Em
uma nova radicalização de seu discurso, o presidente Jair Bolsonaro acusou
nesta segunda-feira, dia 7, a imprensa de mentir e difamar e questionou se o
objetivo dos veículos de comunicação é derrubá-lo do cargo. Ao deixar o Palácio
da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de simpatizantes, ele afirmou que a
cobertura da mídia ao seu governo não pode continuar com “covardia” e
“patifaria”.
“Eu
lamento a imprensa brasileira agir dessa maneira. O tempo todo mentindo,
distorcendo, difamando. Vocês querem me derrubar? Continuem mentindo”, disse.
As críticas do presidente foram direcionadas à Folha e ao jornal Correio
Braziliense.
CAIXA
2 – No domingo, dia 6, a Folha revelou que um depoimento e uma planilha obtidos
pela Polícia Federal sugerem que recursos do esquema de candidaturas laranjas
do PSL em Minas Gerais foram desviados para abastecer, por meio de caixa dois,
a campanha de Bolsonaro.
A
partir das informações, a Polícia Federal sugeriu ao Ministério Público a
abertura de uma segunda investigação em decorrência do escândalo em Minas
Gerais, desta vez especificamente para as contas de campanha do ministro do
Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
Segundo
reportagem publicada pela Folha, um depoimento dado à Polícia Federal e uma
planilha apreendida em uma gráfica sugerem que dinheiro do esquema de
candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais foi desviado para abastecer, por
meio de caixa dois, as duas campanhas.
CAMPANHAS
– O depoimento foi dado por Haissander Souza de Paula, assessor parlamentar de
Álvaro Antônio à época e coordenador de sua campanha a deputado federal no Vale
do Rio Doce (MG). Ele disse à PF que “acha que parte dos valores depositados
para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de
campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro”.
Em
uma planilha, nomeada como “MarceloAlvaro.xlsx”, há referência ao fornecimento
de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão “out”, o que
significa, na compreensão de investigadores, pagamento “por fora”.
ESTABILIDADE
– Já o Correio Braziliense, em reportagem nesta segunda-feira, dia 7, afirmou
que o presidente encaminhará ao Poder Legislativo projeto de reforma
administrativa que deve prever o fim da estabilidade para servidores públicos.
“De
novo hoje, capa do Correio Braziliense, que eu vou acabar com a estabilidade do
servidor. Não dá para continuar com tanta patifaria por parte de vocês. Isso é
covardia e patifaria. Nunca falei nesse assunto. Querem jogar o servidor contra
mim. Como ontem a Folha de S.Paulo querendo me ligar ao problema de Minas
Gerais. Um esgoto a Folha de S.Paulo”, criticou Bolsonaro.
RECOMENDAÇÃO
– Por uma recomendação da área de Comunicação, o presidente não tem mais
respondido a perguntas dos veículos de imprensa na entrada do Palácio da
Alvorada, onde ele costumava promover entrevistas diárias. A mudança ocorreu no
final do mês passado, após ele ter se irritado com a cobertura da imprensa
brasileira sobre seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU.
A
orientação foi para que o presidente converse apenas com os eleitores
presentes, destacando pautas positivas e evitando assuntos incômodos de sua
administração, como o fato de ele não ter se pronunciado sobre a morte da
menina Ágatha Félix, do Rio de Janeiro.
PAUTAS
NEGATIVAS – Para desviar de pauta negativas, o presidente também suspendeu os
cafés da manhã que promovia com veículos de imprensa. No último deles, em
julho, Bolsonaro se referiu a nordestinos como “paraíbas” e disse que não havia
fome no Brasil.
Neste
domingo, o chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da
Presidência da República, Fabio Wajngarten, sugeriu um boicote publicitário a
veículos de imprensa que produzem, no seu entender, “manchetes escandalosas”.
O
presidente também fez referência às empresas que são anunciantes na Folha. “O
que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse jornaleco
chamado de Folha de S.Paulo”, disse no domingo. Em uma nota conjunta, a
Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) disseram
condenar a manifestação e repudiar a conclamação feita pelo secretário aos
anunciantes.
(Folha
de São Paulo)
Segunda-feira,
07 de outubro ás 12:00
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