Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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24 abril, 2017

DELATOR DIZ QUE PERILLO PEDIU R$50 MILHÕES, MAS SÓ LEVOU R$8 MILHÕES




O governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB-GO) pediu, em almoço com executivos da Odebrecht, contribuição de R$ 50 milhões da empreiteira para a campanha de reeleição, em 2014, segundo delatores.

Executivos da construtora relatam que, à mesa, o tucano teria ressaltado as obras da empresa no Estado que governa e afirmou que gostaria de uma contribuição ‘do tamanho da Odebrecht’ na região, de R$ 50 milhões de reais.

A empreiteira acabou pagando caixa dois de R$ 8 milhões à campanha de Perillo, de acordo com os depoimentos. Em 2010, o tucano já havia recebido R$ 2 milhões de caixa dois à primeira campanha, ainda segundo os executivos.

A empreiteira explica, em delação premiada, que o Estado de Goiás abriga ‘o maior potencial para obras de saneamento do país’, em uma região no entorno de Brasília. De acordo com dados da Odebrecht entregues ao Ministério Público Federal, desde 2008 a construtora busca desenvolver um ‘projeto de concessão’ naquela área.

O ex-presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, relata ter sido apresentado, em 2010, a Perillo, durante um jantar na casa do então senador Demóstenes Torres (DEM/GO) – antes do encontro, afirmam os delatores da Odebrecht, Demóstenes já havia acertado o financiamento de R$ 6 milhões operacionalizados via caixa dois para a campanha ao Senado, onde ele ocupou cadeira entre 2003 e 2012, quando foi cassado por quebra de decoro parlamentar.

Tanto Demóstenes quanto Perillo prometiam à empreiteira engajamento para projetos de privatização do saneamento do entorno goiano de Brasília.

De acordo com Fernando Reis foram pagos R$ 2 milhões à campanha de Perillo, em 2010. O codinome do então senador candidato ao governo estadual no sistema Drousys, de operacionalização de repasses da empreiteira a políticos, era ‘Calado’. “Porque nesse jantar ele falou muito pouco, foi muito cuidadoso nas palavras, ele falou pouquíssimo nesse jantar, tanto ele quanto a esposa”, relata Fernando Reis em sua delação à força-tarefa da Operação Lava Jato.

O executivo afirmou que, com a deflagração da Operação Monte Carlo – que investigava as relações de políticos com o contraventor Carlinhos Cachoeira e a Delta Engenharia -, os projetos prometidos à Odebrecht foram paralisados.

“O processo morreu em seguida [das eleições], porque foram eleitos [Perillo e Demóstenes] em 2010 para iniciar o mandato em 2011. Houve uma iniciativa do senador e, em seguida, veio a Operação Monte Carlo, que desmascarou o Demóstenes, e uma das ligações [grampeadas] da Monte Carlo cita o nosso interesse em participar dessa licitação. Uma ligação do funcionário da Delta que cita o Demóstenes e fala do interesse em participar desse projeto”.

Para a campanha de 2014, mais uma vez, executivos da Odebrecht dizem ter sido procurados pelo governador tucano. A secretária do chefe do Executivo goiano teria ligado para a secretária de Marcelo Odebrecht para marcar um almoço, que acabou sendo agendado para março daquele ano, no escritório da construtora.

“A intenção do governador ao marcar o almoço foi justamente ressaltar a forte presença das empresas do Grupo no Estado de Goiás, reforçar seu apoio aos investimentos do Grupo e, consequentemente, requerer o que ele chamou de ‘uma contribuição de campanha equivalente a nossa presença’ e que no segundo mandato daria continuidade aos investimentos, gerando mais obras no setor de infraestrutura”, afirma Reis.

Quando Marcelo Odebrecht se ausentou da mesa, após o almoço, o executivo relata ter acompanhado Perillo até o elevador. Nesse momento, afirma Reis, o governador teria pedido a ‘contribuição de R$ 50 milhões’. “Eu disse para ele que essa contribuição é absolutamente… não existe nesse sentido”.

A empreiteira então teria se comprometido a doar R$ 8 milhões, via caixa dois, para a campanha do tucano à reeleição. O contato entre o governador e os empresários teria se dado entre Alexandre Barradas e João Pacífico, da Odebrecht, e o interlocutor do ex-governador Jayme Rincon. O departamento de propinas então operacionalizou os pagamentos para o governador, dessa vez sobre o codinome ‘Master’, afirmam os delatores.

Barradas, que manteve contato com Jayme Rincon, hoje presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (AGETOP), relata que o representante de Perillo ‘ainda reclamou que a empreiteira teria definido o repasse de R$ 8 milhões, e não o valor de R$ 50 milhões pedido pelo tucano’.

