Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

Seja nosso seguidor

Seguidores

Mostrando postagens com marcador Desigualdade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Desigualdade. Mostrar todas as postagens

21 junho, 2025

DECLÍNIO DA AGENDA WOKE

 


A expressão "agenda woke" (pronuncia-se "uôuk") refere-se a um conjunto de ideias e pautas esquerdistas relacionadas à justiça social, equidade e conscientização sobre discriminações. O termo "woke" vem do inglês e significa "acordado" ou "desperto", e no contexto social e político, indica estar ciente das supostas injustiças e desigualdades do mundo.

 

Origem do Termo

 

A palavra "woke" tem suas raízes na comunidade afro-americana, especificamente da expressão "stay woke" (mantenha-se acordado ou desperto), usada para se referir a uma consciência contínua sobre questões de justiça racial. Ganhou destaque e uso mais generalizado a partir do movimento Black Lives Matter em 2014, expandindo-se para englobar diversas outras pautas sociais.

 

Principais Temas Associados à "Agenda Woke"

 

Quem se alinha à agenda "woke" geralmente defende e busca promover discussões e ações em torno de temas como:

 

Antirracismo: Combate ao racismo estrutural e à discriminação racial.

Feminismo Interseccional: Luta contra o machismo e a desigualdade de gênero, considerando como diferentes identidades (raça, classe, sexualidade) se cruzam e criam experiências de opressão únicas.

 

Direitos LGBTQIA+: Defesa da igualdade e do reconhecimento para pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexo, assexuais e outras identidades de gênero e orientações sexuais.

 

Combate à Desigualdade Social: Busca por maior equidade na distribuição de riqueza e oportunidades.

 

Representatividade: Promoção da inclusão de grupos minorizados na mídia, política e outras esferas da sociedade.

 

Descolonização de Saberes e Discursos: Questionamento de narrativas históricas dominantes e valorização de conhecimentos e perspectivas de culturas não ocidentais.

 

Questões Ambientais: Enfrentamento às mudanças climáticas e ao impacto ambiental, muitas vezes com uma perspectiva de justiça ambiental.

 

Críticas à "Agenda Woke"

 

Embora a intenção da "agenda woke" seja supostamente buscar corrigir desigualdades históricas, o termo e o movimento têm sido alvo de intensas críticas, especialmente por parte de setores conservadores. As principais críticas incluem:

 

Exageros e Intolerância: Alguns críticos argumentam que o movimento pode levar a excessos, intolerância e à criação de uma "cultura do cancelamento", onde pessoas ou ideias são rapidamente rejeitadas ou marginalizadas por não se alinharem perfeitamente às pautas "woke".

 

Polarização: Há quem diga que a "agenda woke" contribui para a polarização social, dividindo as pessoas em vez de uni-las em torno de objetivos comuns.

 

"Virtue Signaling": A acusação de que a adesão à "agenda woke" seria, em alguns casos, apenas uma forma de "sinalizar virtude" (virtue signaling), ou seja, demonstrar publicamente preocupação com causas sociais sem um engajamento real ou efetivo.

 

Foco Excessivo em Identidade: Algumas críticas apontam para um foco excessivo em políticas identitárias, que, segundo eles, desviam a atenção de problemas socioeconômicos mais amplos.

 

Ataque à Liberdade de Expressão: Para muitos críticos, a "cultura woke" ameaça a liberdade de expressão ao tentar impor uma única narrativa e censurar opiniões divergentes.

 

Em resumo, a "agenda woke" representa um esforço para conscientizar e promover a justiça em diversas áreas sociais, mas também se tornou um termo carregado de diferentes interpretações e alvo de uma intensa "guerra cultural" em muitos países.

 

O Que é Visto Como Radical na "Agenda Woke"?

 

O "radicalismo" da agenda woke, na visão dos críticos, muitas vezes se manifesta em:

 

Exigências de Linguagem Rígidas: Uma das críticas mais comuns é a insistência em um vocabulário "politicamente incorreto" muito específico, incluindo o uso de pronomes neutros ("todes" em vez de "todos/todas") e a reavaliação de termos considerados ofensivos. Para alguns, isso é visto como uma tentativa de controlar a linguagem e, consequentemente, o pensamento, gerando um ambiente de "policiamento" discursivo.

 

Exemplo: A modificação de letras de músicas ou textos clássicos para remover palavras que hoje seriam consideradas insensíveis, ou a crítica a obras por não representarem a diversidade de forma supostamente adequada, são vistas por alguns como um excesso.

 

Cultura do Cancelamento: A chamada "cultura do cancelamento", onde indivíduos são publicamente boicotados ou silenciados por declarações ou ações consideradas problemáticas, é frequentemente associada ao radicalismo woke.

 

Embora o objetivo seja responsabilizar por comportamentos prejudiciais, críticos argumentam que ela pode levar a punições desproporcionais, falta de diálogo e a um ambiente de medo para expressar opiniões.

 

Exemplo: Um artista que faz um comentário infeliz (mesmo que sem intenção de ofender) e é imediatamente "cancelado", perdendo contratos e relevância, sem espaço para retratação ou aprendizado.

