Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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11 outubro, 2015

AS CONTAS DA DILMA




A recomendação do Tribunal de Contas da União para que o Congresso rejeite as contas do governo e condene as pedaladas e outras gambiarras fiscais da presidente Dilma Rousseff acende as esperanças de que serão finalmente cumpridas as regras de parcimônia na utilização do dinheiro público. É a primeira vez que isso acontece em 80 anos no Brasil. As nações civilizadas há muito obrigam seus governantes a observarem o equilíbrio das contas públicas, o que significa não gastar mais do que é arrecadado. A Magna Carta inglesa assim dispôs em 1215, depois que o Rei Ricardo Coração-de-Leão afundou as finanças do reino com os gastos na III Cruzada contra os muçulmanos. O sucessor de Ricardo, e usurpador do trono João Sem Terra, foi o primeiro a ousar desrespeitar a “regra de ouro” da estabilidade financeira. Deposto, morreu envenenado. Seu corpo jaz na Catedral de Worcester, com uma advertência no epitáfio sobre o fim dos que querem fazer sua vontade prevalecer, acima do interesse coletivo.  São passados 800 anos do nascimento de um princípio constitucional tão necessário. É triste constatar, contudo, quão primitiva ainda é, entre nós, a visão dominante sobre a importância de assegurar que tais princípios sejam rigorosamente respeitados.  Aqui, ninguém deseja o mesmo fim de João Sem Terra para a presidente Dilma. Mas, passou da hora dos governantes acabarem com essa atávica complacência com a irresponsabilidade fiscal.

Mais de dez processos com pareceres contrários do TCU ainda aguardam exame do Congresso, desde o tempo de Fernando Henrique. “Todo mundo fez errado”, como observou com generosa compreensão a senadora Gleisi Hoffmann. Então, porque essa “pegação no pé da Dilma” que, afinal, sacou dinheiro adiantado dos bancos públicos para evitar que os beneficiários de programas sociais fossem prejudicados? Irresponsabilidade fiscal continua a ser vista, por muitos, como uma falta menor. Coisa que só vale para prefeitos de cidades pequenas. Fosse uma Fiat Elba dada de presente, aí sim se justificaria o impeachment.

A Lei de Responsabilidade Fiscal completou 14 anos da sua promulgação. É mais uma “lei que não pegou”. Como a da proibição do jogo do bicho; dos bares colocarem mesas na calçada; do artigo da Constituição que limita os juros em 12% ao ano; do agendamento de consultas no SUS; da Lei Seca, etc. São frutos da nossa frondosa jabuticabeira. Só agora os preceitos orientadores da moralidade na administração veem à tona. Mais pelo que está custando ao país. O povo sente na carne. Foram dezenas de bilhões de reais gastos “no cheque especial”, durante a campanha eleitoral. A presidente autorizou a expansão suplementar dos gastos, quando a situação já era de contingenciamento dos gastos. Nem a imprensa, muito menos o eleitorado percebeu em 2014 a real extensão da deterioração do quadro fiscal.  Dilma foi reeleita e agora o cidadão paga a conta com aumento de impostos. Pior que isto foi a quebra de confiança do mercado neste governo. Ficou a descoberto o rombo orçamentário de mais de R$ 30 bilhões. Os desdobramentos resultantes foram dolorosos, como a desvalorização cambial, a recessão e o desemprego.

Zarcillo Barbosa 

Domingo, 11 de outubro, 2015   


06 outubro, 2015

TSE NEGA RECURSO DO PT CONTRA INVESTIGAÇÃO DE CAMPANHA




A ministra Maria Thereza de Assis Moura, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), rejeitou nesta terça-feira 6 um recurso apresentado pelo PT que pedia a anulação da decisão do ministro Gilmar Mendes, que pedia à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal a abertura de uma investigação contra a campanha da presidente Dilma Rousseff e do vice, Michel Temer.

A decisão de Gilmar Mendes foi proferida em agosto, sob os argumentos de que há vários indícios de que a campanha recebeu recursos repassados da Petrobras pelo esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. O ministro utilizou em seu posicionamento os depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, que participava do esquema e fez doações de campanha ao PT.

