Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

Seja nosso seguidor

Seguidores

12 agosto, 2015

LOBISTA FERNANDO MOURA, LIGADO A DIRCEU E AO PT, NEGOCIA DELAÇÃO




O empresário e lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura, elo do PT e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) na Petrobrás, negocia delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Os investigadores acreditam que as revelações de Moura fecham de vez o cerco a Dirceu.

Moura e Dirceu foram presos preventivamente dia 3 de agosto na Operação Pixuleco, 17.º capítulo da Lava Jato, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro desviado da estatal em contratos bilionários com o cartel formado pelas maiores empreiteiras do País.

A primeira sondagem para a delação do empresário ocorreu no início da semana. Moura demonstrou interesse, inicialmente, mas tem receio de sofrer retaliações. Por isso, as tratativas estão sendo realizadas com discrição e sob sigilo. Um dos principais investigadores da Lava Jato, peça central nos procedimentos de delação, viajou repentinamente. Quando retornar da viagem o acordo deverá ser retomado.


Fernando Moura seria um operador de propina que representava os interesses de Dirceu na Petrobrás. Foi ele o responsável por indicar o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque como cota do PT, no esquema de corrupção na estatal. Duque foi preso na Operação ‘Que País é esse?’ e já decidiu fazer delação premiada.

O nome de Duque, funcionário de carreira da estatal, foi apresentado por Fernando Moura a Silvio Pereira, então indicado por Dirceu para preencher cargos de primeiro escalão no governo que se iniciava, em 2003.

Desde então, a relação entre Moura e Dirceu se estreitou. Ficaram amigos. Todos os negócios relativos a Petrobrás que envolviam algum interesse do grupo de Dirceu na estatal passavam por Moura. Era ele o encarregado de fazer a ligação entre a Petrobrás, os operadores e os empresários.

“(Moura) já vem de muito tempo, desde o escândalo envolvendo o ex-tesoureiro do PT Silvinho que recebeu uma Land Rover (de empresa contratada pela Petrobrás)”, diz o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato. “Através de Fernando Moura, Renato Duque chegou à Diretoria de Serviços da Petrobrás. Esse esquema passa pela compra de apoio parlamentar, talvez seja o primeiro ponto. Passa por uma facilitação do núcleo das empreiteiras, pelo enriquecimento de algumas pessoas, caso de José Dirceu, enriquecimento pessoal, não mais do partido (PT).”

Segundo o Ministério Público Federal, o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da Lava Jato que incriminou o ex-ministro-chefe da Casa Civil, afirmou que ele e o irmão José Adolfo Pascowitch efetuaram pagamentos tanto a Fernando Moura ‘como a pessoas a ele ligadas, como seu irmão Olavo, seu filho Leonardo, suas filhas Lívia e Anitta e o sobrinho Tiago’.

A Procuradoria afirma que os pagamentos ocorreram na forma de ‘doações’, em um valor global de cerca de R$ 5,3 milhões, no período de 2009 a 2010. “A origem dos recursos, segundo o colaborador (Pascowitch), consistiu em propina de contratos da (empreiteira) Engevix para obras em Cacimbas II.”, destacou a força-tarefa da Lava Jato no pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu. (AE)

Quarta-feira, 12 de agosto, 2015

A FRENTE NADA AMPLA “FICA DILMA” – PRESIDENTE JANTA COM 5 MINISTROS DO STF, JANOT E PRESIDENTES DE OUTROS TRIBUNAIS E DA OAB



Estou preocupado com a silhueta de Dilma Rousseff. Vai voltar a engordar já, já. No dia 3, ela ofereceu um churrasco a presidentes e lideranças dos partidos aliados no Palácio da Alvorada. Na segunda, recebeu 43 senadores da base e 21 ministros. Nesta terça, foi a vez de juntar num convescote, atenção!, cinco titulares do Supremo — Ricardo Lewandowski (presidente), Dias Toffoli (que preside o TSE), Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin —, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot (olhem ele aí…); os presidentes dos demais tribunais superiores; o vice presidente Michel Temer; os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.

O pretexto do convescote? Comemorar o Dia do Advogado e a criação dos primeiros cursos jurídicos no país. Alguém acreditou nisso? Nem os gramados de Brasília. Essa gente brinca com fogo.

