Os
pedidos de aposentadoria registraram forte alta em julho. Foram registradas
235,4 mil solicitações feitas ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Um
recorde para o ano.
Segundo
o governo, o resultado é explicado pela digitalização dos serviços e também
pela votação da reforma da Previdência, que foi aprovada, em primeiro turno, na
Câmara naquele mês. Em junho, foram 152,6 mil pedidos e, em janeiro, segundo
maior resultado do ano, 183,2 mil.
Apesar
de haver impacto do avanço da proposta para endurecer regras da Previdência, o
secretário especial adjunto de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, acredita
que o principal fator no aumento dos dados foi a ampliação dos serviços
digitais do INSS.
As
solicitações via o aplicativo meu INSS e pelo telefone estão em alta no ano e
aceleraram em julho. A entrega de documento para aposentadoria nas agências,
por outro lado, cai desde janeiro.
“Não
há dúvida. Sempre que tem ajuste na Previdência, por causa da falta de
informação, há corrida [para pedir aposentadoria]; mas me parece que esse não
foi o maior motivo”, disse Bianco.
A
equipe econômica afirma que quem usa o aplicativo ou o telefone – origem da
maioria dos pedidos de aposentadoria em julho – é mais “esclarecido” em relação
à reforma da Previdência e, por isso, não correria por causa da votação da
proposta no Congresso.
O
governo avalia que a população está bem informada sobre as regras de transição,
já que a idade mínima de 65 anos e de 62 anos para aposentadoria entrará em
vigor gradualmente. Mas reconhece que algumas pessoas ainda têm dúvidas sobre a
reforma.
Maria
Machado da Silva, 63, esteve em uma agência do INSS em Brasília nesta semana
para dar início ao processo de pedido de aposentadoria.
Ela
trabalhou por 18 anos com carteira assinada como babá e cozinheira. Nos últimos
anos, recebeu auxílio-doença, que foi encerrado em abril.
Com
a ajuda dos filhos, ela reuniu os documentos e foi de Santa Maria, cidade
satélite de Brasília, até a agência da região central da capital federal.
“Estão falando que a aposentadoria vai cair para menos de um salário mínimo.
Talvez R$ 400”, afirmou Silva.
Ela
se referia à proposta original do governo para alterar o BPC – benefício
assistencial pago a idosos carentes. O ministro Paulo Guedes (Economia) queria
que o valor fosse de R$ 400 para quem tivesse entre 60 e 70 anos. A partir
desta idade, é que o benefício subiria para um salário mínimo (R$ 998).
Essa
ideia foi derrubada na Câmara e não se aplicaria a Silva, que já cumpriu os
requisitos atuais para aposentadoria por idade: 60 anos e contribuição por 15
anos.
O
número de pedidos de aposentadoria em julho retornou a patamar próximo da média
registrada em 2018 e 2017 -anos em que o Congresso também debatia uma reforma
da Previdência- e foi superior aos meses de 2016.
A
reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro foi enviada em fevereiro ao
Congresso e, após negociações, aprovada pelo plenário da Câmara, em primeiro
turno, em julho. O segundo turno de votação foi no começo de agosto.
Depois,
a proposta seguiu para o Senado, onde precisará de aprovação da CCJ (comissão
de Constituição e Justiça) e, em dois turnos, pelo plenário.
A
previsão é que a análise dos senadores termine em outubro, quando a PEC
(Proposta de Emenda à Constituição) da reforma seria promulgada e passaria a
valer. Mas o governo reforça que não há motivo para uma corrida ao INSS.
(Com FolhaPress)
Domingo,
1º de setembro ás 12:00