 

Políticas de Identidade Exacerbadas: Enquanto a política identitária busca reconhecer e valorizar grupos marginalizados, o radicalismo é apontado quando a identidade de um indivíduo (raça, gênero, orientação sexual) se torna o foco principal em detrimento de outras pautas sociais ou de uma visão mais universalista da condição humana.

 

Exemplo: 

Campanhas que defendem que apenas pessoas de determinada raça ou gênero podem falar sobre certas experiências, ou que priorizam a "opressão" de um grupo sobre a de outro, criando divisões internas em movimentos esquerdistas.

 

Descolonização Radical e Revisão Histórica: A agenda "woke" propõe uma reavaliação crítica da história sob a ótica das opressões. No entanto, quando essa reavaliação leva à condenação generalizada de figuras históricas ou à exigência de remoção de estátuas e monumentos sem um debate contextualizado, é percebida como radicalismo.

 

Exemplo: A destruição ou vandalização de estátuas de figuras históricas por terem ligações com a escravidão ou colonialismo, sem um processo mais amplo de discussão sobre a história e o significado desses símbolos.

 

Teoria Crítica da Raça (CRT) e Antirracismo Radical: Embora a CRT seja uma ferramenta acadêmica para analisar como o racismo opera sistemicamente, quando aplicada de forma simplista ou dogmática, pode ser vista como radical. Críticos alegam que ela pode rotular automaticamente pessoas brancas como opressoras ou racistas, gerando ressentimento e divisão.

 

Exemplo: A proibição do ensino da CRT em algumas escolas nos EUA, com a justificativa de que ela culpabilizaria crianças brancas por atos históricos de racismo, mesmo que a teoria não defenda isso diretamente.

 

Transativismo Radical: 

A defesa intransigente dos direitos das pessoas transgênero, quando levada ao extremo, pode gerar atrito com outras pautas feministas ou biológicas. Discussões sobre a participação de mulheres trans em esportes femininos ou o uso de espaços como banheiros são exemplos onde as visões podem se chocar, e a intransigência é vista como radical.

 

Exemplo: Debate sobre o que define uma mulher em contextos específicos (como esportes), onde a prioridade dada à identidade de gênero pode entrar em conflito com a biologia, gerando polêmicas.

 

Desconexão com a Realidade Cotidiana:

Para parte da população, algumas das pautas "woke" podem parecer distantes de suas realidades e preocupações diárias, fazendo com que as exigências sejam vistas como artificiais ou excessivas.

 

É fundamental lembrar que o movimento "woke" em sua essência busca a justiça e a equidade. As críticas ao seu "radicalismo" geralmente se referem a como algumas de suas manifestações são percebidas ou executadas, e não necessariamente aos seus princípios fundamentais de combater a discriminação e a desigualdade.

 

É possível observar um debate crescente sobre o declínio ou "fadiga" da "agenda woke", especialmente em países como os Estados Unidos e, em certa medida, também no Brasil. Essa percepção de declínio é complexa e multifacetada, não significando o fim das discussões sobre justiça social, mas talvez uma reavaliação de como essas pautas são abordadas.

 

Alguns dos principais sinais e argumentos levantados por aqueles que apontam para um declínio da agenda "woke" incluem:

 

Reação Corporativa:

Muitas empresas, que inicialmente aderiram com entusiasmo a iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e campanhas "woke" (muitas vezes por medo de "cancelamento" ou para atrair novos públicos), estariam recuando. Há relatos de cortes em departamentos de DEI, abandono de certas práticas de contratação e marketing, e um foco renovado em "eficiência" e "resultados efetivos" em vez de pautas ideológicas. O argumento é que o "quem lacra não lucra" se tornou uma realidade para algumas marcas que sofreram boicotes de esquerdistas.

 

Exemplos: Algumas empresas de grande porte, como a Meta (Facebook, Instagram), Target e outras, teriam reavaliado suas políticas, buscando uma abordagem mais neutra ou focada no que consideram ser o "core business".

 

Mudança de Ventos Políticos:

A ascensão ou fortalecimento de movimentos conservadores e populistas, como o trumpismo nos EUA, tem sido um fator significativo. Essas figuras políticas e seus eleitores frequentemente utilizam o termo "woke" de forma pejorativa para atacar pautas esquerdistas, associando-as a "doutrinação ideológica" e "exageros".

 

Exemplo:

A aprovação e tentativa de implementação de leis como a "Stop Woke Act" na Flórida, que visava restringir o debate sobre raça, gênero e sexualidade em universidades e empresas, é um exemplo da oposição política.

 

Críticas Internas e Desencanto:

Mesmo dentro de setores progressistas, surgem vozes críticas sobre o radicalismo e a intransigência de algumas manifestações "woke". Há quem argumente que o movimento se tornou excessivamente focado em políticas identitárias, gerando divisões e alienando parte da classe trabalhadora ou de grupos que poderiam ser aliados. A "cultura do cancelamento" também é vista por muitos como contraproducente.

 

Exemplo:

Debates sobre o "ativismo simbólico" que se afasta da realidade e a percepção de que certas exigências de linguagem ou comportamento se tornaram opressivas para alguns, são pontos de atrito internos.

