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“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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16 abril, 2024

CONHEÇA 8 FATORES QUE PODEM CAUSAR LAPSOS DE MEMÓRIA NO DIA A DIA

 


A maioria das pessoas tem lapsos de memória de vez em quando. Não é difícil encontrar quem comente que saiu para fazer compras no supermercado, por exemplo, e voltou sem vários itens. Ou alguém que diga que não se recorda onde deixou os óculos ou as chaves do carro. Alguém que abra a geladeira, mas não se lembre exatamente do que foi buscar. Ou ainda quem esteja conversando e, de repente, fique em silêncio alguns segundos porque não se recorda daquela palavra óbvia, que deveria estar na ponta da língua.

 

Casos assim fazem parte da rotina de qualquer pessoa, mas o aumento da frequência desses lapsos de memória tem feito muita gente pensar que pode ter algum problema grave de saúde envolvido, algo como Alzheimer precoce e até mesmo um tumor. Na maioria das vezes, os lapsos acontecem por questões comportamentais mesmo – mas há casos que requerem o aconselhamento profissional, claro.

 

A Agência Einstein ouviu especialistas e elencou várias razões que podem causar os lapsos de memória.

 

1 – Sobrecarga na rotina e estresse

O cérebro tem a função de memória de curto prazo, que é a capacidade de manter todas as informações disponíveis por um curto período de tempo. O processo para transformar essa memória de curto prazo em uma de longo prazo é complexo. Assim, o excesso de informações do nosso dia a dia, associado ao acúmulo de estresse, pode deixar o nosso cérebro sobrecarregado e afetar diretamente a nossa capacidade de memória, que falha em alguns momentos.

 

“A sobrecarga na rotina e o estresse podem ocasionar lapsos de memória à medida que o nosso corpo produza respostas sistêmicas para esse estresse, inclusive modificações em certas regiões do cérebro responsáveis pela memória. Os processos cognitivos são afetados e dificultam a inserção de detalhes e a integração de novas informações em nossas memórias”, explica o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

2 – Ansiedade ou depressão

Existem, sem dúvida, casos de lapsos de memória que estão associados a algum problema de saúde, especialmente ansiedade e depressão, que podem afetar a memória de diferentes maneiras.

 

Por exemplo: alguém com ansiedade pode ter dificuldade em se concentrar e processar informações, resultando em lapsos de memória temporários. Já uma pessoa com depressão pode ter a sua capacidade de retenção de informações no cérebro prejudicadas devido a alterações nos neurotransmissores. “Um exemplo comum é esquecer compromissos ou detalhes importantes do dia a dia devido a essas condições”, explica a neurologista Polyana Piza, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

 

O psiquiatra Kanomata diz ainda que os transtornos mentais comumente expressam sintomas cognitivos, entre eles, os prejuízos na memória. “Um dos principais mecanismos que levam a isso se relaciona ao mesmo processo ligado ao estresse em regiões específicas do cérebro, que podem afetar, a longo prazo, o desempenho cognitivo”, alertou.

3 – Noites maldormidas

Não é de hoje que as pessoas dormem mal – estima-se que 30% das pessoas tenham algum distúrbio do sono, como a insônia. Segundo a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein, as pessoas frequentemente não priorizam a qualidade do sono.

 

“Muitos vão para cama mais tarde do que precisam. Na cama, olham o celular e outras telas, o que inibe a produção e a liberação de melatonina. As pessoas acabam dormindo vencidas pelo cansaço, e não de forma natural, que seria o corpo relaxar e se preparar para o sono. E elas têm que acordar muito cedo. A consequência é que a maioria está em privação de sono e isso pode causar dificuldade de concentração, de lembrar palavras, de compreender um contexto. É o efeito do cansaço que não foi recuperado”, explica a especialista.

 

De acordo com a neurologista, problemas com o sono alteram o mecanismo da atenção. “Muitas vezes, quando o nosso cérebro não está descansado o suficiente, ele gasta energia se ocupando em permanecer vígil. A necessidade de o cérebro manter a vigilância suplanta a capacidade de nos mantermos atentos e pode causar problemas de memória”, diz.

