Sempre
com maior intensidade, é esse o sentimento que domina o país: vai ficar pior. Prevalece a máxima décadas
atrás lembrada por mestre Hélio Fernandes, de que “no Brasil o dia seguinte
sempre consegue ficar um pouquinho pior do que a véspera”.
A
Câmara acaba de aprovar projeto anistiando todo vigarista que tenha mandado
dinheiro podre para o exterior, caso se disponha a repatriá-lo. Nenhuma punição
sofrerá por haver lesado a Receita Federal, muito menos em se tratando de
recursos provenientes do crime, da corrupção, dos cofres públicos ou do tráfico de drogas.
Ao
mesmo tempo, mais se enrola o deputado Eduardo Cunha em seus desmentidos que
apenas confirmam participação nas remessas e na movimentação de milhões de
reais em contas secretas na Suíça e outros paraísos fiscais.
O
presidente da Câmara mantém-se no exercício de suas funções, auxiliado pelo governo,
em troca de protelar decisões sobre pedidos de impeachment da presidenta Dilma.
Líderes dos partidos comprometem-se por escrito a sustentar quem os vem
sustentando faz muito, através de benesses e favores variados.
O
ajuste fiscal dorme nas gavetas parlamentares enquanto a crise econômica se
adensa, prevalecendo apenas a redução de direitos trabalhistas, o aumento de
impostos, taxas e serviços públicos, elevando-se o custo de vida e reduzindo-se
o valor dos salários. Sucedem-se as
greves sem que as reivindicações das diversas categorias sejam atendidas, ao
tempo em que se discute se Joaquim Levy sai e Henrique Meirelles entra, ambos
preparados para impor mudanças que só prejudicarão o trabalhador, beneficiando
as mesmas elites de sempre. O desemprego se multiplica sem que se tenha ouvido
uma palavra, sequer, do ministro do Trabalho, ao tempo em que a recessão se
amplia.
Em
meio à inação do Executivo e do Legislativo, quem melhor definiu o impasse
atual foi o senador Cristovam Buarque,
esta semana. Da tribuna, denunciou a impossibilidade de o país sobreviver
envolto na ânsia do lucro, na ganância, na improvisação, na corrupção e na
avidez do consumo.
O
lucro estimula o desenvolvimento, desde que não atropelado pela ganância, que
gera a improvisação e deságua na corrupção, fator a estimular o consumo
desmedido. Uma cadeia de fatores cujo resultado será a desagregação nacional. Vale aguardar o dia de amanhã para saber o
que de pior vem por aí, na certeza dessa progressão ser inexorável.
(Carlos
Chagas)
Sábado, 14 de novembro, 2015