Você acorda, leitor amigo, e se
pergunta, antes mesmo de lavar o rosto para se livrar dos humores do sono:
“Hoje haverá manifestação dos sem-o-quê? Será dos sem-terra? Será dos sem-teto?
Será dos sem-eira-nem-beira?” A expressão “sem eira nem beira”, diga-se,
originalmente, queria dizer “sem-terra (eira) nem beira (casa — numa referência
ao beiral do imóvel). Com o tempo, como é sabido, passou a designar as pessoas
que saem por aí, a fazer o que lhes dá na telha, livremente, sem prestar
satisfações a ninguém, muito especialmente à lei. Ah, você… Você é um pagador
de impostos, um trabalhador, alguém que ganha a vida segundo a predição
bíblica: com o suor do seu rosto
Nesta quinta, paulistanos e
brasileiros de todos os lugares, a Avenida Paulista e imediações foram tomadas,
mais uma vez, pela manifestação dos “sem-alguma-coisa”. No caso, eram os
sem-terra de José Rainha — não os de João Pedro Stedile — e os sem-teto de
Guilherme Boulos. Todos eles são, claro, “militantes profissionais”. Alguém
lhes paga as contas — ou, é evidente, estariam fazendo como toda gente, como
você faz: trabalhando. Não! O trabalho deles é lutar por aquilo que consideram
“a causa” e transformar a sua vida num inferno. Eles estão livres da maldição
bíblica.
Os “sem-terra” de Rainha se
autodenominam “Frente Nacional de Lutas”. Seu símbolo é uma estrela vermelha,
igualzinha à do PT, num círculo branco, com a sigla FNL inscrita no centro do
ícone. Coincidência? Não! Há mais do que identidade aí. Rainha é um conhecido
militante petista, e seu movimento é apenas uma das franjas do partido. Na
passeata, que parou avenidas e gerou transtornos no trânsito, os ditos
sem-terra carregavam uma faixa em que se lia: “Liberdade aos presos políticos
do PT: Zé Dirceu, Genoino, João Paulo e Delúbio”. Três deles, como se sabe,
foram condenados por corrupção ativa; o outro, por corrupção passiva e
peculato.
Vale dizer: o seu direito de ir e vir,
pagador de impostos, é obstado por pessoas que, sob o pretexto de sair às ruas
para cobrar reforma agrária, conduzem faixas fazendo a defesa de criminosos —
criminosos que avançaram, diga-se, sobre o dinheiro público.
Sim, também estava lá o tal Movimento
dos Sem Teto, que, há dias, agredindo a Constituição, cercou uma casa
legislativa, a Câmara dos Vereadores, e arrancou de vereadores acovardados, no
berro, a legalização de invasões. Guilherme Boulos, o líder, é agora um
agenciador de mão de obra para protestos. Quem quer que tenha uma causa pode
pedir a ajuda deste grande líder, e ele põe a sua tropa na rua. Assim, o MTST
assume as características de uma milícia ou de uma agência de mercenários —
ainda que a compensação seja, sei lá, apenas ideológica.
E você, leitor amigo? É o quê?
Você é um sem-direitos.
Você e um sem-Constituição.
Você é um sem-Código-Penal.
Você é um sem-poder-público.
Você é um sem-ONG.
Você é um sem-movimento-social.
Você e um sem-Constituição.
Você é um sem-Código-Penal.
Você é um sem-poder-público.
Você é um sem-ONG.
Você é um sem-movimento-social.
A você, em suma, cabe trabalhar para gerar a
riqueza que outros que também não trabalham proclamarão, no horário eleitoral
gratuito, ter distribuído.
Até quando?
Por Reinaldo
Azevedo
Sexta-feira,
4 de julho, 2014.
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