 

Além disso, como estão muito privadas de sono, as pessoas têm episódios de sono muito curtos (chamados microssonos). “É muito comum que as pessoas em privação de sono deem aquela ‘pescadinha’ às vezes, sem perceber. Quando isso acontece, a informação que ela estava adquirindo é parcialmente quebrada. Isso faz com que a pessoa não consiga estar atenta ao que está acontecendo porque ela está preocupada em se manter acordada. Como a informação não foi armazenada pelo cérebro, causa os lapsos de memória”, alerta.

 

Soster ressalta também que o uso excessivo de telas e mídias sociais deixa o cérebro “destreinado” para armazenar informações. As pessoas usam muitas mídias ao mesmo tempo, que estimulam o prazer imediato. Isso é como destreinar o cérebro a ter uma leitura mais longa e aprofundada. Muito provavelmente, as pessoas com queixas de memória não estão conseguindo se concentrar em uma leitura. É como se o cérebro estivesse sendo treinado a ter raciocínios mais curtos, e não mais densos”, diz.

 

A especialista reforça que, se nenhum desses fatores comportamentais estiverem presentes quando avaliamos o que causa os lapsos de memória, é importante procurar uma avaliação adequada para ver se não é uma questão mais profunda.

4 – Início da menopausa

A menopausa é marcada pela última menstruação, que geralmente ocorre entre os 45 e 55 anos. Nessa fase, o corpo da mulher passa a sofrer diversas mudanças hormonais e, entre os sintomas mais clássicos, está, sem dúvida, o fogacho (ondas de calor). Mas eles não são os únicos – os lapsos de memória e a falta de atenção também são sinais que se manifestam mais frequentemente do que se imagina.

 

A queda nos níveis hormonais se manifesta por meio de diversos sintomas físicos e mentais, incluindo os transtornos cognitivos, com impacto na memória, na linguagem e até na orientação de tempo e espaço. Chamados de “névoa mental”, esses sintomas costumam permanecer por cerca de quatro anos.

 

“Durante a menopausa, as mudanças hormonais podem afetar a memória em algumas mulheres. Por exemplo, elas podem ficar mais dispersas e sem foco, esquecer as palavras no meio da frase, ter dificuldades para lembrar o que ia dizer ou para concluir o raciocínio, ter dificuldade em lembrar onde colocaram objetos, esquecer compromissos ou ter problemas para se concentrar em tarefas mentais”, diz Piza, neurologista do Einstein.

 

5 – Alimentação desregulada

Uma alimentação inadequada também pode afetar a memória, uma vez que uma dieta pobre em nutrientes essenciais, como vitaminas do complexo B, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes são importantes para a saúde cerebral.

 

Somando-se a isso, dietas ricas em alimentos ultraprocessados, gorduras saturadas e açúcares podem levar a um estado crônico de inflamação no corpo, incluindo o cérebro. A inflamação crônica está associada a danos nas células cerebrais e ao comprometimento da função cognitiva, incluindo a memória.

 

“Os ácidos graxos ômega-3 presentes nos óleos de peixes, compostos polifenólicos (por exemplo, flavonoides de cacau) e compostos antioxidantes (como as vitaminas A, C e E) têm sido associados à melhora da memória. Entretanto, mais do que se focar em um nutriente ou um produto alimentício único, a atenção deve estar direcionada aos alimentos integrais e padrões alimentares. Em situações cotidianas, os indivíduos consomem padrões dietéticos que envolvem interações complexas entre os nutrientes. Assim, não adianta suplementar cápsulas de ômega-3 ou outra vitamina específica e consumir frequentemente frituras e alimentos ultraprocessados”, alerta a nutricionista Serena Del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein.

