Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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03 agosto, 2015

VENCER UMA ELEIÇÃO SEM TER CONDIÇÕES DE GOVERNAR É SUICÍDIO POLÍTICO. COM COLLOR, DILMA E ROLLEMBERG FOI ASSIM





Estou lendo pela segunda vez o livro “Notícias do Planalto”, que mostra a queda e a ascensão do ex-presidente Fernando Collor. A eleição de 1989 foi ímpar na história do Brasil. Nem Collor nem Lula tinham condições de governar um país acabado de sair dos braços da ditadura militar. O presidencialismo de coalizão não funcionaria de forma alguma no início dos anos 1990, visto a quantidade de partidos que disputaram a presidência na eleição de 89. Analisando pelo conjunto, a primeira eleição direta pós-ditadura foi a mais baixa de todos os tempos. Os candidatos só faltavam se digladiarem na arena dos debates. As acusações iam de uso de drogas a pedidos para abortar a própria filha.

Collor venceu. E a primeira tentativa de “cortar os pulsos” foi aplicar um estelionato eleitoral na nação, confiscando a poupança de todos os brasileiros, quando na campanha acusava o seu adversário (Lula) de ter tal intenção se fosse eleito. Mas o suicídio político de Collor começou quando registrou sua candidatura ao Planalto no TSE. Um político, vindo de um estado pequeno, sem expressão nacional, teria condições de governar? Claro que não. Só se criasse 39 ministérios, como fez o PT, e os repartisse entre todos os partidos. E olhe lá. Veio o impeachment – não foi por causa de corrupção – e Collor caiu.

Na eleição de 2014, dois candidatos venceram sem ter condições políticas de governar o Brasil e o DF. Repetindo Collor, a presidente Dilma Rousseff, durante a campanha, acusou seu adversário (Aécio Neves) de querer promover um arrocho no país, aumentando os juros, os preços da gasolina, água e energia. E o que vimos após a disputa? Dilma aumentando tudo. Mais uma vez ouso dizer que a impopularidade da presidente não se deve apenas ao petrolão, mas sim ao descumprimento de promessas feitas em campanha. Ao contrário de Collor, Dilma tem uma base ampla no Congresso Nacional, capaz de sustentar seu governo. Contudo, o desgaste da presidente é tão grande que os deputados e senadores que a apoiam, com medo de receberem o abraço do tamanduá ou o beijo da morte, estão isolando Dilma e votando contra o governo. Para eles, pega mal apoiar o governo mais impopular da história do Brasil.


Já fiz um artigo onde mostro que Dilma tomou um “tiro no pé” de seu próprio marqueteiro, o soberbo João Santana, que, além de ter feito a candidata presidente mentir descaradamente durante a campanha eleitoral, teve ainda coragem de zombar dos adversários de Dilma. O suicídio político da presidente foi prometer uma coisa e fazer outra, talvez pensando que depois seria absolvida pelo povo.

Em Brasília, a eleição para governador caiu no colo do senador e candidato Rodrigo Rollemberg. A verdade é que em janeiro do ano passado, dificilmente Rollemberg acreditaria que seria eleito governador. A ideia de sua candidatura ao GDF foi para manter seu nome em evidência no cenário político, visto que o mandato de senador é de oito anos, o que pode atrapalhar pretensões futuras, caso o parlamentar não mantenha seu nome em destaque a cada quatro anos. Para isso, precisa se candidatar a governador no meio do mandato, algo que acontece muito em outros estados. No caso de Rollemberg, foi apenas, como eu disse, para manter seu nome em evidência e plantar a semente para 2018, onde concluiria seu mandato no Senado, faltando agora só chegar ao Palácio do Buriti.

O PSB não têm quadros na cidade. Diferentemente de outros estados, como em Pernambuco, em Brasília o partido é nanico. Como então Rollemberg teria condições de governar uma cidade pequena, mas complexa, como Brasília? Além disso, cheia de problemas oriundos de outras gestões? Para vencer, a ideia foi transmitir um otimismo exacerbado ao brasiliense, mostrando que tudo não passa de atitude, que agora o DF teria alguém que tinha “atitude pra mudar”, como se fosse fácil e simples assim.

