Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

Seja nosso seguidor

Seguidores

24 maio, 2021

PESQUISA CRIA PÃO SEM GLÚTEN MAIS SABOROSO E COM ALTO VALOR NUTRITIVO

 

Pensando em tornar a ingestão do pão sem glúten mais agradável e nutritiva, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram uma receita que combina a farinha de grão-de-bico e o psyllium, um tipo de fibra solúvel, que, ao entrar em contato com líquidos, expande-se e forma uma massa gelatinosa, ajudando a dar liga na farinha. O resultado foi um produto rico em nutrientes e bem aceito nas pesquisas de qualidade.

 

O pão serve como substituto aos produtos convencionais, feitos com farinha de trigo, e é indicado principalmente para as pessoas que seguem dieta sem glúten, único tratamento possível para portadores da doença celíaca. Para essas pessoas, o glúten (proteína existente no trigo, no centeio e na cevada) desencadeia uma reação imunológica que pode causar distúrbios em todos os órgãos do corpo, gerando complicações graves, caso não seja tratada. Autoimune, a doença é genética e afeta 1,4% da população mundial. O glúten possibilite que os pães tradicionais sejam moldados e que, depois de assados, fiquem flexíveis e crocantes.

 

“Reconhecemos atualmente três condições para as quais se indica dieta sem glúten: a doença celíaca, a alergia ao trigo e a sensibilidade não celíaca ao glúten. A sensibilidade não celíaca ao glúten é uma condição que tanto pode ser provocada pelo glúten como por outros componentes do trigo, como os carboidratos rapidamente fermentáveis. Ao contrário da doença celíaca, não configura uma condição autoimune e seus sintomas, embora muitas vezes parecidos, não estão relacionados com complicações tão graves”, explica a nutricionista responsável pela pesquisa, Vanessa Dias Capriles.

 

Segundo Vanessa, o desenvolvimento dos produtos adequados para pessoas nessas condições ainda é um grande desafio tecnológico. “O pão elaborado com farinha de trigo tem importância milenar na alimentação humana. E as impressões sensoriais que ele provoca estão profundamente arraigadas nos padrões e hábitos das pessoas.  Por isso, é tão importante elaborar versões melhoradas, pois as pesquisas mostram que os consumidores estão insatisfeitos com as características de aparência, odor, sabor, variedade e praticidade dos produtos atualmente disponíveis no mercado.”

 

A nutricionista ressalta que os pães sem glúten existentes no mercado normalmente têm baixa composição nutricional, porque são elaborados com farinhas e amidos refinados, como a farinha de arroz combinada com os amidos de milho, batata e mandioca. “Apresentam baixos níveis inerentes de fibras alimentares, proteínas, vitaminas e minerais e maior teor de gordura. Em poucos países, esses produtos são enriquecidos com micronutrientes.”

 

Realizada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa teve como objetivo melhorar o valor nutricional agregado, aumentar a aceitabilidade pelos consumidores e buscar soluções com viabilidade tecnológica.

 

“Utilizando diferentes técnicas de criação e otimização de produtos, conseguimos obter mais de 15 formulações que consideramos ótimas. São produtos que contêm de 50% a 100% de farinha integral sem glúten em sua composição e, por isso, apresentam alto teor de fibras e maiores porcentagens de proteínas, vitaminas e minerais”, acrescenta a nutricionista.

 

De acordo com Vanessa, foram pesquisadas também as farinhas integrais de arroz, sorgo e milheto; de pseudocereais, como amaranto, quinoa e trigo sarraceno; e de outros vegetais como grão-de-bico, feijão e pinhão. A incorporação do psyllium se destacou pelos bons resultados, possibilitando que a massa fosse montada em diversos formatos e mantendo a aceitabilidade mesmo depois de sete dias de armazenamento em temperatura ambiente.

 

“O próximo passo idealizado por nós é firmar parcerias com o setor produtivo para transferir a tecnologia desenvolvida, bem como realizar novas pesquisas e desenvolvimento em colaboração”, adianta Vanessa Capriles. (ABr)

Segunda-feira, 24 de maio, 2021 ás 17:56


 

23 maio, 2021

PAGANDO O PREÇO POR NÃO TER DESCIDO DO PALANQUE

 

A pouco mais de um ano da corrida presidencial de 2022, o clima de campanha eleitoral já domina o Brasil, com intensa movimentação de pré-candidatos e das forças políticas que vão participar do pleito. Mesmo com muito chão pela frente, a largada foi dada antes do apito oficial, e resta saber quem terá a energia necessária para cruzar a linha de chegada na frente.

 

Em nenhum outro momento, desde os primórdios da redemocratização, a disputa rumo ao Planalto começou tão cedo, e o principal prejudicado parece ser o atual presidente.

