O
coronavírus já causou mais de 300 mil mortes no Brasil, em um mês de março que
já bateu todos os recordes em função de uma segunda onda brutal da pandemia,
informaram fontes oficiais na quarta-feira (24/3).
O
Ministério da Saúde registrou 2.009 mortes nas últimas 24 horas, elevando o
total a 300.685, superado apenas pelos Estados Unidos. O número total de
infectados em treze meses de pandemia no Brasil chega a 12,2 milhões.
O
Brasil, de 212 milhões de habitantes, tornou-se fonte de preocupação global devido
à falta de coordenação de suas políticas de saúde e ao surgimento de uma
variante local do vírus, batizada de P1, considerada muito mais contagiosa.
O
país registrou mais de 3.000 mortes em 24 horas pela primeira vez na
terça-feira e a média móvel de mortes é de 2.273, mais que o triplo do número
do início do ano (703).
O
mês de março, com 45.773 mortes declaradas, já se tornou o mais letal da
pandemia. O recorde anterior era de julho de 2020 (32.881), no auge da primeira
onda.
Desde
a primeira morte em 16 de março de 2020 até as 100.000 mortes em 18 de agosto,
156 dias se passaram. Então a doença pareceu diminuir e transcorreram mais 152
até as 200.000, em 7 de janeiro de 2021. Mas o salto para 300.000 ocorreu em
apenas 77 dias.
A
escalada por enquanto parece não ter limite, com a vacinação que avança a
passos lentos, e a resistência do presidente, Jair Bolsonaro, em impor medidas
de confinamento social, alegando seu impacto econômico.
As
unidades de terapia intensiva na maioria dos estados estão à beira do colapso
e, em muitos estados, é observado o risco de interrupção do fornecimento de
tubos de oxigênio.
Alguns
estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, decidiram antecipar feriados e criar
outros ao longo da próxima semana para diminuir a mobilidade social que
favorece a transmissão do vírus.
A
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou nesta terça-feira que "a
péssima situação (do Brasil) está afetando os países vizinhos".
Bolsonaro,
que persistentemente negou a gravidade da pandemia, desprezou o uso de máscaras
e questionou a eficácia das vacinas, tem tentado nos últimos dias reorganizar
sua política, sob pressão de governadores e grande parte do mundo empresarial.
O
presidente anunciou nesta quarta-feira a criação de um comitê de crise,
"que se reunirá semanalmente com as autoridades para decidir o rumo da
luta contra o coronavírus".
Seu
novo ministro da Saúde (o quarto em um ano), Marcelo Queiroga, prometeu
triplicar "em curto prazo" a atual taxa de vacinação diária, para um
milhão por dia.
"As
300 mil mortes é uma marca muito triste. Essa marca poderia ter sido muito
menor se medidas mais oportunas tivessem sido tomadas, principalmente no ano
passado" com a negociação de vacinas, declarou à AFP o epidemiologista
Mauro Sanchez, da Universidade de Brasília (UNB).
"É
imprevisível aonde esse número pode chegar, mas a gente espera que, com a
mudança aparente de rumo que Bolsonaro indicou, a gente consiga diminuir a
velocidade de transmissão que a gente tem visto nessa segunda onda, mesmo que o
novo rumo do governo seja por motivações políticas", completou.
A
imunização no Brasil demorou a decolar e enfrenta problemas logísticos. Até o
momento, 11,5 milhões de brasileiros já foram vacinados (5,44%), 3,7 milhões
deles com a segunda dose.
Em
termos relativos, o país regista em média 143 óbitos por 100.000 habitantes,
valor inferior ao da República Checa (236 / 100.000), do Reino Unido (186 /
100.000) ou dos Estados Unidos (165 / 100.000).
No
Amazonas, cuja capital, Manaus, viveu uma tragédia sem precedentes em janeiro com
a morte de dezenas de pessoas por falta de oxigênio nos hospitais, a taxa de
mortalidade é de 286 por 100 mil habitantes. E no Rio de Janeiro de 205 para
100.000.
*AFP
Quinta-feira,25
de março, 2021 ás 8:30