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17 outubro, 2020

OS IMPACTOS DA ESPERADA ABSTENÇÃO RECORDE NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DEVIDO À PANDEMIA

 

A pandemia de coronavírus tem afastado mais eleitores das urnas em todo mundo, um cenário que tende se repetir nas eleições municipais brasileiras, marcadas para 15 de novembro, segundo cientistas políticos consultados pela BBC News Brasil.

Monitoramento do Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral (Idea, na sigla em inglês), mostra que, de 41 eleições realizadas neste ano em diferentes países, 26 (63% do total) registraram aumento na abstenção na comparação com pleitos anteriores.

 

Na França, onde o voto não é obrigatório, apenas quatro em cada dez eleitores compareceram às urnas para votar nas eleições municipais de junho, levando ao recorde de 60% de abstenção (12 pontos percentuais a mais do que o observado no pleito municipal anterior, em 2014).

Como o voto é obrigatório no Brasil, cientistas políticos não preveem um patamar tão alto de abstenção por aqui. Acreditam, porém, que deve haver aumento na comparação com a disputa eleitoral de 2016, quando mais de 25 milhões de eleitores não compareceram às urnas no primeiro turno (17,6% do total de brasileiros aptos a votar) — o que pode impactar resultados nas disputas mais apertadas.

 

Naquele ano, houve a terceira alta seguida de abstenção nas eleições municipais, fenômeno que indica um aumento do "desalento" dos eleitores, ou seja, uma menor confiança na política e no valor do seu voto, afirmam estudiosos. Para o cientista político Ivan Filipe Fernandes, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), essa tendência deve ser agravada pela pandemia.

 

"Neste ano, teremos pessoas com medo de contrair covid-19 e fazendo aquele cálculo de se vale a pena sair de casa considerando o efeito pequeno do seu voto individual no resultado da eleição. Somando isso com um processo em que as pessoas já estão desalentadas com a política, a minha expectativa é que aumente muito o não comparecimento. Acredito que teremos abstenção recorde neste ano", afirma o professor, autor de estudos sobre abstenção eleitoral.

 

Para Fernandes, o aumento da abstenção pode impactar o desfecho de eleições que estiverem mais acirradas, como o caso de São Paulo. "Já em Belo Horizonte, onde as pesquisas apontam que o atual prefeito (Alexandre Kalil, do PSD) tem grande vantagem e deve ser eleito em primeiro turno, uma abstenção maior não deve afetar o resultado", ressalta.

Idosos e mais pobres devem ser mais afetados

 

O cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (Ipespe), acredita que a pandemia afetará a disposição do eleitor em votar por duas formas: tanto devido ao temor de ser infectado ao sair de casa, quanto pelo esfriamento da campanha eleitoral, já que neste ano a realização de eventos na rua e de debates pelas redes de televisão foi reduzida como forma de evitar o contágio da doença.

 

Ele nota que as eleições regionais realizadas no Uruguai em setembro tiveram alta taxa de participação (85% dos eleitores compareceram). Na sua avaliação, porém, o cenário deve ser diferente no Brasil porque aqui a proporção de pessoas infectadas e mortas pela doença é bem maior, o que tende a gerar mais cautela entre os eleitores. Enquanto o Brasil registra uma taxa de 710 óbitos devido ao coronavírus por milhão de habitantes, no Uruguai esse índice é de 12 mortes.

 

Segundo Lavareda, o impacto de um aumento na abstenção sobre o resultado das eleições dependerá de como esse fenômeno afetará diferentes segmentos da sociedade.

 

"Se a pandemia afastar das urnas especialmente idosos (grupo de risco da covid-19) e os mais pobres, que historicamente têm taxas maiores de abstenção, naturalmente candidatos que tenham apoio maior desse segmentos perderão mais votos com a abstenção", exemplifica.

 

É um fenômeno que poderia afetar, por exemplo, o candidato a prefeito de São Paulo Celso Russomano (Republicanos). Segundo pesquisa Ibope do início de outubro, o candidato lidera as pesquisas com 26% de intenção de voto, mas tem seu melhor desempenho entre os que ganham até um salário mínimo. Nesse grupo, 34% responderam que votarão em Russomano. Nesse segmento, porém, apenas 69% dos entrevistados disseram que com certeza comparecerão às urnas, enquanto 31% responderam que, devido ao coronavírus estão na dúvida (22%) ou não irão "de jeito nenhum" (9%).

