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07 setembro, 2023

O QUE SERIA O ANTICRISTO?

 

O termo “Anticristo” tem fascinado teólogos, estudiosos e o público em geral por séculos. Surgindo da tradição cristã, o Anticristo é frequentemente visto como o oposto e inimigo supremo de Cristo. Mas de onde surgiu esse conceito e como ele evoluiu ao longo do tempo?

 

As primeiras menções ao Anticristo estão nas Cartas de João no Novo Testamento. Essas referências estabeleceram a base para a história completa da vida e reinado do inimigo, que se desenvolveu em textos medievais. Ao longo dos últimos dois milênios, os termos “Anticristo” e “precursor do Anticristo” foram usados para denunciar diversos indivíduos e instituições.

 

A compreensão cristã do Anticristo tem suas raízes nas tradições judaicas, especialmente no Livro de Daniel da Bíblia Hebraica. Escrito por volta de 167 a.C., esse texto antigo profetizou a chegada de um perseguidor final que desafiaria o divino e oprimiria os fiéis. Embora os estudiosos acreditem que o autor estava se referindo a Antíoco IV Epifânio, um governante helenístico da Palestina, a ambiguidade da profecia permitiu que gerações futuras aplicassem suas previsões a qualquer opressor.

 

Quatro livros do Novo Testamento influenciaram significativamente a crença cristã no Anticristo: as duas primeiras epístolas de João, a Revelação a João e a Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Esses textos, escritos entre o final do século I d.C. e algumas décadas depois, nem sempre usam o termo “Anticristo” diretamente. No entanto, aludem a um perseguidor vindouro, sugerindo a presença desse adversário formidável. A primeira epístola de João introduziu uma distinção crucial entre o Anticristo singular e os muitos outros já presentes no mundo. Essa diferenciação permitiu que os crentes rotulassem contemporâneos como “anticristos”, sem identificar um indivíduo como o Supremo. Também abriu caminho para o conceito do “corpo do Anticristo” – uma força coletiva que se opõe a Cristo.

 

A Revelação a João oferece imagens mais vívidas, referindo-se ao Anticristo como “a Besta do Abismo” e “a Besta do Mar”. Enquanto isso, 2 Tessalonicenses fornece uma descrição mais detalhada de sua chegada, descrevendo-o como “o homem do pecado” e “filho da perdição”. Esse texto retrata um tempo de apostasia generalizada, onde o Anticristo, armado com poderes enganosos, reivindicará divindade. No entanto, seu reinado será breve, pois Jesus o derrotará no final.

 

Apesar desses relatos bíblicos, muitos detalhes sobre a identidade e reinado do Anticristo permaneceram ambíguos. Essa lacuna no conhecimento levou a um aumento de comentaristas bíblicos e escritores apocalípticos durante a era cristã primitiva e a Idade Média, que começaram a preencher as lacunas. No século X, um monge chamado Adso de Montier-en-Der escreveu uma carta à rainha Gerberga da França, que se tornou a principal referência medieval sobre o Anticristo. Essa visão foi posteriormente complementada no século XIII pelo manual de Hugh Ripelin, “Compendium theologicae veritatis”.

 

A perspectiva medieval, apresentada por Adso, Ripelin e outros, girava em torno da ideia de que o Anticristo é uma imagem espelhada de Cristo, opondo-se a ele em todos os aspectos. Essa crença levou a várias teorias, como a de que ele nasceria de uma prostituta através de uma concepção diabólica, em contraste com o nascimento virginal de Cristo. Acredita-se que o reinado dele, que duraria três anos e meio, o veria aclamado em Jerusalém, reconstruindo o Templo e perseguindo os cristãos. Esse reinado culminaria em sua derrota por Cristo, inaugurando o Juízo Final.

 

No entanto, nem todos os pensadores medievais aderiram estritamente a essa narrativa. Joachim de Fiore, um monge do século XII, propôs uma série de “anticristos” que precederiam o grande Anticristo. Ele também introduziu a ideia de um “Anticristo final” que apareceria antes do Juízo Final.

 

Com o passar dos séculos, o conceito evoluiu. A Idade Média posterior viu muitos rotularem governantes ou papas contemporâneos como o Anticristo, uma tendência que persistiu além da era medieval. Por exemplo, o czar russo Pedro, o Grande, e o ditador italiano Benito Mussolini foram ambos rotulados como o Anticristo por seus detratores.

