Não
foi hoje que os movimentos historicamente cooptados pelo Partido dos
Trabalhadores conseguiram "retomar
as ruas", como pretendia o presidente da sigla Rui Falcão. Organizadas
pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em dia de expediente, as passeatas
em diversas capitais do país atraíram, além dos sindicalistas, grupos de
sem-terra e de sem-teto, e militantes de pequenos partidos de esquerda. A
somatória das estimativas das polícias militares indica que 72 000 pessoas
saíram às ruas, menos de um décimo das 850 000 registradas em todo o país nas
manifestações do domingo passado contra o governo de Dilma Rousseff.
Em
São Paulo, onde houve a maior concentração, a Polícia Militar estimou em 40 000
o número de participantes - de acordo com a mesma PM, 350 000 manifestantes
foram à rua no domingo para protestar contra o governo Dilma na capital
paulista.
Segundo
Rui Falcão, o PT e seus satélites pretendiam "defender a democracia".
Para tanto, eles não se limitaram a gritar palavras de ordem em favor do
partido e da presidente. Também ostentaram faixas de apoio a petistas presos
por desviar dinheiro da Petrobras. Cartolinas em solidariedade ao ex-tesoureiro
do PT, que cumpre prisão preventiva no Paraná, traziam escrita a frase
"João Vaccari preso político".
Em
São Paulo, o alvo preferencial dos ataques foi o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário número um do Palácio do
Planalto, e o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato. Também sobraram
queixas contra o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por causa do ajuste fiscal.
Do
alto de um carro de som, um cutista chamou o "grito de guerra", mas
ninguém entendeu: "O golpe tem nome, chama-se Agenda Brasil", em
alusão ao pacote de medidas proposto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), para tentar dar fôlego ao governo.
No
carro do Partido da Causa Operária (PCO), o discurso era mais radical.
"Nós concordamos com o que o Vagner Freitas (presidente da CUT) falou. Se
for preciso, pegaremos em armas para tirar a direita do poder", clamou um
dos manifestantes ao microfone. Em alguns momentos, houve hostilidade entre
participantes dos atos e pessoas que passavam nas ruas. Muitos trocavam
xingamentos e provocações entre si.
Nas
redes sociais, petistas tentaram emplacar diversas hashtags, mas a que fez mais
sucesso nesta quinta-feira(20) foi #marchadospixulecos, em referência à palavra
preferida por João Vaccari Neto para se referir à propina que recebia.
Por:
Eduardo Gonçalves
Quinta-feira,
20 de agosto, 2015