Aliás, a iniciativa não escapou à observação ferina do ministro Marco Aurélio, um dos seis ausentes do Supremo. Indagado se achava submissão ministro do STF em eventos assim, ele respondeu: “[Submissão] é a leitura que o leigo faz. Nós não ficamos submissos por aceitarmos o convite da presidente da República, mas aquele a quem devemos contas, que são os cidadãos, veem de outra forma, veem como se fosse algo em termos de cooptação. E isso não é bom, principalmente nesta época de crise”.

Em quatro dias, Dilma se encontrou com Janot duas vezes: no sábado, na conversa que mantiveram, ela anunciou que iria indicá-lo para mais dois anos à frente do Ministério Público — o que depende agora do Senado do neoestadista Renan Calheiros. A petista fez a indicação oficial nesta terça, quando tiverem novo teretetê. Acabam ficando íntimos. Ainda será o início de uma bela amizade, como o policial Louis e Rick, em Casablanca.

No jantar, ora vejam, Dilma falou sobre a importância de manter a harmonia entre os Poderes. Não citou Montesquieu, mas tenho a certeza de que a tentação lhe ficou na ponta da língua. Na sua vez de discursar, Ricardo Lewandowski, o presidente do Supremo, falou sobre a necessidade de se investir na estabilidade e de se ter compromisso com a legitimidade do mandato. Dilma fez um aceno com a cabeça, deixando claro que endossava a palavra do notável magistrado.

A presidente teve inúmeras outras oportunidades de fazer uma reunião assim. E nada! Agora, decide juntar à mesa o presidente de um tribunal que pode cassar a sua eleição; o presidente de outro, que pode cassar o seu mandato; o procurador-geral, que pode, se quiser, denunciá-la — sei que ele não fará isso, é claro! Nunca apostei que faria, como vocês sabem…

E, para coroar estes tempos viciosos, lá estava o presidente da OAB… Que coisa, né? Em 1992, o então presidente da Ordem, Marcello Lavenère, fez história assinando, em companhia de Barbosa Lima Sobrinho, a denúncia que resultou no afastamento de Collor. Em 2015, o presidente da Ordem se dedica a rapapés.

Convenham: as lambanças do governo Collor, em confronto com o que se tem aí, são  coisas de amadores prepotentes. Mas vocês sabem… Naqueles dias, os esquerdistas não davam muita bola para esse papo de, como é mesmo, Lewandowski?, “legitimidade do voto”. Foram descobrir isso bem mais tarde.

Essa gente não sabe que há hoje um Brasil que não dá a menor bola para os convescotes de Brasília. Ao contrário: esse tipo de arranjo só ajuda a botar ainda mais gente na rua.

Por Reinaldo Azevedo

Quarta-feira, 12 de agosto, 2015

11 agosto, 2015

DILMA E SUA CRISE



Com todo respeito, presidente, acho que a senhora devia renunciar. Os sinais já estão no ar, os primeiros tremores de um terremoto já vibram sob nossos pés. Acho que a senhora não vai aguentar mais três anos e meio nesse caos em que o Lula, o PT e o Mantega nos lançaram, fazendo o país entrar numa depressão.

Aliás a senhora deve estar também numa cava depressão, com um país inteiro gritando “Fora”. Se fosse eu, presidente, teria enlouquecido por rejeição. Vejo seu rosto triste e tenso e lembro da postura corajosa na sua foto, jovem, de óculos, diante de militares tapando o rosto. E vejo que um retrato rima com outro, pois sua pertinácia ou teimosia diante do impossível continua a mesma. Era impossível a vitória da guerrilha urbana e hoje está quase impossível governar o Brasil. O fato de uma pessoa ser heroica não impede que esteja errada. Talvez a senhora tenha sido heroína, mas sei que está errada. Sei que sua agenda de esquerda de longa data ajuda-a a destroçar o país em nome de uma loucura ideológica morta. Sei que é impossível governar um país capitalista com uma cabeça comunista. Isso provoca uma esquizofrenia no poder que se alastra pelas instituições, abrindo as portas para a maior história de corrupção do mundo. E me dói, presidenta, vê-la como bode expiatório dos crimes que eles cometeram. Eles abriram mão de suas convicções antigas, mas a senhora segue fiel à sua utopia brizolista enquanto eles a abandonam. O Lula — é sempre bom lembrar — é a pessoa mais nefasta deste país e está tramando contra a senhora, pensando até em arrumar um posto de ministério para ser julgado com foro privilegiado, quando seus malfeitos se revelarem, pois tem medo de ser preso.