Já na média geral dos entrevistados em São Paulo, 75% garantiram que votarão no dia 15 de novembro.

 

"Este ano, vamos ver aqui algo parecido com a eleição dos Estados Unidos (onde o voto não é obrigatório). Não basta o candidato pedir voto, tem que convencer o eleitor a sair pra votar", nota Lavareda.

 

Em outras cidades pesquisadas pelo Ibope, a disposição em votar mesmo na pandemia é ainda menor, caso de Salvador, onde 69% pretendem ir às urnas com certeza, e Rio de Janeiro (71%). Por outro lado, esse percentual sobe em capitais como Belém (83%) e Vitória (84%).

Aplicativo do TSE deixará mais simples justificar o voto

 

O cientista político Julian Borba, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), diz que uma abstenção alta "pode acarretar problemas de representatividade do eleitorado no sistema político", na medida em que certos segmentos tendem a ser mais afetados. O eleitor, ele explica, faz um cálculo entre o "custo" de comparecer à urna e o peso do seu voto. Com isso, em geral são os mais pobres, menos escolarizados e moradores de áreas menos urbanas que se abstêm em maior proporção.

 

"E esse problema de alteração da representatividade ocorre mais fortemente na eleição vereadores", nota o professor, já que os candidatos ao Poder Legislativos costumam ter uma base eleitoral mais segmentada.

 

Para Borba, enquanto o risco para a saúde causado pela pandemia vai elevar o "custo" de comparecer à urna nesta eleição, a possibilidade de justificar a ausência por aplicativo de celular, por outro lado, reduzirá o "custo" de faltar ao pleito e justificar depois.

 

Pela primeira vez neste ano, o aplicativo e-Título, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), poderá ser usado pelos eleitores para justificar a falta até 60 dias depois da eleição, com objetivo de reduzir aglomerações nas sessões eleitorais onde tradicionalmente isso é feito. Segundo a Corte, a tecnologia de geolocalização impedirá que o eleitor justifique sua ausência mesmo estando na sua cidade de votação.

 

"Não comparecer já é muito pouco custoso, pois a multa para quem deixa de votar e não justifica é de apenas R$ 3,50. Agora, o custo de abstenção está sendo praticamente zerando, já que basta se cadastrar (no aplicativo), justificar meu voto e está tudo ok. Então, pode se esperar também um efeito negativo nesse sentido", prevê o professor da UFSC.

 

Neste ano, porém, outro fato pode ter o efeito de contribuir para um número menor de abstenção, mesmo que mais gente falte ao pleito. Borba lembra que esse dado costuma ser inflado por eleitores que já morreram, mas que continuam no cadastro da Justiça Eleitoral. Nos últimos anos, no entanto, o TSE está gradativamente realizando o recadastramento biométrico dos eleitores, o que deve reduzir esse efeito de brasileiros que constam como eleitores mesmo após a morte.

TSE descarta dia extra de eleição

 

Embora a abstenção tenha crescido neste ano na maioria dos pleitos realizados pelo mundo, relatório do Instituto Internacional pela Democracia e Assistência Eleitoral diz que medidas como permitir o voto antecipado (urnas em funcionamento antes do dia da eleição) e/ou o voto por correio foram importantes para evitar um aumento maior da ausência ou até mesmo ampliar o comparecimento dos eleitores em alguns países, mesmo no contexto de pandemia.

 

Essas medidas, porém, não serão adotadas no Brasil. O TSE avaliou que manter as urnas em funcionamento por mais um dia teria um custo elevado, de R$ 180 milhões, o que inclui gastos com mesários e com as Forças Armadas, que auxiliam a Justiça Eleitoral no transporte das urnas eletrônicas em áreas remotas do país.

 

Como alternativa para reduzir as aglomerações e encorajar os eleitores a votar, o TSE decidiu que a eleição terá início uma hora mais cedo que o normal, às 7h da manhã, e reservou as três horas iniciais de votação como preferenciais para eleitores acima de 60 anos, que integram o grupo de risco da covid-19. O horário de encerramento, porém, foi mantido às 17h.