 

6 – Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

De acordo com a neurologista Piza, adultos com TDAH podem experimentar problemas de memória devido à dificuldade em manter o foco e a atenção. Por exemplo, eles podem esquecer compromissos, perder objetos com frequência e ter dificuldade em lembrar detalhes de conversas recentes. Um exemplo seria uma pessoa com TDAH que constantemente precisa fazer anotações para lembrar tarefas simples do cotidiano.

 

De acordo com o psiquiatra Kanomata, no caso do TDAH, as falhas na memória decorrem do desvio da atenção para onde a pessoa deveria estar focada. “Pessoas com TDAH têm frequentemente dificuldade em manter a atenção ou prestar atenção em detalhes, se distraem com facilidade. Consequentemente, a qualidade de como as informações são registradas na memória é comprometida e, no momento da evocação dessas memórias, se destacam esses lapsos”, explica.

 

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7 – Infecções prévias

Muitas pessoas que foram infectadas pelo coronavírus passaram a relatar falta de concentração, esquecimento e sensação de cansaço mental após a infecção. Segundo Piza, alguns estudos sugerem que a infecção por covid-19 pode causar problemas cognitivos, incluindo lapsos de memória, conhecidos como “mente nebulosa” e “névoa cerebral”. “Há casos de pacientes que se recuperaram da covid-19 e relataram dificuldades em lembrar palavras comuns, nomes de pessoas conhecidas e eventos recentes. Não se sabe ao certo o mecanismo exato fisiopatológico que leva a esses episódios, mas acredita-se que seja algo transitório”, diz.

 

Kanomata ressalta que qualquer infecção que afete o sistema nervoso central – e não apenas a covid-19 – pode levar a episódios com lapsos de memória. “Está bem reconhecido na literatura que a infecção por covid-19 pode manifestar sintomas neuropsiquiátricos, inclusive da memória, podendo persistir após a infecção aguda, sendo chamados comumente de Covid longa. Desses casos, cerca de um terço acaba reportando queixas com relação à memória de curto prazo”, afirma.

 

8 – Sinais de algo mais grave (tumor, Alzheimer precoce)

De acordo com Piza, lapsos de memória persistentes, especialmente quando acompanhados por outros sintomas preocupantes ou déficits neurológicos associados, podem indicar condições mais sérias que precisam ser avaliadas por um especialista.

 

“Esquecer o nome de uma pessoa ocasionalmente é normal, mas esquecer nomes de pessoas conhecidas repetidamente ou não reconhecer pessoas próximas pode ser um importante sinal de alerta. Além disso, confusão mental, dificuldade em realizar tarefas simples do dia a dia e mudanças na personalidade são sinais que devem ser avaliados por um médico neurologista”, frisa.

 

Kanomata reforça que é importante sempre investigar as possíveis causas dos esquecimentos frequentes. “Na consulta, o médico investigará não somente a queixa de esquecimento, como também outros sintomas que possam estar presentes. O conjunto deles pode confluir para outros diagnósticos. Além do atendimento clínico, exames complementares podem ser pedidos pelo médico para auxiliar no processo investigativo”, diz.

 

O que fazer para prevenir?

De acordo com Kanomata, o manejo do estresse pode ajudar muito a reduzir os lapsos de memória. Isso inclui ter hábitos de vida saudáveis, entre eles evitar o consumo de álcool, tabaco e drogas, realizar atividade física regularmente e manter uma alimentação saudável. Além disso, outras estratégias são benéficas, como a meditação e a acupuntura.

 

“Nos casos em que se perde o equilíbrio entre estresse e saúde, é o momento em que podemos estar diante do comprometimento de nossa saúde mental e a procura por profissionais especializados deve ser indicada”, diz.

 

Piza destaca também que é importante estabelecer algumas estratégias, como organização do tempo, técnicas de relaxamento e cuidados com a saúde geral. Ela ressalta ser necessária estimular o cérebro com atividades desafiadoras, como aprender um novo idioma, praticar instrumentos musicais ou participar de jogos que envolvam o raciocínio.

*Estadão

Terça-feira, 16 de abril 2024 às 11:46


 

26 fevereiro, 2024

COMO O CHEIRO DA PESSOA COM DIABETES PODE SER UM SINAL DE ALERTA?