Como podem reparar, Rollemberg tem uma fábrica imensa para gerir, mas não tem gente capacitada para fazer a engrenagem funcionar. Não bastasse a falta de preparo, o governo começou muito atrapalhado, com graves problemas de relacionamento com outras instituições, apesar do empenho e espírito conciliador do secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, que tentou apagar por diversas vezes o incêndio gerado pelo próprio governo.

A afobação faz com que políticos queiram dar um passo maior que as pernas. Hoje podemos constatar que teria sido muito melhor, politicamente falando, que Collor, Dilma e Rollemberg tivessem perdido a eleição para ganhar depois. Collor venceria facilmente a eleição de 1994, após o fracasso que seria o governo radical e estatizante de Lula. Dilma ou Lula voltaria em 2018, pois quem teria que promover os arrochos pela gastança dela e do ex-presidente seria o PSDB. Rollemberg teria chances reais de suceder Frejat, que já estaria com a idade avançada daqui a três anos e meio. Ainda acho difícil o governo Rollemberg “ressuscitar”. O suicídio político já foi cometido. Quanto a Dilma, o “cadáver” já está em estado avançado de decomposição. E Collor? Este “morreu”, foi “sepultado” pelo povo brasileiro e “ressuscitado” pelos alagoanos, mas foi “morto” novamente, dessa vez pelo petrolão.

Por Fred Lima

Segunda-feira, 03 de agosto, 2015

02 agosto, 2015

ILUMINISMO NA MERDA?



Um cidadão consciente deve sempre olhar dentro do vaso sanitário para saber quem é em profundidade.

Sinto dizer ao meu leitor, mas esta coluna de hoje, talvez, venha a feder um pouco. Coisas desse nosso mundo contemporâneo. Sinto muito. Impossível evitar.

Vivemos num mundo ridículo, como costumo dizer, que em 500 anos será esquecido. Não teremos mais do que um pequeno parágrafo nos tratados de história. Nós, cheios de nossas frescuras, mimimis, direito a isso e àquilo, enfim, uns mimados.

No futuro, nossos descendentes olharão para nós com a mesma condescendência com que olhamos para a moçada que cultua a chuva. E não terão nenhuma paciência para nossas frescuras.

Mas, antes de irmos à matéria indigesta de hoje, preciso fazer um reparo filosófico. O que é o Iluminismo? O Iluminismo é um movimento filosófico do século 18 que, em uma das suas faces mais conhecidas, o utilitarismo, foi marcado pela obsessão da melhoria da condição de vida informada pela ciência e pela técnica.

Um derivado direto dessa obsessão é a ideia de que, se as pessoas forem “bem informadas”, a vida delas ganhará em “qualidade”. Essa ideia tomou conta de tudo, da TV aos encontros motivacionais do mundo corporativo.

Aqueles mesmos que visam fazer as pessoas acharem que está tudo lindo se um guru em gestão disser que está tudo lindo. Emociona-me quando ouço alguém falar que não está interessado em melhorar minha qualidade de vida. Das novelas aos jornais, tudo um bando de gente chata pregando o bem.

Dito isso, voltemos ao fedor. Para isso, vou contar um fato que me aconteceu poucos dias atrás. Estava eu, minha família e alguns amigos tomando café da manhã numa padoca no interior de São Paulo. Infelizmente, na padoca, uma TV estridente mostrava um “programa de qualidade de vida”. E qual era o conteúdo “científico” desse programa? Antes, um detalhe.

Tenho um amigo bem esquisito que há anos diz que um dia esses caras de qualidade de vida iriam querer nos ensinar a “fazer cocô de forma saudável”. Normalmente, consideraríamos essa fala um simples delírio de um cara esquisito. Mas eis que ele acertou em cheio. Foi profético e com isso nos ensina uma nova máxima sobre o mundo contemporâneo: aposte no ridículo e você será um profeta do século 21.

Bem, finalmente, o fato. Ainda suspeito que talvez eu tenha entendido mal o que vou contar. Um delírio, talvez? Pode ser. Recomendo a dúvida cética diante do que vou narrar.

