O
plenário do Senado aprovou, na noite desta terça-feira (3), projeto de lei que
estabelece o tempo mínimo de cinco anos de existência para que partidos
políticos possam se fundir. A lei - de autoria do deputado Mendonça Filho
(DEM-PE) - segue agora para sanção presidencial.
O
objetivo é evitar a criação de legendas apenas para driblar o instituto da
fidelidade partidária. Antes da votação, os senadores tiveram que aprovar
regime de urgência, para que o parecer da Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania (CCJ) fosse dado no plenário.
O
projeto proíbe ainda que as mudanças de filiação partidária ligadas à fusão de
partidos sejam consideradas para efeito do cálculo para a distribuição de
recursos do Fundo Partidário. A vedação já existe para migrações de
parlamentares para os partidos recém-criados.
Igual
restrição é imposta para o tempo de propaganda no rádio e na TV, cuja divisão também
não poderá levar em conta as mudanças de filiação para partidos resultantes de
fusão.
Nesses
dois casos, prevalecerá o número de votos obtidos nas últimas eleições gerais
para a Câmara dos Deputados, exceto quanto ao tempo de propaganda, cuja maior
parte (dois terços) é proporcional ao número de representantes na Câmara.
No
caso de fusão, será de 30 dias a “janela” para que os detentores de mandatos
filiados a outras legendas possam filiar-se ao novo partido sem perda do
mandato.
Novos
partidos
A
proposta aprovada também inclui nova regra para a criação de partidos. Para o
registro do estatuto de partido político de caráter nacional, fica mantida a
exigência de apoio de pelo menos 0,5% dos votos válidos na última eleição para
a Câmara dos Deputados, mas agora esses apoiadores não podem ser filiados a
partidos políticos.
A
aprovação do projeto foi apoiada pela maioria dos senadores. Entre os que
declararam voto contrário, foram citados por Renan os senadores Reguffe
(PDT-DF), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Omar Aziz (PSD-AM) e Sérgio Petecão
(PSD-AC).
Para
Reguffe, o dispositivo que exige que o apoio para a criação de novos partidos
só pode vir de pessoas não filiadas a outras legendas é mais uma tentativa de
evitar que Marina Silva crie seu partido (Rede). Em 2013, tramitou no Congresso
um projeto que restringia o acesso de novos partidos ao Fundo Partidário e ao
tempo de rádio e TV. Depois de questionamento no STF, a proposta não foi
aprovada a tempo de ser aplicada às eleições do ano passado, mas a Rede acabou
não conseguindo o registro.
Já
Randolfe estranhou a pressa em votar o projeto. Em sua opinião, temas da
reforma política como financiamento de campanhas e fim da reeleição são muito
mais importantes e deveriam ser votados antes. (A/E)
Quarta-feira,
4 de março, 2015