 

Pesquisas e Indicadores de Opinião Pública:

Embora os dados sejam variáveis, algumas pesquisas, especialmente nos EUA, indicam um certo arrefecimento ou mudança na percepção pública sobre a "agenda woke", com menos aceitação para algumas de suas abordagens mais radicais.

 

É crucial ressaltar que o "declínio da agenda woke" não deve ser confundido com o fim das lutas por justiça social ou o desaparecimento das pautas de diversidade, equidade e inclusão. O que pode estar em declínio são certas abordagens, táticas e o grau de influência de algumas das manifestações mais "radicais" do movimento.

 

As questões de racismo estrutural, machismo, desigualdade social e discriminação contra minorias ainda persistem e continuam sendo pautas fundamentais para muitos ativistas e setores da sociedade civil. O debate atual parece ser mais sobre a eficácia e a forma como essas pautas são promovidas, buscando talvez um equilíbrio maior e estratégias que gerem mais inclusão e menos polarização.

 

A "agenda woke", apesar de suas intenções seja supostamente de promover justiça social, equidade e combater discriminações, é alvo de várias críticas que apontam para pontos negativos em sua aplicação e impacto. É importante lembrar que essas críticas vêm de diferentes espectros políticos, incluindo parte da própria esquerda e de ativistas progressistas que questionam a eficácia de certas táticas.

 

Principais Pontos Negativos Apontados

 

Cultura do Cancelamento e Intolerância:

 

Excesso de Punição: Muitas vezes, um erro ou uma declaração infeliz, mesmo que não intencional, pode levar a um "cancelamento" severo, com perda de emprego, reputação e ostracismo social. Isso é visto como uma punição desproporcional e sem espaço para redenção ou aprendizado.

 

Falta de Diálogo e Nuance:

A cultura do cancelamento tende a simplificar debates complexos, criando uma mentalidade de "nós contra eles". Isso dificulta o diálogo construtivo e impede que as pessoas aprendam com seus erros ou mudem suas perspectivas.

 

Medo e Autocensura:

O receio de ser "cancelado" pode levar à autocensura, onde indivíduos evitam expressar opiniões divergentes ou abordar certos temas por medo de represálias. Isso limita a liberdade de expressão e a diversidade de ideias, prejudicando o debate público.

 

Polarização e Divisão Social:

Políticas de Identidade Exacerbadas: Embora a valorização das identidades seja importante, um foco excessivo nelas pode, ironicamente, levar à fragmentação social. A priorização de certas identidades ou "hierarquias de opressão" pode criar divisões entre grupos minorizados e alienar potenciais aliados.

 

Guerra Cultural: A "agenda woke" é frequentemente usada por setores conservadores como um "inimigo" a ser combatido, intensificando a polarização política e dificultando o avanço de pautas sociais por meio do consenso.

 

 Exageros e Falta de Pragmatismo:

 Ativismo Simbólico vs. Ação Efetiva: Algumas críticas apontam para um foco excessivo em gestos simbólicos (como mudanças de linguagem ou marketing "inclusivo" de empresas) em detrimento de ações concretas para combater a desigualdade estrutural. Isso pode gerar a percepção de que o movimento está mais preocupado com a imagem do que com a mudança real.

 

Rigidez Linguística:

A insistência em pronomes neutros ou em um vocabulário extremamente específico pode ser vista como um excesso para a população em geral, gerando resistência e dificuldade de adesão. Para alguns, isso desvia o foco de problemas mais urgentes.

 

Desconexão com a Realidade Cotidiana:

Pautas Elitistas: Em certos casos, as discussões "woke" podem ser percebidas como distantes da realidade da maioria da população, especialmente de classes sociais mais baixas, que têm preocupações mais imediatas (emprego, segurança, saúde). Isso pode levar a um afastamento e à rejeição de algumas das pautas.

 

Intransigência Acadêmica:

Quando certas teorias (como a Teoria Crítica da Raça) são aplicadas de forma dogmática e sem nuance em ambientes não acadêmicos, podem gerar ressentimento e incompreensão, sendo vistas como uma imposição ideológica.

 

Impacto Negativo em Empresas e Instituições:

Algumas empresas aderiram às pautas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) por medo de serem "canceladas" ou para projetar uma imagem progressista, nem sempre com um compromisso genuíno. Isso pode levar a ações superficiais ou a um recuo quando há pressão ou impacto financeiro negativo, como apontam os debates sobre o "anti-woke" no Brasil.

 

Desgaste da Imagem:

Empresas que se posicionam de forma considerada excessivamente "woke" podem sofrer boicotes ou rejeição de parcelas do público, como observado em alguns casos recentes.

 

Em suma, embora a "agenda woke" tenha o objetivo de promover uma sociedade mais justa e equitativa, as críticas aos seus pontos negativos se concentram na forma como essa agenda é implementada, nas táticas utilizadas e nos seus efeitos colaterais, como a polarização, a intolerância e a percepção de um certo radicalismo que pode afastar potenciais aliados e dificultar o diálogo construtivo.

 

*Da redação

Sábado, 21 de junho 2025 às 13:27