O isolamento social, adotado como medida
para conter a disseminação do novo coronavírus (covid-19), tende a aumentar o
consumo residencial de água e de energia elétrica. Apesar de, até o momento,
não haver números oficiais em âmbito nacional sobre o impacto da doença nas
contas pagas por esses serviços, especialistas consultados pela Agência Brasil
estimam que, dependendo do comportamento dos consumidores, o valor a ser pago
poderá aumentar, em média, entre 10% e 20%.
A
expectativa é de que, diante da nova situação, haja também uma mudança nos
hábitos dos consumidores residenciais, na direção de um consumo mais racional,
consciente e econômico dos recursos naturais, o que possibilita, inclusive, a
redução dos valores a serem pagos por esses serviços.
“Acreditamos
que esse momento será de grande aprendizado para quando tudo passar e que uma
nova consciência de consumo e de comportamento permanecerá. Estaremos sempre
muito mais atentos a novas possibilidades de hábitos e mais conscientes quanto
ao uso racional e econômico dos recursos naturais”, disse Octávio Brasil, da
CAS Tecnologia, empresa que atua no desenvolvimento de soluções para redes de
água e energia.
Segundo
Octávio Brasil, diante das mudanças de rotina causadas pela covid-19, houve uma
mudança no padrão de consumo, com forte redução de demanda no comércio e na
indústria e crescimento do setor residencial.
“Normalmente
nem todas as pessoas têm uma boa percepção de seu consumo de energia, água e
gás. Elas sabem quanto pagam, mas raramente conhecem o motivo e como fazer para
economizar. Nesse momento, com muita gente trabalhando em casa, surpresas podem
ocorrer, pois é natural que o consumo seja alterado por causa do maior tempo de
permanência nas residências”, disse.
O
especialista, no entanto, pondera que tudo depende do comportamento de cada
consumidor. “Alguns, com preocupações financeiras devido a uma possível redução
de renda, podem estar mais atentos a todos os tipos de gastos. Outros,
trabalhando em regime de home office, além da permanência de toda a família em
casa, podem ter alterações entre 10% e 20% nessas contas. Mas, isso também
depende do tamanho da família e da quantidade de pessoas que residem no mesmo
local”.
Octávio
Brasil sugere, no caso da conta de energia, medidas que vão além do uso
consciente, para evitar o desperdício. “É possível, ao consumidor, avaliar se é
vantagem aderir à Tarifa Branca, pois o custo da energia é mais barato nos
horários fora de ponta”, referindo-se a essa modalidade vantajosa para aqueles
que possam deslocar parte considerável do seu consumo de energia nesses
períodos.
“Com
a adoção [da Tarifa Branca], é possível ter uma economia na conta de energia de
até 17%”, acrescenta.
Criada
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Tarifa Branca começou a
vigorar em janeiro de 2020 para todos consumidores de baixa tensão (em geral,
residências e pequenos comércios).
Nela,
o valor da tarifa de energia varia de acordo com o horário do seu consumo. Nos
dias úteis, o preço pago pela energia é dividido em três faixas horárias de
consumo. No horário de ponta (17h30 às 20h30), a tarifa fica mais cara que a
tarifa convencional. Na faixa intermediária (16h30 às 17h30, retornando das
20h30 às 21h30), o custo também é maior.
Já
no horário fora de ponta (das 21h30 às 16h30 do dia seguinte), a tarifa para o
consumidor é mais barata se comparada à cobrada no modelo tradicional. Sábados,
domingos e feriados contam como tarifa fora de ponta nas 24 horas do dia.
Consumidores
interessados em aderir a essa modalidade de tarifa precisam entrar em contato
com a concessionária de energia de sua região. De acordo com a CAS Tecnologia,
em um prazo de 30 dias será instalado um novo medidor na unidade consumidora. A
empresa, no entanto, alerta que é preciso atenção. "Se a energia for
utilizada durante o horário de ponta, a tarifa pode ficar até 83% mais cara”.
No
caso da conta de água, especialmente nos condomínios, Octávio Brasil sugere a
adoção de um sistema de medição individualizada, por ser mais justo porque o
valor pago é correspondente ao consumo de cada residência, de forma a evitar
que o custo do consumo excessivo de uma unidade acabe sendo arcado pelos demais
condôminos.
Um
levantamento apresentado pela CAS, feito pelo Grupo Hupert, que administra
condomínios, aponta que o gasto com água é a segunda maior despesa dos
condomínios, abaixo apenas de mão-de-obra e encargos. Ele responde por cerca de
15% do total dos gastos do condomínio. Tendo por base esse estudo, a CAS estima
que, com a individualização do consumo de água, a economia gerada na conta do
condomínio pode chegar a 35%.
“Como
a conta de água é dividida entre todos os apartamentos, é muito mais difícil
combater o desperdício, já que o morador não sente no bolso a diferença entre
gastar e poupar”, acrescenta o especialista em medição individualizada da CAS,
Marco Aurélio Teixeira. (ABr)
Sábado,
02 de maio, 2020 ás-11H:00