 

Para diminuir o risco de contágio, a Justiça Eleitoral decidiu que não será usado o sistema biométrico, em que a identificação do eleitor é feita pelo reconhecimento de sua digital. Além disso, todas as seções eleitorais terão álcool em gel para limpeza das mãos dos eleitores antes e depois da votação, e os mesários receberão máscaras, face shield (protetor facial) e álcool em gel para proteção individual. O uso de máscaras será obrigatório também para os eleitores, que deverão providenciar sua própria proteção.

 

A pandemia também provocou o adiamento da eleição, que inicialmente ocorreria em outubro.

 

"O cuidado com a saúde é muito importante. E o direito de votar e ajudar a escolher o rumo da sua cidade pelos próximos quatro anos vem logo em seguida. Convocamos os eleitores a participar desse momento relevante para a democracia com muita responsabilidade, tomando todos os cuidados sanitários indicados", afirmou o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, ao anunciar as medidas em setembro.

 

Questionado pela BBC News Brasil, o TSE contestou a ideia de que o uso de aplicativo para justificar o voto vá aumentar a abstenção. "Trata-se de uma funcionalidade de facilitar a vida do eleitor que já não iria votar por estar fora do seu domicílio eleitoral, em um cenário de pandemia, no qual buscamos evitar aglomerações", disse a Corte, por meio de nota.

*BBC NEWS

Sábado, 17 de outubro, 2020 ás 12:30   


 

13 outubro, 2020

PANDEMIA REVELA DESIGUALDADES RACIAIS, DIZ ESTUDO

 


Análise publicada em forma de ensaio científico nos Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e assinado por pesquisadoras de unidades da fundação e do Núcleo de Pesquisas Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) diz que a desigualdade no acesso a direitos básicos como saúde, saneamento e trabalho tornou a população negra e periférica mais vulnerável à pandemia de covid-19, desmentindo ideia inicial de que as consequências da doença seriam igualmente sentidas na sociedade.

 

O ensaio tem como principal autora a pesquisadora Roberta Gondim, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz, e é creditado também às pesquisadoras Ana Paula da Cunha, Ana Giselle dos Santos Gadelha, Christiane Goulart Carpio, Rachel Barros de Oliveira e Roseane Maria Corrêa. Com a análise de dados de abril e maio, o texto cita o mito da democracia racial para comparar que uma ideia semelhante circulou quando foi repetido nos primeiros meses que a pandemia seria "democrática", representando o mesmo risco a todos os que não fizessem parte dos grupos em que a doença tem mais chances de apresentar suas formas mais graves, como idosos e doentes crônicos.

 

"Ocorre que a realidade da classe trabalhadora de baixa renda, majoritariamente negra e moradora de territórios vulnerabilizadas, é outra. São predominantemente trabalhadores precarizados, que não têm o privilégio de ficar em casa, em regime de trabalho remoto; que utilizam os transportes públicos superlotados; têm acesso precário ao saneamento básico; e estão na linha de frente do atendimento ao público no setor de serviços, incluindo os de saúde", descreve o ensaio.

 

Como resultado desse quadro, a análise mostra que, depois de chegar ao país com viajantes das classes média e alta, o vírus se disseminou de modo a afetar mais a população negra. Na Semana Epidemiológica 15 (4 a 10 de abril), a população branca representava 73% das internações e 62,9% dos óbitos. Cerca de um mês e meio depois, na Semana Epidemiológica 21, os dados mostram proporções semelhantes de brancos e negros em relação às hospitalizações. Nos óbitos, entretanto, a população negra passa a representar 57%, enquanto a branca representa 41%.

 

O ensaio alerta que o fato de a proporção de negros ser mais expressiva entre os óbitos que entre as hospitalizações "reforça a análise sobre a dificuldade de acesso dessa população aos serviços de saúde, principalmente os de maior complexidade, como os leitos de cuidados intensivos". Além disso, a pesquisa também aponta que há um alto percentual de ausência de registro de raça e cor nos casos confirmados e óbitos por covid-19, apesar de a Portaria n° 344 de 2017 do Ministério da Saúde determinar que essa informação deve ser preenchida obrigatoriamente nos atendimentos em serviços de saúde. "A ausência do registro dessa variável também revela o racismo, nos moldes institucionais, pois impede que vejamos a verdadeira magnitude da exclusão da população negra".

