A
Odebrecht comprou, há 6 anos, um imóvel destinado à construção de uma nova sede
do Instituto Lula. A afirmação consta da delação premiada de Marcelo Odebrecht,
ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações
institucionais; e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht
Realizações Imobiliárias, segundo o jornal Folha de S. Paulo.
A
compra do imóvel, situado na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo, é
um dos centros da denúncia em que Lula virou réu, na última segunda-feira, 19,
acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, na Operação Lava Jato.
As
delações de Marcelo, Alencar e Melo confirmam que o imóvel, que no papel foi
adquirido pela DAG Construtora, foi na verdade pago pela Odebrecht e seria
destinado à construção de uma nova sede do instituto.
A
ideia, segundo os delatores, era que após a Odebrecht comprar o imóvel outras
grandes empresas ajudassem a construir o prédio do Instituto Lula.
Segundo
a Folha, na delação, há afirmações de que Lula e Maria Letícia chegaram a
conhecer o terreno, mas não teriam gostado do local. Com isso, Marcelo
determinou a Melo que procurasse outros imóveis pela cidade. No entanto, este
projeto não foi para a frente.
Com
base nas quebras de sigilos fiscais e bancários dos investigados, os
procuradores apontaram que a Odebrecht pagou, em 2010, R$ 7,6 milhões para a
empresa DAG Construtora, que adquiriu o imóvel investigado.
Apesar
do negócio não ter vingado, Moro afirmou ao aceitar a denúncia do Ministério
Público Federal que a falta de transferência na compra do imóvel onde seria
construído o instituto não prejudica a acusação de corrupção, caracterizada
pela oferta e pela solicitação da propina.
Ainda
segundo a denúncia, também foi adquirido um apartamento vizinho à cobertura
onde mora o ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP). Este imóvel, no nome
de Glaucos da Costamarques, testa de ferro de Lula, foi sequestrado por Moro.
Em
nota, o Instituto Lula disse que não comenta "supostas delações".
Afirmou que "delações não são prova, quanto mais supostas delações".
"O
terreno nunca foi do Instituto Lula e tampouco foi colocado à sua disposição. O
imóvel pertence a empresa particular que lá constrói uma revenda de automóveis.
Tem dono e uso conhecido. Ou seja, a Lava Jato acusa como se fosse vantagem
particular de Lula um terreno que ele nunca recebeu, nem o instituto – que não
é propriedade de Lula, nem pode ser tratado como tal, porque o Instituto Lula
tem uma personalidade jurídica própria", afirma a nota.
A
assessoria do instituto finalizou afirmando que as doações feitas ao Instituto
Lula estão devidamente registradas e foram feitas dentro da lei. A empresa DAG
Construções informou que não iria se pronunciar.
Já
a Odebrecht, por meio de nota da assessoria de imprensa, afirmou que não se
manifesta sobre o assunto, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a
Justiça. (A/E)
Quarta-feira,
21 de dezembro de 2016