Quando
o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira visitou Lula na cadeia em
Curitiba, no último dia 19 de maio, ele publicou um texto no Twitter dizendo
que o ex-presidente estava “em ótima forma física e psíquica” e que o projeto
dele era casar-se quando saísse da prisão. Muita gente acreditou que ele estava
realmente feliz e logo os holofotes se voltaram para a socióloga Rosângela
Silva, a Janja, sua noiva. Os dois pombinhos namoravam alegremente na cela da
PF do Paraná. Mas, agora sabe-se que a felicidade de Lula era farsesca. Na
verdade, o ex-presidente está desesperado. Depois de 14 meses atrás das grades,
ele não aguenta mais ficar preso. Está enlouquecendo. Teme envelhecer na
cadeia. Há dez dias, quando o STF analisou o pedido de habeas corpus de seus
advogados para colocá-lo em liberdade, ele até acreditou que poderia ser solto.
Com uma nova decisão contrária na Justiça, o desalento atingiu o ponto mais
alto em seus níveis de tensão e ansiedade. “Bateu o pânico em Lula”, dizem
amigos próximos.
Razões
para isso existem de sobra. Na semana que vem, o juiz Luiz Antonio Bonat,
substituto de Sergio Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba, deverá impor nova
condenação a Lula, desta vez no caso do recebimento de propinas da Odebrecht na
compra de um terreno para o Instituto Lula e de uma cobertura ao lado da sua em
São Bernardo do Campo, no valor de quase R$ 13 milhões. O petista pode pegar
outros 12 anos de cadeia, o que pode minar de vez sua resistência psicológica.
Para agosto, está marcada a continuidade do julgamento do habeas corpus em seu
favor, sob a alegação da suspeição do ex-juiz Sergio Moro no julgamento do
tríplex do Guarujá, mas os últimos acontecimentos no caso dos vazamentos
criminosos dos diálogos dos magistrados da Lava Jato acabaram virando um tiro
no pé dos defensores do ex-presidente. Afinal, as conversas não comprometeram a
imparcialidade de Moro e o episódio pouco ajudará na formação dos argumentos
que podem levar os ministros do STF a decidirem se soltam ou mantêm Lula preso.
Esse julgamento, iniciado em dezembro, já está 2 a 0 contra o ex-presidente
(votos de Cármen Lúcia e Edson Fachin). Faltam ainda os votos de Gilmar Mendes,
Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Gilmar e Lewandowski devem votar a favor
de Lula. A dúvida ainda reside sobre a posição de Mello. No julgamento do HC do
ex-presidente há dez dias, o decano votou por manter o petista encarcerado.
Em
carta à “Folha de S.Paulo” na quarta-feira 3, no entanto, Léo Pinheiro,
ex-presidente da OAS, aniquilou a tese da defesa do petista: confirmou que as
obras no tríplex do Guarujá e no Sítio de Atibaia foram mesmo parte da propina
recebida pelo PT. “Combinei com João Vaccari (tesoureiro do PT) que todos os
custos do tríplex e do sítio seriam descontados da propina nos contratos entre
a OAS e a Petrobras”, afirmou Pinheiro.
Outra
esperança, a votação no STF sobre a prisão após condenação em segunda
instância, também parece esvair-se. O presidente da Corte, Dias Toffoli, disse
na semana passada que fechou a pauta do ano e o assunto não foi contemplado.
“Pode até haver uma janela para discutir o tema, mas ele não está na pauta”,
disse ele, que tende a deixar a questão para 2020. A decisão do ministro
renovou sua frustração.
GEBRAN
Não deve aliviar
O
pior ainda está por vir. No segundo semestre, Lula deve receber uma nova
sentença em segunda instância. É que no último dia 15 de maio chegou ao
Tribunal Regional Federal da 4a Região o recurso para revisão da condenação à
qual foi submetido no caso do Sítio de Atibaia. Em fevereiro, a juíza Gabriela
Hardt, da 13a Vara Federal, o condenou a 12 anos e 11 meses de cadeia por ter
recebido propinas da OAS e Odebrecht para a reforma do local. O MPF apelou ao
TRF-4 pedindo aumento da pena de Lula. O destino está nas mãos do desembargador
João Pedro Gebran Neto, relator do processo no TRF-4. Gebran é tido como linha
dura e, no julgamento do tríplex, foi o responsável por aumentar da pena do
petista de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês.
Como
o TRF-4 trabalha com rapidez na análise desses recursos (no caso do tríplex o
processo levou apenas seis meses tramitando), é possível que até novembro Lula
amargue mais uma condenação em segunda instância. Assim sendo, mesmo que
consiga a hipotética liberdade em agosto, terá que voltar para a cadeia três
meses depois para cumprir uma nova pena de quase 13 anos atrás das grades. Como
ele está com 73 anos, pode sair da prisão com 86 anos. É o que o atormenta.
O
ex-presidente petista pode ficar na prisão até os 86 anos de idade, se for
condenado de novo (IstoÉ)
Sexta-feira, 05 de julho,
2019 ás 18:00