Já era esperado que a candidatura de Sérgio Moro provocasse um gigantesco festival de Fake News. Pelo que tenho lido, trata-se de um magistrado que nunca agiu como juiz, nunca desejou combater a corrupção, tinha apenas uma ideia fixa de destruir o político mais honesto do Brasil, nosso honorável ex-presidente Lula, aquele que montou o maior esquema de corrupção da História da Humanidade.
Dizem também que Moro era agente da CIA, ao mesmo tempo atuava a favor de Bolsonaro (que nem existia em 2014/15) e era também lambe-botas do PSDB, e por aí vai. São argumentos hilários e infantis.
O mais impressionante é que o PT, com absoluto controle ideológico das universidades e outros níveis de ensino no Brasil, influindo na formação de advogados, promotores e juízes nos últimos 40 anos, não conseguiu encontrar alguém para fazer o papel de Moro e combater a corrupção. Pelo contrário, o partido assumiu o controle das quadrilhas de empreiteiras, através de seu secretário João Vaccari, que recolhia as propinas. Lembram?
Surge uma indagação. Ninguém se dispôs a fazer isso no PT ou o combate a corrupção é algo visceralmente contra a essência do partido que se diz de esquerda e por tanto tempo exerceu o poder no Brasil?
Coerência não é forte dos opositores a Moro. Para disfarçar, chamam isso de isenção, comportamento republicano, respeito às leis, chega a ser engraçado.
Pensei sempre (antes de acontecer) que Moro jamais deveria ter se juntado a Bolsonaro. Votei em Bolsonaro, para me livrar de uma dinastia petista, mas de imediato percebi que havia embarcado em uma grande furada.
O episódio Moro selou definitivamente meu conceito sobre Bolsonaro. Vale a adaptação do velho ditado, feita pelo Barão de Itararé: “De onde menos se espera, dali mesmo é que nada vai sair”. É o efeito Bolsonaro, ninguém esperava tanta maluquice.
Apesar de Moro representar, mais uma vez, a ilusão de que, elegendo-se apenas o presidente, podemos esperar um futuro melhor, vale o risco. Não importa que o Congresso seja um poder podre e carcomido, que dificulta muito a condução séria do país. Um presidente ainda pode muito, porque tem como galvanizar o povo e conduzir ao debate do que realmente interessa ao grande povo.
Tenho dúvidas de que a eleição de um presidente resolva algo, mas se é para eleger alguém, para mim, por enquanto, o melhor é o candidato Moro.
As coisas podem ser simples e diretas. Atacar Moro é ser contra a Lava Jato. Ora, quem faz críticas à Lava Jato é contra o combate a corrupção. Bem, quem apoia a corrupção é corrupto, trabalha para corrupto ou espera ardentemente passar a ser. Simples assim. Raciocínio cartesiano, verdadeiramente aritmético.
Argumentos furados, manobras diversionistas, discursos indignados contra Moro, tudo isso apenas esconde o comportamento corrupto das elites que comandam o país.
Mas neste Brasil de fanáticos, que têm alinhamento canino e sem noção, tudo e possível, porque nem todo petista é corrupto e muitos bolsonaristas são pessoas de boa índole, devemos reconhecer.
No meio dessa confusão à brasileira, só falta os petistas e bolsonaristas tirarem de Moro a bandeira do combate à corrupção, para se apropriarem dela. Seria a perfeição em matéria de Fake News.
*Tribuna da Internet
Sexta-feira, 5 de novembro 2021 às 11:55
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