Além disso, petistas e aliados perceberam que a senhora está enfraquecida e resolveram ganhar prestígio condenando-a. Todos querem tirar um pedacinho da senhora, pois são ratos abandonando o navio. Eram 400 aliados; hoje, só há 120.

E não adianta dar verbas e cargos para eles; nada os satisfará — vão embolsar a grana e continuar sabotando-a. Inclusive o vergonhoso PSDB traindo a si mesmo, enturmado com a bicanca voraz do Eduardo Cunha e com o cabelinho implantado do Renan, que aprovam projetos-bomba para detoná-la, mesmo que país morra junto. Os dois, investigados pela Lava-Jato, aprovam medidas absurdas para aumentar os gastos públicos e se fortalecerem às custas de seu fracasso.

Sob o som dos panelaços vi sua fala gaguejante no programa do PT, diante da evidência do desgoverno. Suas tentativas de sorrir com simpática despreocupação são constrangedoras, e o povo nota. O país inteiro está contra Vossa Excelência, quando deveria estar contra aqueles que criaram a armadilha em que a senhora caiu. Sua resistência está muito solitária e não basta mais declarar que resiste, como boa guerrilheira que já foi.

Sua renúncia não seria uma humilhação e só abrilhantaria sua imagem futura. A senhora teria reconhecido o perigo que corremos todos, com a devastação da indústria, do comércio e da esperança pública. E a culpa não é toda sua.

Já está disseminado na população um refrão de desapreço à senhora. Já estão lançadas as bases de um impeachment... Sua saída espontânea provaria que a senhora aceita as regras do jogo que perdeu. Quando se contamina a opinião popular, para além da política, a barra pesa. Até mesmo um recôndito machismo ressurge contra uma mulher no governo. “Mulher no volante, perigo constante”, me disse ontem um taxista. Creio que até o Lula nomeou a senhora porque era uma mulher considerada trabalhadeira e obediente a seus interesses, até ele voltar em 2014. Será que ele nomearia um homem que pudesse contestá-lo? Talvez haja por aí um machismo sutil...

Quando o Collor berrou às multidões “Não me deixem só”, todas as caras foram pintadas, talvez até mesmo a da senhora. E no entanto, presidente, a era Collor foi um troco em relação aos bilhões roubados nos últimos 12 anos, por causa da porteira aberta pelo Lula para a invasão da porcada magra ao batatal.

Seu grande erro, presidente, típico de tarefeira militante, foi fazer vista grossa para o despautério à sua volta. Sei como funciona: “Ah... eles são aloprados em nome de uma ‘linha justa’, lutar contra isso seria moralismo pequeno-burguês”. Por isso, a senhora deixou passar negligentemente a compra da refinaria de Pasadena no Conselho de Administração da ex-Petrobras, um dos símbolos intocáveis de sua juventude. Além disso, a senhora está sendo metralhada pelos dois presidentes do Congresso, que aprovam medidas absurdas contra os gastos públicos, para se fortalecerem às custas de seu fracasso.

Hoje o país não tem fins e nem meios. Ninguém sabe mais quais seriam os meios e não sabe com que fins.

As várias reformas que FHC deixou preparadas foram ignoradas e desfeitas e hoje só nos resta o magro ajuste fiscal com que o pobre Levy, como um padre triste, tenta convencer canalhas e cobras criadas que nunca souberam o que é interesse nacional.

Agora, o Temer e Mercadante estão querendo conciliar, mas é tarde demais.

Vem aí a grande manifestação nacional no dia 16, pedindo sua cabeça. E isto é quase um impeachment branco, o que deve lhe provocar uma angústia insuportável. A senhora já esteve doente e tem de proteger sua saúde. Mas, em vez de fazer autocrítica, sua cabeça de guerrilheira teima em resistir até o fim. Se a senhora renunciar, vai ficar mais feliz. A senhora não é Getúlio Vargas. Além disso, sua “resistência” não é apenas uma questão pessoal. Trata-se do país que a senhora governa. A Dilma não é a Dilma — ela é presidente do Brasil sendo desmanchado. Desista Dilma, antes que o carro do país tenha “perda total”.

Arnaldo Jabor - O GLOBO

Terça-feira, 11 de agosto, 2015