O
empresário e lobista Fernando Antonio Guimarães Hourneaux de Moura, elo do PT e
do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) na Petrobrás, negocia
delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Os investigadores
acreditam que as revelações de Moura fecham de vez o cerco a Dirceu.
Moura
e Dirceu foram presos preventivamente dia 3 de agosto na Operação Pixuleco,
17.º capítulo da Lava Jato, por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro
desviado da estatal em contratos bilionários com o cartel formado pelas maiores
empreiteiras do País.
A
primeira sondagem para a delação do empresário ocorreu no início da semana.
Moura demonstrou interesse, inicialmente, mas tem receio de sofrer retaliações.
Por isso, as tratativas estão sendo realizadas com discrição e sob sigilo. Um
dos principais investigadores da Lava Jato, peça central nos procedimentos de
delação, viajou repentinamente. Quando retornar da viagem o acordo deverá ser
retomado.
Fernando
Moura seria um operador de propina que representava os interesses de Dirceu na
Petrobrás. Foi ele o responsável por indicar o ex-diretor de Serviços da
Petrobrás Renato Duque como cota do PT, no esquema de corrupção na estatal.
Duque foi preso na Operação ‘Que País é esse?’ e já decidiu fazer delação premiada.
O
nome de Duque, funcionário de carreira da estatal, foi apresentado por Fernando
Moura a Silvio Pereira, então indicado por Dirceu para preencher cargos de
primeiro escalão no governo que se iniciava, em 2003.
Desde
então, a relação entre Moura e Dirceu se estreitou. Ficaram amigos. Todos os
negócios relativos a Petrobrás que envolviam algum interesse do grupo de Dirceu
na estatal passavam por Moura. Era ele o encarregado de fazer a ligação entre a
Petrobrás, os operadores e os empresários.
“(Moura)
já vem de muito tempo, desde o escândalo envolvendo o ex-tesoureiro do PT
Silvinho que recebeu uma Land Rover (de empresa contratada pela Petrobrás)”,
diz o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da
força-tarefa da Lava Jato. “Através de Fernando Moura, Renato Duque chegou à
Diretoria de Serviços da Petrobrás. Esse esquema passa pela compra de apoio
parlamentar, talvez seja o primeiro ponto. Passa por uma facilitação do núcleo
das empreiteiras, pelo enriquecimento de algumas pessoas, caso de José Dirceu,
enriquecimento pessoal, não mais do partido (PT).”
Segundo
o Ministério Público Federal, o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores da
Lava Jato que incriminou o ex-ministro-chefe da Casa Civil, afirmou que ele e o
irmão José Adolfo Pascowitch efetuaram pagamentos tanto a Fernando Moura ‘como
a pessoas a ele ligadas, como seu irmão Olavo, seu filho Leonardo, suas filhas
Lívia e Anitta e o sobrinho Tiago’.
A
Procuradoria afirma que os pagamentos ocorreram na forma de ‘doações’, em um
valor global de cerca de R$ 5,3 milhões, no período de 2009 a 2010. “A origem
dos recursos, segundo o colaborador (Pascowitch), consistiu em propina de
contratos da (empreiteira) Engevix para obras em Cacimbas II.”, destacou a
força-tarefa da Lava Jato no pedido de prisão do ex-ministro José Dirceu. (AE)
Quarta-feira,
12 de agosto, 2015