 

No século XVI, o foco mudou: de um indivíduo para uma representação coletiva do mal. Essa mudança foi popularizada por Martinho Lutero, que argumentou que o papado, e não um papa específico, representava o Anticristo. Essa interpretação coletiva tem sido mais prevalente entre os protestantes modernos, enquanto os católicos romanos se afastaram da identificação do Anticristo como um indivíduo específico.

 

Hoje, vestígios da tradição do Anticristo permanecem na cultura popular, evidentes em filmes como “O Bebê de Rosemary” e “A Profecia”. O conceito também se manifesta em superstições, com alguns acreditando que tecnologias modernas, como cartões de crédito e códigos de barras, carregam a marca do Anticristo, o infame número 666.

 

Na era moderna, a figura transcendeu os textos religiosos, fincando-se profundamente na cultura popular e nas crenças da sociedade. Essa evolução fez com que o Anticristo passasse de uma profecia religiosa para um símbolo dos medos e ansiedades da sociedade em geral.

 

O século 20 presenciou um ressurgimento na crença em um Anticristo singular, especialmente entre grupos cristãos evangélicos e fundamentalistas. Eventos globais, avanços tecnológicos e figuras políticas que pareciam se encaixar na descrição do inimigo profetizado de Cristo alimentaram essa retomada. Por exemplo, o surgimento de ditadores, conflitos globais e inovações tecnológicas levaram alguns a especular sobre a chegada iminente do Anticristo. Benito Mussolini, o ditador fascista italiano que tinha ambições de reviver o Império Romano, tornou-se um candidato principal para esse título aos olhos de alguns.

 

No entanto, a crença protestante mais ampla, influenciada por figuras como Martinho Lutero, tendia a ver o Anticristo como uma entidade coletiva. Para eles, não se tratava de um único indivíduo, mas sim de instituições ou ideologias que se opunham aos valores cristãos. A afirmação de Lutero de que o próprio papado, em vez de papas individuais, incorporava o espírito do adversário, marcou uma mudança significativa na interpretação. Essa perspectiva ressoa entre muitos protestantes modernos que veem o Anticristo como representando forças ou sistemas que resistem ou negam os ensinamentos de Cristo.

 

Por outro lado, os católicos romanos têm se concentrado menos na ideia de um Anticristo individual iminente. Em vez disso, eles têm uma compreensão mais ampla de que o mal pode se manifestar de várias formas e instituições ao longo da história.

 

O impacto cultural do Anticristo é inegável. Hollywood, sempre atenta aos medos da sociedade, produziu filmes como “O Bebê de Rosemary” e a série “A Profecia”, que exploram o nascimento e ascensão de uma figura do Anticristo. Esses filmes, embora fictícios, refletem as ansiedades e fascinações profundamente enraizadas em torno desta figura apocalíptica.

 

Além disso, em uma era de avanço tecnológico rápido, houve uma fusão de profecias antigas com ansiedades modernas. A superstição de que tecnologias como cartões de crédito ou códigos de barras eletrônicos poderiam marcar indivíduos com o número do Anticristo, 666, atesta essa combinação de crenças antigas com novos medos. Tais noções, frequentemente descartadas pela sociedade mainstream, destacam o poder duradouro da lenda do Anticristo.

 

Curiosamente, o Anticristo também se tornou uma ferramenta para a retórica política e religiosa. Ao longo da história, rotular um rival ou uma força oposta como o ‘Anticristo’ provou ser uma maneira eficaz de galvanizar a opinião pública. Desde os czares russos até figuras políticas modernas, o rótulo tem sido usado para demonizar e deslegitimar oponentes.

 

Em conclusão, a figura do Anticristo, enraizada em escrituras antigas, sofreu transformações significativas ao longo dos séculos. De ser um indivíduo profetizado em textos religiosos a representar medos sociais mais amplos nos tempos modernos, o conceito mostrou sua relevância duradoura. Seja visto como um inimigo singular de Cristo, uma força coletiva do mal ou um símbolo de ansiedades sociais, o Anticristo permanece um conceito potente e evocativo tanto no discurso religioso quanto na cultura popular. À medida que o mundo continua a mudar e enfrentar novos desafios, é provável que a lenda se adapte e encontre novas manifestações, sublinhando seu apelo atemporal.

 

*Com informações de Britannica

(!!!) No brasil de 2023, o Anticristo seria a (orcrim) organização criminosa que comanda o país, a revelia da Constituição Federal dando interpretações segundo suas ideologias.

Quinta-feira, 07 de setembro 2023 às 22:08