O programa de qualidade de vida era um programa que parecia entrevistar pessoas que falavam de seus hábitos de banheiro. Dito de forma direta: formas saudáveis de fazer cocô. Sim, meu caro. Sim, minha cara. Tape o nariz. Ou talvez não. Afinal, sendo tudo natural, a merda é tão natural como um beijo na boca.

Assim pensam os novos naturalistas da saúde total. Se para alguns maníacos “eu sou o que eu como”, por que não “eu sou o que eu cago?”.

Na telinha, depois de cenas de pessoas no local em questão, falando sobre seus hábitos fecais, assim como quem conta viagens para a Disney, um especialista mostrava pequenos montinhos de massinhas que simulavam tipos de fezes. Claro, tudo cientificamente fundamentado. Fezes X isso, fezes Y aquilo. Terei eu entendido errado?

Como se tratava de um programa de TV, só podemos imaginar que a produção não viajou na maionese e esse tipo de informação vai bem com o café da manhã das pessoas. Afinal, tudo é natural, não?

Logo, um cidadão consciente, que vota bem e recicla lixo, que respeita o meio ambiente e usa transporte público, deve também saber fazer cocô de um jeito saudável. E mais: deve sempre olhar para dentro do vaso sanitário para saber quem ele é em profundidade.

Imagino sites especializados em tipos de cocô fazendo de nós cidadãos bem informados acerca de nossas fezes. Isso é mais do que simples consciência social. Isso deve ajudar você a não ter hemorroidas e a gastar menos com saúde e também a fazer o Estado gastar menos com você.

Imagino um mundo com campanhas a favor da “merda consciente”. Fotos no Instagram? Como não pensar que meus queridos românticos acertaram em cheio, quando pressentiam que o Iluminismo ia dar em merda?

 Luiz Felipe Pondé- Folha de SP 

Domingo, 02 de agosto de 2015

27 julho, 2015

EXECUTIVO DA OAS SE OFERECE PARA CONTAR À LAVA JATO SEGREDOS DEVASTADORES SOBRE LULA




Léo e Lula são bons amigos. Mais do que por amizade, eles se uniram por interesses comuns. Léo era operador da empreiteira OAS em Brasília. Lula era presidente do Brasil e operado pela OAS. Na linguagem dos arranjos de poder baseados na troca de favores, operar significa, em bom português, comprar. Agora operador e operado enfrentam circunstâncias amargas. O operador esteve há até pouco tempo preso em uma penitenciária em Curitiba. Em prisão domiciliar, continua enterrado até o pescoço em suspeitas de crimes que podem levá-lo a cumprir pena de dezenas de anos de reclusão. O operado está assustado, mas em liberdade. Em breve, Léo, o operador, vai relatar ao Ministério Público Federal os detalhes de sua simbiótica convivência com Lula, o operado. Agora o ganho de um significará a ruína do outro. Léo quer se valer da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a delação premiada, para reduzir drasticamente sua pena em troca de informações sobre a participação de Lula no petrolão, o gigantesco esquema de corrupção armado na Petrobras para financiar o PT e outros partidos da base aliada do governo.

Por meio do mecanismo das delações premiadas de donos e altos executivos de empreiteiras, os procuradores já obtiveram indícios que podem levar à condenação de dois ex-ministros da era lulista, Antonio Palocci e José Dirceu. Delatores premiados relataram operações que põem em dúvida até mesmo a santidade dos recursos doados às campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e à de Lula em 2006. As informações prestadas permitiram a procuradores e delegados desenhar com precisão inédita na história judicial brasileira o funcionamento do esquema de sangria de dinheiro da Petrobras com o objetivo de financiar a manutenção do grupo político petista no poder.

É nessa teia finamente tecida pelos procuradores da Operação Lava-Jato que Léo e Lula se encontram. Amigo e confidente de Lula, o ex-presidente da construtora OAS Léo Pinheiro autorizou seus advogados a negociar com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração. As conversas estão em curso e o cardápio sobre a mesa. Com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso em Curitiba, Pinheiro prometeu fornecer provas de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na Petrobras, exatamente como afirmara o doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado. O executivo da OAS se dispôs a explicar como o ex-presidente se beneficiou fartamente da farra do dinheiro público roubado da Petrobras.

(VEJA) 

Segunda-feira, 27 de julho, 2015