 

O texto acrescenta que "a pandemia apresenta sua face mais cruel" nas periferias e favelas, e cita como um dos exemplos o bairro de Brasilândia, em São Paulo, onde taxas de contaminação e óbitos superaram as regiões centrais da cidade no fim de maio. Já em Fortaleza, no Ceará, a dinâmica de contágio se intensificou em bairros pobres como Grande Pirambu e Barra do Ceará, depois da disseminação em bairros ricos turísticos.

 

As pesquisadoras relacionam esse cenário com o enfrentado pela população negra nos Estados Unidos, país que também teve uma história marcada pela escravização de povos africanos. O estudo cita a cidade de Chicago, onde os negros representavam 29% da população e 70% das mortes por covid-19 até a primeira semana de abril.

 

"A população negra norte-americana, em comparação à branca, tem os piores indicadores de saúde: menor expectativa de vida ao nascer, maior proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, maiores taxas de mortalidade infantil, maior taxa de mortalidade relacionada à diabetes, dentre outros", cita o ensaio, que aponta uma diferença: "O Brasil conta com um sistema universal de saúde, com o pressuposto de cobrir as necessidades de saúde de toda a população. Entretanto, também apresenta grandes disparidades nos indicadores sociais, em face das desigualdades sociorraciais".

 

O ensaio também traz dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram a desigualdade socioeconômica entre negros e brancos no país, como o acesso ao saneamento básico, fundamental para os cuidados de higiene necessários para prevenir a covid-19: 12,5% dos negros e 6% dos brancos vivem em locais sem coleta de lixo no país; 17,9% dos negros e e 11,5% dos brancos não tem abastecimento de água por rede geral; e 42,8% dos negros e 26,5% dos brancos não possuem esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial em casa.

 

Em setembro, uma portaria do governo federal instituiu um incentivo financeiro para o fortalecimento das equipes e serviços da atenção primária no cuidado à saúde de populações específicas, no valor total de R$ 319,4 milhões. A verba é do Fundo Nacional de Saúde (FNS) se destina à distribuição para municípios e Distrito Federal, em parcela única.

 

O incentivo financeiro tem a finalidade de apoiar a gestão local na qualificação da identificação precoce, do acompanhamento e monitoramento de populações específicas com síndrome gripal, suspeita ou confirmação da covid-19. (ABr)

Terça-feira, 13 de outubro, 2020 ás 18:30


 

10 outubro, 2020

GRIPEZINHA: BRASIL TEM MAIS DE 150 MIL MORTOS E 5 MILHÕES DE INFECTADOS

O Brasil ultrapassou, sábado (10/10), a marca de 150 mil mortos por covid-19, setes meses depois de confirmar o primeiro caso da doença causada pelo novo coronavírus e dois meses após registrar 100 mil óbitos pela pandemia.

 

Os dados são do consórcio de veículos de comunicação que faz um balanço diário a partir de informações colhidas pelas secretárias de saúde estaduais. Na sexta-feira, esse relatório apontou um total de 149.692. A marca de 150 mil vítimas foi ultrapassada após atualizações de dados em 10 estados: Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins.

 

De acordo com o consórcio, a pandemia tirou a vida de 150.023 brasileiros. Já o total de pessoas infectadas é de 5.073.483. Como os dados de outras 17 secretarias ainda não aparecem no balanço, o número deve subir até o fim do dia.

 

Na última quinta-feira (8/10), o Ministério da Saúde anunciou que o país deverá contar com 140 milhões de doses da vacina contra o coronavírus até o primeiro semestre do ano que vem. No dia seguinte, a pasta afirmou que não é necessário vacinar toda a população brasileira para conter a covid-19.

 

Os dados de toda a América Latina e Caribe também apresentaram um novo marco neste sábado. Segundo contagem feita pela agência de notícias France Presse, a região mais afetada no mundo pela pandemia alcançou 10 milhões de casos de coronavírus.

 

*Correio Brasiliense

Sábado, 10 de outubro, 2020 ás17:00