Micaram, Brasil afora, os atos,
como dizem seus promotores, “em defesa da Petrobras”. Na verdade, tratava-se de
uma tentativa de blindar a presidente Dilma, antecipadamente, do protesto de
domingo. Os esquerdistas criaram transtornos nas cidades em que se manifestaram,
mas, quase sempre, havia mais balões do que pessoas, mais bandeiras do que
brasileiros, mais palavras de ordem do que ideias. E há um dado que é
especialmente saboroso: a convocação do Partido dos Trabalhadores, da Central
Única dos Trabalhadores e daqueles que se dizem trabalhadores do MST é feita
para uma sexta-feira útil, dia em que, afinal, trabalhadores costumam estar
trabalhando.
Mas não eles. Porque
trabalhadores não são. Na maioria dos casos, são sindicalistas e apaniguados de
aparelhos sindicais que vivem, isto sim, do trabalho alheio. Os que se dizem
“defensores da Petrobras” são sanguessugas de quem realmente acorda cedo, pega
no batente, tem uma família a alimentar.
Já a manifestação daqueles que
petistas, cutistas e emessetistas chamam “elite”; daqueles que petistas,
cutistas e emessetistas chamam “coxinhas”; daqueles que petistas, cutistas e
emessetistas chamam “direita golpista”, ah, essa será feita no domingo. Sabem
por quê? Porque, para a larga maioria, esse é o único dia de descanso. Os coxinhas,
os direitistas, como eles dizem, vivem do seu trabalho, não integram a
aristocracia sindical, não vivem pendurados nas tetas do governo. Aqueles que
as esquerdas estão hostilizando geram impostos, em vez de apenas consumi-los;
geram riquezas, em vez de apenas querer dividi-las, constroem o Brasil, em vez
de apenas querer destruí-lo com a sua militância truculenta.
Que país exótico este em que
vivemos, não? Aqueles que se dizem de esquerda vivem de renda — sim, meus
caros: viver do imposto sindical e da transferência de recursos públicos para
ditos movimentos sociais é uma forma de rentismo. E o que o rentismo? É um
dinheiro que cai nas mãos do beneficiado sem que, para tanto, ela tenha
produzido um miserável parafuso ou mesmo uma miserável ideia. É o dinheiro que
saiu dos bolsos de quem trabalha para os de quem não trabalha.
E aqueles que merecem a pecha de
“elite”? Ah, esses trabalham muitas horas por dia. Com alguma frequência,
buscam ter até mais de um emprego para tentar garantir algum conforto adicional
e seus familiares. Vivemos a era em que os que trabalham são obrigados a
prestar reverência a quem não trabalha. Vivemos a era em que os que metem a mão
na massa são hostilizados por aqueles que vivem de fazer proselitismo. Vivemos
numa espécie de nova escravidão, esta de caráter moral, em que o esforço é
demonizado, o talento é desprezado, a qualidade é tida por reacionária, a
eficiência é vista com maus olhos.
Por isso, a Petrobras está no
chão. Por isso, o país tem juros de 12,75% ao ano; por isso, a inflação roça os
8%; por isso, o Brasil vive uma recessão. Os que hoje dirigem o Brasil
desprezaram todas as ideias generosas e sensatas de administração responsável
do dinheiro público. Não puseram o seu partido e os seus sindicatos a serviço da
nação, mas a nação a serviço de seu partido e de seus sindicatos. O resultado é
este que vemos: continuamos a ser um país rico com uma população, no mais das
vezes, pobre: pobre de saúde, pobre de educação, pobre de segurança pública,
pobre… de verdade!
É a direita, como eles dizem, que
vai protestar no domingo? Não! Quem vai protestar no domingo são as pessoas
direitas — sejam elas “de direita” ou não. É um ato contra um indivíduo chamado
Dilma Rousseff? Não! É um ato contra a impunidade, contra a roubalheira, contra
o cinismo, contra a trapaça eleitoral, contra a mistificação. Se essa pauta
atinge o governante de turno, e se esse governante é uma governanta, então não
há o que fazer.
Os que vão para as ruas estarão
exercendo o Inciso IV do Artigo 5º da Constituição, o das cláusulas pétreas,
imutáveis. Lá está escrito: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o anonimato”. Todos nós sabemos o que nos custou essa carta de princípios,
depois de 21 anos de ditadura. Infelizmente, em 1988, o PT se negou a
homologá-la, num ato absurdo. Talvez por isso ignore agora os seus termos.
Talvez por isso o próprio governo Dilma tenha negociado com black blocs, mas
hostiliza quem tem a coragem de mostrar a cara.
A presidente Dilma exerce
legítima e legalmente o seu mandato. Ninguém jamais contestou essa evidência.
Mas o mesmo diploma que lhe garante essa legalidade e essa legitimidade
assegura o direito à manifestação e o direito de apresentar petições ao poder público,
inclusive o impeachment da presidente. Golpe é querer rasgar a Constituição em
vez de aplicá-la. Há algum petista que negue esse fundamento? Pode vir aqui
dizer que não é assim. Pode vir aqui tentar provar que isso que digo agride o
regime democrático. Vamos ver com quais argumentos.
Querem saber? O verdadeiro
protesto de trabalhadores é o que vai acontecer no domingo, já que
trabalhadores trabalham. O verdadeiro ato em defesa da Petrobras será o de
domingo, já que milhares de pessoas querem proteger a estatal da sanha dos
quadrilheiros.
Não! Este não é um editorial de
direita. Este é um editorial para pessoas direitas.
Por Reinaldo Azevedo
Sexta-feira, 13 de março, 2015