 

Para o cientista político André Pereira César, da Hold Assessoria Legislativa, Bolsonaro “está pagando o preço pela opção que fez de não descer do palanque” após vencer as eleições de 2018.

 

“Quem antecipou toda essa discussão eleitoral foi o Bolsonaro, lá atrás, ainda em 2018, muito antes da pandemia. Naquela época os atores políticos ainda estavam estudando o terreno, tentando entender o novo governo. E quando o presidente fez isso, os adversários foram levados a se colocar, porque política não comporta vácuo”, disse.

 

De acordo com o especialista, com Lula, Doria, Ciro e outros possíveis candidatos em 2022, Bolsonaro vai encontrar um time bem mais forte do que enfrentou em 2018.

 

 “Não só é um grupo mais pesado, como é também um time que, hoje, entende mais o jogo. Primeiro, todo mundo agora conhece Bolsonaro. O presidente não é mais novidade, e se mostrou fraco na gestão, ele é um péssimo gestor público, um péssimo homem de relacionamento com quem importa nas elites políticas e econômicas. Além disso, quem perdeu a eleição de 2018, como Ciro Gomes, não vai repetir os erros e deve fazer uma campanha muito diferente”, disse o cientista político.

 

A seu ver, Bolsonaro deve estar arrependido por ter antecipado a campanha eleitoral desde a posse no governo, em 1º de janeiro de 2019, bem antes da pandemia.

*Correio Braziliense

Domingo,23 de maio, 2021 ás 11:34


 

 

22 maio, 2021

ABRAÇOS EM TEMPOS DE PANDEMIA


“O melhor lugar do mundo. É dentro de um abraço”, a música da banda mineira Jota Quest fala sobre uma das principais expressões de carinho que é lembrada sábado (22/5): o abraço. A letra continua, e mostra tudo que esse pequeno gesto pode fazer: “Tudo que a gente sofre. Num abraço se dissolve. Tudo que se espera ou sonha. Num abraço a gente encontra”.

 

A presidente da Federação Latino-Americana de Análise Bioenergética (Flaab), Edna Lopes, disse que, pensando no abraço de uma forma mais ampla, quando abraçamos alguém, ou quando somos abraçados, “A gente se conecta com o campo afetivo íntimo no corpo de ambas as pessoas. A respiração, o ritmo cardíaco pode se harmonizar em um abraço demorado”. Edna explicou que o abraço pode acolher várias emoções, como tristeza e medo. Pode dar limites à raiva; pode ampliar as sensações prazerosas, amorosas, de todo tipo de amor vivido, como amor filial, fraterno, entre casais e até com animais. Para ela, o abraço é a expressão do vínculo que nós estabelecemos com as pessoas, mas também com tudo que está no mundo, com tudo que nos envolve.

 

A professora do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Edna Ponciano, explicou à Agência Brasil que a experiência emocional é toda manifestada por sinais corporais que indicam se o que a pessoa está vivendo é bom ou ruim. “Nesse sentido, o abraço entra como uma forma de sinalizar que uma coisa boa está acontecendo”. Destacou que isso se refere ao abraço consensual, em que há consentimento de ambas as partes e que vai comunicar um bem-estar.

 

De acordo com Edna, desde bebê, o ser humano tem diversas sensações afetivas e, embora não possa falar, seu corpo já se expressa e o adulto que cuida já percebe essa expressão. À medida que vai crescendo, o bebê demonstra tristeza, alegria, raiva. “E o abraço entra em todas essas situações, no sentido de propiciar um conforto para a intensidade da experiência emocional que ocorre no corpo. Os bebês são acalentados no abraço”. A criança sente o corpo do adulto que o acalenta, como já sendo um abraço.

 

O que gera essa sensação de calma é o nervo vago, que vai subindo desde a parte baixa da barriga, como ramos que não têm uma linearidade clara, e vão se espalhando, passando pelas vísceras, estômago, coração, laringe, faringe e pulmão.

 

“O nervo vago tem a ver com o abraço, porque quando você abraça, você encosta o seu nervo vago com o da outra pessoa. Se resume em encostar a barriga com a barriga e o peito com o peito da outra pessoa, que é o abraço. Isso acontece com os bebês e dá a sensação de calma e, depois, continua sendo importante na vida adulta”.

 

O abraço faz parte do comportamento dos brasileiros que, agora, no distanciamento social, inventam meios de se tocar com os cotovelos ou mãos fechadas. “É uma característica cultural. Mas nada substitui o abraço, porque não toca o nervo vago e não dá aquela sensação de calmaria”, assegurou Edna Ponciano.

