Liberdade de expressão

“É fácil submeter povos livres: basta retirar – lhes o direito de expressão”. Marechal Manoel Luís Osório, Marquês do Erval -15 de abril de 1866

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30 agosto, 2023

O QUE ACONTECE AO CONSUMIR CARNE HUMANA? ENTENDENDO OS RISCOS

 


Para responder à pergunta de o que realmente acontece se você comer carne humana, é preciso mergulhar na ciência médica. Além dos riscos legais e éticos, consumir carne humana é perigoso por várias razões médicas. Um dos principais riscos é a transmissão de doenças e condições específicas da espécie. Carne humana pode conter patógenos que são inofensivos para o hospedeiro, mas extremamente prejudiciais para outra pessoa.

 

Um exemplo específico é o príon, uma proteína mal dobrada que pode causar doenças degenerativas do sistema nervoso, como a doença de Creutzfeldt-Jakob. Príons são transmitidos mais facilmente através do consumo de tecido cerebral, como observado no caso da tribo Fore com a doença kuru. Ao comer carne humana, especialmente o cérebro, você corre o risco de consumir essas proteínas perigosas, que depois podem induzir o mal dobramento de proteínas saudáveis no seu próprio corpo. Isso pode resultar em danos irreversíveis ao sistema nervoso, levando a sintomas que incluem perda de coordenação motora, demência e até a morte.

 

Além disso, a carne humana pode ser portadora de uma variedade de outras doenças infecciosas, como hepatite e HIV. Diferente de outras carnes que passam por processos rigorosos de inspeção, carne humana não é regulamentada ou inspecionada, elevando ainda mais o risco de transmissão de doenças.

 

Finalmente, há riscos psicológicos. A prática de canibalismo pode ter graves implicações para a saúde mental, levando a traumas e a um possível desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.

 

Enquanto a conversa sobre canibalismo geralmente evoca horror e repulsa, há casos em que a prática foi uma última opção desesperada para a sobrevivência. Um desastre aéreo na Cordilheira dos Andes em 1972 é um exemplo contundente. Um avião que transportava 45 pessoas, incluindo uma equipe de rugby uruguaia, caiu nas montanhas dos Andes. Os sobreviventes enfrentaram condições extremas, incluindo altitudes elevadas, temperaturas abaixo de zero e escassez de comida.

 

Inicialmente, os sobreviventes tentaram se manter com chocolates e vinho que encontraram nos destroços. No entanto, com o passar do tempo e com os recursos diminuindo rapidamente, eles foram confrontados com uma escolha angustiante: recorrer ao canibalismo ou morrer de fome. Finalmente, tomaram a decisão coletiva de usar os corpos dos falecidos como uma fonte de nutrição, a fim de manter-se vivos na esperança de resgate.

 

Este caso chama a atenção para a complexidade ética de comer carne humana. Aqui, o ato não foi feito por razões culturais ou sadismo, mas como um último recurso para sobreviver em circunstâncias extremas. Os sobreviventes foram posteriormente resgatados após 72 dias na montanha e enfrentaram um escrutínio intenso da mídia e do público. No entanto, muitos argumentaram que sua ação era justificável dadas as circunstâncias extraordinárias.

 

Comparado aos riscos de saúde discutidos anteriormente, é digno de nota que os sobreviventes do desastre dos Andes não relataram problemas de saúde significativos relacionados ao consumo de carne humana. Isso levanta questões sobre se os riscos à saúde associados ao canibalismo podem ser atenuados em cenários extremos, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar isso.

 

Uma questão frequentemente levantada em discussões sobre canibalismo e decomposição é o papel dos animais detritívoros, como o urubu. Estas aves são conhecidas por sua dieta à base de carniça e têm um papel ecológico vital na decomposição de corpos mortos.

 

Mas, os urubus comem carne humana? A resposta é mais complexa do que um simples sim ou não. Essas aves são oportunistas e, em circunstâncias normais, preferem animais mortos que encontram no ambiente natural. No entanto, em situações extremas onde um corpo humano estiver disponível e não houver outras fontes de alimento, é possível que eles se alimentem de restos humanos.

 

Assim como no caso humano, o ato de um urubu consumir carne humana pode trazer riscos à saúde do animal, devido à possível presença de patógenos. No entanto, esses animais têm sistemas digestivos altamente eficientes que podem neutralizar muitas das ameaças bacterianas que poderiam ser prejudiciais a outros organismos.

 

*O globo

Quarta-feira, 30 de agosto 2023 às 20:42