descoberto se destaca na paisagem. Em meados de março, a água
já deveria extrapolar os níveis e sangrar (transbordar) à outra extremidade,
mas caiu apenas 47% da expectativa de chuvas nos dois primeiros meses do ano e
o volume ficou comprometido. Agora, a expectativa é de que março e abril
compensem o déficit. E parece estar funcionando: nos primeiros dez dias deste
mês, o Distrito Federal já recebeu um terço da precipitação prevista. Para
especialistas, o problema começa na falta de educação ambiental.
As fortes chuvas que caíram nos
últimos dias podem até significar uma mudança na realidade, mas, até então, o
DF recebeu pouco mais que a metade de água neste ano se comparado ao mesmo
período do ano passado. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet),
até a primeira quinzena do ano passado foram 482 milímetros, e agora o volume
chega a 310 mm.
Para Rafael Machado Mello,
superintendente de recursos hídricos da Agência Reguladora de Águas, Energia e
Saneamento do Distrito Federal (Adasa), a situação da barragem “é um reflexo de
um regime de chuvas diferentes”. Isso porque, segundo ele, há anos em que os
períodos de chuva se concentram mais no início e, outros, no fim.
“Pode ser que ainda venha a
sangrar, mas, de fato, nos outros anos, nesse período já havia água suficiente
para abrir as compotas”, reconhece. Contudo, ele minimiza possíveis crises ou
desabastecimentos: “Ainda estamos no período de chuva”.
A sub-bacia do Rio Descoberto
enfrenta situação atípica desde meados do ano passado. Em agosto, Mello disse
ao JBr. que estava em equilíbrio: toda a produção era demandada ao
abastecimento da cidade. De lá para cá, o quadro não mudou.
Teoria e prática juntas
Professora de Educação Ambiental
da Universidade de Brasília (UnB), Rosângela Azevedo Corrêa, 53, alia teoria e
prática dos fundamentos de economia e preservação do meio ambiente. Ela também
faz parte do Grupo de Trabalho do projeto Descoberto Coberto, que objetiva
promover a recuperação, a proteção e a consolidação da faixa de proteção do
Lago Descoberto, a reabilitação ambiental das propriedades rurais na orla, a
formação de agentes multiplicadores e o apoio à gestão dos recursos hídricos e
florestais na bacia hidrográfica do Lago Descoberto.
Para ela, não só a redução de
chuvas justifica a atual situação da barragem.
O primeiro ponto a ser abordado
seria a educação: “Temos diretrizes que obrigam todas as unidades educacionais
a implantar a educação ambiental, mas o núcleo da nossa secretaria insiste em
fazer determinados projetos quando há problemas mais graves”. Ela é radical ao
entender que “parece que tem que chegar no fundo do poço para as pessoas
perceberem”.
Economia
Em casa, a docente faz captação
de 20 mil litros de água da chuva, que utiliza durante a seca para molhar o
jardim de árvores frutíferas, um volume que dura até seis meses. Além disso,
não usa chuveiro elétrico, já que uma placa solar atende o banheiro. “A ideia
daquilo que faço na área de educação ambiental e economia humana não é só um
discurso, é uma pratica”, conclui.
Chefe do núcleo de Educação
Ambiental da Secretaria de Educação, Flávia Maria Barbosa também entende que “a
educação ambiental é fundamental para a mudança de comportamento em relação ao
uso de recursos naturais e visa mudar a relação das pessoas com o ambiente”.
Nas unidades do DF, diz, o tema é transversal, o que significa que todas as
disciplinas o abordam durante as aulas.
Fonte: Jornal de Brasília
Quarta-feira, 18 de março, 2015.
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