Conheço Edir de outros carnavais.
Da época em que foi pai de santo, daí a presença de rituais do candomblé na sua
igreja do reino dele mesmo. Jesus Cristo é o caminho. Ele, o pedágio. E que
pedágio. Deve ter sido fonte de inspiração pro Serra no Governo de São Paulo.
Edir está no ciberespaço com uma
mensagem em que pede que, tal qual Jesus, façamos 40 dias e 40 noites de jejum, só que de TV e rádio e
a partir do dia 12, justamente quando começa a Copa. Como a sua “Record” perdeu
a parada para a Globo, ele espera que nos solidarizemos com o seu fracasso e
esqueçamos o Mundial que acontece aqui.
Como acho que todas as igrejas são
embuste, lamento pelas vítimas do seu engodo. Do terreiro, copiou as sessões de
“descarrego”, o exorcismo à sua moda,
onde o “descarregamento” é o de tabela:10 por cento. Da Igreja Católica copiou
o nome (católico quer dizer universal) e o pãozinho picado distribuído em
bandejas, com a similitude da hóstia.
Não tenho nada contra igrejas. E
nem a favor. Que eu tenha lido, o Mestre nunca pediu igreja a quem quer que
seja. Pediu amor e fé em Deus e amor ao
próximo.
Que eu tenha lido, Jesus disse que
Pedro era pedra por falta de fé e não
que ele seria a pedra basilar de igreja alguma. A única vez em que chamou Simão
de pedra (Kepha, em aramaico), foi quando o pescador quis imitá-lo, andando
sobre as águas e afundou.
– Kepha. O homem sem fé, ao pisar a água, é
tal qual a pedra. Afunda.
Vão dizer que isso não está nos
evangelhos. Depende de qual evangelho. Constantino escolheu quatro, mas há os
dos demais . O de Felipe fala em Jesus e Madalena como marido e mulher. O de
Tomé ensina que Deus está em todos os lugares e, esteja onde estiver, ali será
o seu templo.
Como diz o velho dito, religião
não se discute, é questão subjetiva. Só
vim ao tema porque Edir mistura negócios com fé. Fala da ostentação da pioneira
vaticana, enquanto curte a sua, produto da fé no bolso dos incautos.
Ainda sou Mateus, no seu Capítulo 6, 5-13:
“Quando orares, não sejas como os
hipócritas, que se comprazem em orar em pé nas sinagogas ou nas esquinas das
ruas, para serem vistos pelos homens. Tu, quando orares, entra no teu aposento
e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto. Teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará. Orando, não useis de vãs repetições porque vosso Pai
sabe o que vos é necessário antes de vós lho pedirdes. Portanto, vos oreis
assim: Pai nosso que está nos céus...”.
Edir, nunca espere pelo meu
pedágio. Não vou jejuar com você. Quero
ver a Copa. Jamais serei cúmplice de suas ideias, das coisas de uma igreja que
pede boicote à Copa, enquanto a sua TV se dá a estampar fornicações em certa
fazenda, à cata de audiência, cópia barata do Big Bordel do Bial.
O patriarca da IURD se faz símile
aos arautos do fracasso, aos que, profissionais em “plantar” desesperanças,
vivem a alardear o caos, após o Mundial, principalmente se ficarmos sem o
título. A Copa nada tem com isso. Pelo
contrário, ela ajudou a gerar milhares de empregos, vai aquecer as economias
regionais com dinheiro circulando via indústria do turismo, da hotelaria, da
gastronomia.
Concordo com os protestos, mas são
tardios os tais. Por que não se opuseram quando Lula defendeu as 12 sedes junto
s Blatter? Por que não quebramos o pau, defendendo ali ser mais importante o
dinheiro gasto em saúde, em educação, em segurança, em coisas importantes para
a vida dos cidadãos?
É muito cômodo, é muito
oportunismo político-eleiçoeiro vir protestar depois do dinheiro gasto. É muita desonestidade torcer pelo “quanto
pior, melhor”, como fazem os que querem o poder e não estão nem aí para as
coisas do Brasil – os tucanos, principalmente.
Não o Brasil, mas o brasileiro poderá
ter dificuldades, sim, por conta do crédito fácil, que infla, ou seja, aumenta a capacidade de
endividamento, o que nada tem a ver com aumento de poder aquisitivo real.
A prudência recomenda cuidado com
o uso do dinheiro de plástico e ensina que o bom lugar para se doar o dízimo se
chama caderneta de poupança. O outro dízimo, o cristão, está bem explícito no
primeiro e no segundo mandamentos. As leis seriam desnecessárias se todos
obedecessem com rigor os oito restantes. O Joaquinzão seria desnecessário.
Não, não vou discutir religião. E
nem futebol. E nem política. Quanto aos protestos, eu os vejo como tardios. E
descarado oportunismo por parte de alguns. Adianta protestar depois do dinheiro
torrado? Como diria o amigo e ótimo narrador de futebol José Calazans, depois
que a procissão passou, não adianta tirar o chapéu.
Entremos, pois, no clima da Copa.
Vamos lá, Felipão! Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha! Tia Dilma, cuidado
com a inflação, o caminho mais curto para se perder uma eleição. Alô, oposição, com esses caras aí, você não
vai longe não.
Quarta-feira, 28 de maio, 2014.