 

Para o professor de psicologia médica da Pós-Graduação em Psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Luiz Guilherme Pinto, a situação que o mundo está vivendo neste momento, por conta da pandemia do novo coronavírus, é muito particular. Segundo ele boa parte da população que está tomando todos os cuidados recomendados pelas autoridades sanitárias “está carecendo de abraços”.

 

É o caso da professora aposentada Maria das Dores, que mora no Distrito Federal e é mãe da Priscilla, que mora em Sidney na Austrália. Os voos de um país para o outro duram cerca de 30 horas. Já no início da entrevista a aposentada disparou: “Quando você fala do abraço, chega me aperta o coração! O quanto sinto falta! Nossa! ”. Mesmo com pedidos de que “só não valia chorar”, a aposentada não conseguiu conter as lágrimas, disse.

 

Isso porque Maria das Dores já estava com passagem comprada para o mês de abril para comemorar o aniversário do netinho mais velho, Henry. Quando veio a pandemia, ela soube que outro netinho estaria a caminho e como teve de alterar a data da passagem, marcou para junho, quando o pequeno Benjamin nasceria. “Depois disso, já remarquei minha passagem duas vezes. Meu visto perdeu a validade! Minha passagem a empresa disse que vai reembolsar, só não sei quando. ”, disse ela, que comentou que o custo emocional é muito maior, pois não pôde acompanhar nem o nascimento nem o tratamento do neto que chegou a ir para a UTI. Os presentes que ela comprou ainda estão no Brasil: roupinhas para bebê, brinquedos. “Essa é uma situação que eu nunca imaginei, ninguém imaginou! Sinto falta de brincar com meus netos, de abraçar, de estar presente! ”, desabafa.

 

Para amenizar a saudade, Maria das Dores recorre ao bate papo virtual: “Hoje mesmo, à noite, minha filha vai fazer chamada de vídeo entregando um presente que eu comprei e mandei entregar lá. É uma arminha de bolha de sabão. Estou sonhando com esse momento”, relata.

 

Já personal traine Henia Aquino conseguiu realizar o sonho de voltar a abraçar a mãe, já vacinada. "Depois de um ano e meio eu dei o primeiro abraço na minha mãe porque ela já tomou as duas doses da vacina. Eu tenho tomado todos os meus cuidados e esse abraço foi muito bom”, comemorou.

 

Na avaliação do psicólogo Marcello Santos, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), o abraço é a poesia do mundo sem palavras. “É aquele momento em que você envolve o outro e o outro te envolve. É o momento em que você acolhe aquilo que o outro está trazendo. Você acolhe o outro incondicionalmente no seu abraço e isso faz com que o sujeito se sinta dentro de um clima de hospitalidade, de cordialidade, de afeto. Como falam em algumas culturas, é o choque de corações”.

 

Santos reforçou que o abraço requer uma certa intimidade que, às vezes, ocorre naquele único momento, como acontece muitas vezes em jogos de futebol, quando os torcedores se abraçam para comemorar um gol do seu time. Ou no Ano Novo, em que pessoas desconhecidas uma das outras acabam abraçando alguém para ter um contato. “É o encontrar com o outro. Nesse sentido, é muito bom para a saúde mental, se pensar que a saúde mental não é só uma questão do organismo, mas de um contexto que vai desde o acesso aos serviços até a boa vida em família, o lazer, o encontro, o contato com o outro, de formas saudáveis”, disse Santos.

 

Os psicólogos da Eurekka, centro de distribuição de empresas emergentes, focado em saúde e bem-estar, com forte atuação em psicoterapia e medicina, comentam a importância do abraço, ato de afeto que pode diminuir sintomas de depressão, pânico, solidão, abandono, entre outros sentimentos que têm abalado emocionalmente a população.

 

Para o psicólogo Henrique Souza, cofundador da Eurekka, embora se saiba que o cenário atual tem afastado pessoas e provocado uma série de problemas psicológicos, a demonstração de carinho continua sendo muito importante, principalmente entre famílias, crianças e idosos. Na sua avaliação, abraçar alguém na pandemia não significa apenas o contato físico. Essa ação pode acontecer de diversas formas, desde indagar se a pessoa está bem até ajudar em algo que ela precise.

 

"Existem várias formas de abraçar uma pessoa. Você pode começar se envolvendo na causa dela, perguntando se ela está bem, se precisa de algo para aquela semana, se os familiares dela estão bem. Pode fazer uma chamada de vídeo para estabelecer mais contato ou até mesmo dar suporte para algo que aquela pessoa precisa naquela semana, como ir à farmácia, mercado, padaria, e poupar o outro da exposição", destacou Souza. (ABr)

Sábado,22 de maio, 2021 ás 9:29