No recurso apresentado ao TSE, o PT sustenta que "as mesmas empresas que estão sob investigação policial são doadoras de grandes somas para o PSDB e para o candidato derrotado Aécio Neves. [...]". Diz ainda o partido: "Se as doações ocorridas ao Partido dos Trabalhadores por estas empresas são consideradas como de corrupção, logicamente que as doações ocorridas ao partido PSDB também o são".
A/E
Terça-feira, 6 de Outubro de 2015

O QUE ESTÁ EM JOGO NA VOTAÇÃO SOBRE A CAMPANHA DE DILMA NO TSE?




O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve decidir na noite desta terça-feira dar prosseguimento a mais uma ação contra a campanha da presidente Dilma Rousseff movida pelo PSDB e a coligação que apoiou a candidatura de Aécio Neves, candidato derrotado nas eleições de 2014.

Quatro dos sete ministros já votaram pela continuidade do processo - a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) 761.

Os ministros estão julgando um recurso do PSDB contra a decisão da ministra relatora do caso, Maria Thereza de Assis Moura, que havia decidido em fevereiro pelo arquivamento dessa ação. Ela considerou que a coligação de Aécio Neves não apresentou provas suficientes contra a campanha de Dilma.

Quando os tucanos recorreram ao plenário, porém, Gilmar Mendes abriu divergência e decidiu pela continuidade do processo – outros três ministros o acompanharam: João Otávio de Noronha, Henrique Neves e Luiz Fux.

Eles argumentam que o avanço da Operação Lava Jato trouxe outras evidências contra a campanha da presidente. Faltam se manifestar nesta noite Luciana Lóssio e Dias Toffoli, o atual presidente do TSE.

A BBC Brasil preparou um guia sobre o que significam esses processos e que consequências podem ter:
No final do ano passado, o TSE aprovou as contas de campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer com ressalvas. No entanto, segundo a professora de Direito Eleitoral da FGV-Rio Silvana Batini, isso não tem qualquer relevância no sentido de comprovar se a campanha da presidente foi correta ou não.

Ela explica que o processo de prestação de contas no TSE é meramente formal e tem de ser concluído muito rapidamente, antes da diplomação dos candidatos, em dezembro.

"É uma conferência formal da contabilidade. A candidata declara a doação da empresa, o TSE confere se tem o recibo e aprova. O que a prestação de conta não afere é se aquela doação veio ou não de dinheiro desviado da Petrobras", exemplifica.

Dessa forma, nota a professora, há outros tipos de ações que permitem investigar irregularidades na campanha e julgar se um mandato deve ou não ser cassado. Essas ações servem para apurar se houve abusos que desequilibram a disputa, como doações irregulares e uso da máquina pública.
O PSDB moveu quatro ações desse tipo (AIJE 154781, AIJE 194358, AIME 761 e RP 846). Nesses processos, o partido aponta supostos episódios de uso da máquina pelo governo na campanha de Dilma, como participação indevida de ministros e envio de 4,8 milhões de folders pró-Dilma pelos Correios.

Também cita a operação Lava Jato e a possibilidade de recebimento de doações de empreiteiras envolvidas em desvios de recursos da Petrobras, o que caracterizaria abuso de poder econômico.

No âmbito das ações de investigação judicial eleitoral (AIJEs) já foram inclusive colhidos alguns depoimentos. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi um dos convocados, mas se manteve calado.

Na prática, as quatro ações podem ter o mesmo resultado – cassar o mandato de Dilma Rousseff e Michel Temer. Esses são os principais processos que correm no TSE contra a presidente e seu vice.

Já a prestação de contas (PC 97613) foi reaberta pelo ministro relator Gilmar Mendes, sob a justificativa de que novos indícios de irregularidades vêm surgindo, conforme avança a apuração da Lava Jato.
O que pode resultar em uma condenação?

Batini ressalta que, para haver condenação de Dilma no TSE, é preciso ficar provado que as eventuais irregularidades levantadas nas quatro ações interferiram no resultado do pleito.

"Para que isso aconteça (a cassação da presidente), é preciso que a Justiça reconheça que aquele abuso teve uma gravidade muito grande que de fato tenha ameaçado a legitimidade da eleição e a liberdade do voto", disse.
"Outra possibilidade é que eles reconheçam que não houve abuso ou que houve abuso, mas não foi grave o suficiente", explicou.

No caso do escândalo de corrupção da Petrobras, por exemplo, teria que ser provado que o dinheiro desviado foi usado especificamente na campanha da presidente, ressalta o advogado Alberto Rollo, presidente do Instituto de Direito Político Eleitoral e Administrativo.

Mariana Schreiber

Terça-feira, 06 de outubro, 2015