Você sabia que cada pessoa possui um cheiro único? Pois é! De acordo com especialistas, é possível identificar, inclusive, problemas de saúde somente a partir dos odores liberados pelo organismo. Um odor excessivamente doce na urina ou mudanças no hálito, por exemplo, podem indicar a necessidade de um exame para diabetes. Por isso, fique atento ao cheiro que o seu corpo libera, pois ele pode trazer pistas do quão saudável você está no momento.

 

Esse conhecimento de que o cheiro de uma pessoa está relacionado ao risco de desenvolvimento de certas doenças é antigo, com registros desse tipo de análise desde a Grécia Antiga. Naquela época, o olfato era bastante utilizado como forma de identificar complicações. Ao identificar mau hálito, por exemplo, era comum associá-lo com doenças do fígado, como a insuficiência hepática. Já para outros casos, os indicativos eram associados ao cheiro do corpo, como é o caso do diabetes.

 

Essa associação entre um tipo de cheiro e a possível manifestação de uma doença, estão diretamente relacionadas com os compostos orgânicos voláteis (VOCs), liberados constantemente pelo nosso corpo. Costumam ser emitidos pela pele, suor, respiração, urina e até pelas fezes.

 

Além de ser um sinal de alerta precoce, o odor emanado por pessoas com diabetes pode fornecer pistas valiosas sobre condições específicas, como a cetoacidose, e até mesmo sobre o uso de medicamentos para o controle da doença.

 

O odor liberado pelo corpo e a cetoacidose

 

A cetoacidose diabética é uma complicação séria, muitas vezes associada à diabetes não controlada, ocorrendo mais comumente em pessoas que convivem com o diabetes tipo 1. Trata-se de uma emergência médica, quando os níveis de açúcar no sangue do paciente estão muito altos.

 

Nesse estado, por causa da falta de insulina no organismo, o corpo queima gordura de maneira inadequada, levando à produção excessiva de cetonas. Estas, por sua vez, podem gerar um odor de acetona no hálito da pessoa afetada, pois desequilibram o pH do sangue e, caso não for tratado, pode levar ao coma e ser fatal.

 

Para prevenir episódios de cetoacidose diabética, alguns cuidados podem ser importantes aliados:

 

    Aplicação correta das injeções de insulina

    Realização das medidas da glicemia capilar com o glicosímetro ou sensor de glicose

    Acompanhamento médico regular

    Controle alimentar para evitar alimentos com alto teor de açúcar e que podem levar à cetoacidose.

 

Medicamentos e Compostos Orgânicos Voláteis

 

O uso de medicamentos para controlar a diabetes também pode influenciar o odor corporal. Alguns medicamentos, como os que promovem a eliminação de glicose pela urina, podem contribuir para mudanças no cheiro que a pessoa libera. Isso ocorre devido às alterações nos processos metabólicos e na eliminação de substâncias específicas que podem ser detectadas pelo olfato.

 

Abordagem completa para o diagnóstico precoce e tratamento

 

A compreensão da relação entre o cheiro corporal, cetoacidose e o uso de medicamentos permite uma abordagem mais completa no diagnóstico e tratamento da diabetes. A detecção precoce de mudanças no odor corporal pode alertar os pacientes e profissionais de saúde sobre a necessidade de ajustes na medicação, monitoramento mais rigoroso ou intervenções urgentes, como internações, a fim de evitar complicações mais graves.

 

A relação entre o cheiro da pessoa com diabetes, cetoacidose e o uso de medicamentos oferece uma visão mais assertiva sobre a complexidade dessa condição de saúde. Caso identifique qualquer alteração significativa no cheiro liberado pelo seu organismo ou hálito, portanto, procure um médico. Sinais como boca seca, aumento do volume de urina, aumento dos níveis de açúcar no sangue, mal-estar, vômitos e dor abdominal também merecem atenção!

*IG

Segunda-feira, 26 de fevereiro 2024 às 14:12