“Fui, sentei com o Jayme, comuniquei o valor. Ele respondeu: ‘poxa, eu pensava que era mais substancial…’. Respondi: ‘O que eu tenho de determinação e liberação é esse valor, que já é muito, cara”.

“Conseguimos localizar entregas feitas no período eleitoral de 2014, na rua Luís Carlos Berrini, 1748, conjunto 2203, São Paulo, SP. Em pesquisa recente por fontes abertas, identificamos que neste endereço funciona a Smart Brasil, empresa ligada a Hilton José Pacheco, nome citado na Operação Caixa de Pandora, que tem a ver com Goiás”, relatou Fernando Reis.
Os diretores responsáveis pela execução dos pagamentos a Marconi Perillo apresentaram valores divergentes dos que foram informados pelo presidente da Odebrecht Ambiental.

Ricardo Roth Ferraz e João Pacífico alegam ter encontrado, no sistema do departamento de propinas da Odebrecht, repasses de R$ 500 mil reais, em 2010, e de R$ 2,75 milhões em 2014. (AE)

Segunda-feira, 24 de abril, 2017 as 14hs 30

23 abril, 2017

PGR PODE CANCELAR DELAÇÃO PREMIADA DE DELCÍDIO DO AMARAL




A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa a possibilidade de romper o acordo de colaboração premiada do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS) homologado em 2016. O revés para o ex-parlamentar é uma consequência das revelações dos ex-executivos Benedicto Júnior e Rogério Santos de Araújo, da Odebrecht, sobre repasses para campanhas eleitorais em contrapartida à atuação dele em casos de interesse da empreiteira.

Além do acordo de Delcídio, outras delações deverão ser reavaliadas pelo Ministério Público por causa das revelações da Odebrecht. O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco é outro que está na mira por conta das revelações do ex-executivo da Odebrecht Rogério Araújo. Segundo o delator, Barusco teria solicitado que ele guardasse em sua casa 24 garrafas de vinho de primeira categoria logo após o início da Operação Lava Jato. A informação não foi levada ao conhecimento dos investigadores à época da assinatura do seu acordo.

Entre as empreiteiras, ao menos a Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa já se preparam para rever seus acordos depois das delações da Odebrecht. As duas empresas assinaram seus acordos e deixaram de fora informações sobre algumas áreas agora delatadas pela empreiteira baiana. Também nesses casos a “punição” pela omissão pode ir de uma revisão das penas até o rompimento do acordo. O procedimento tem sido chamado de recall e deve levar ao surgimento de novos delatores e outras frentes de investigação.

Homologação

Ex-parlamentar pelo PT, Delcídio teve seu acordo de delação homologado em 15 de março de 2016 pelo ministro do STF Teori Zavascki, morto em janeiro em acidente aéreo. Delcídio decidiu colaborar com a Justiça após ser preso com base em gravação feita pelo filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Bernardo Cerveró gravou uma conversa com Delcídio na qual o senador cassado fala da intenção em ajudar na fuga de seu pai para a Espanha e sugere uma possível articulação entre ministros do STF para tentar soltar o ex-diretor.

Entretanto, nos 29 anexos baseados em depoimentos prestados entre 11 e 14 de fevereiro de 2016, Delcídio não aborda as informações entregues à PGR pela Odebrecht. Com o surgimento de novos fatos, a PGR vai decidir se as omissões podem ser corrigidas com o aditamento em condições mais duras ou se resultará na rescisão do acordo. O advogado Antônio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Delcídio, disse que não comentará a colaboração da Odebrecht.

Divergências

Em seu acordo, Delcídio foi taxativo ao afirmar que não recebeu qualquer valor em propina atrelada à Refinaria de Pasadena (EUA) e que nunca participou de reuniões sobre a obra.

Por sua vez, Rogério Araújo, ex-diretor da Odebrecht, relatou aos investigadores que o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque falou de uma reunião, em 2006, na qual a UTC Engenharia se comprometeu a pagar R$ 4 milhões a Delcídio, tendo como contrapartida a participação da empresa na obra de ampliação da refinaria nos EUA.

Araújo também abordou em sua delação um pedido de Cerveró, em 2010, para pagamento de contribuição à campanha de Delcídio como contrapartida a “eventual aprovação de projeto de gasoduto” a ser realizado por uma empresa da Petrobrás na Argentina. Delcídio não cita esses fatos de forma direta, apenas aponta ter pedido ajuda a Duque e Cerveró para pagar dívidas de campanha de 2006.

Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora Norberto Odebrecht, também citou repasses a ele. Delcídio não citou esses recebimentos. (AE)

Domingo, 23 de abril de 2017 as 11Hs00