O
diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio
Barra Torres, disse na quinta-feira (8/4) que a situação pandêmica está longe
do fim. “O entendimento que temos aqui na agência, e não é um entendimento dos
mais felizes, é que essa situação que atravessamos está longe do seu fim. Não
há entre nós a convicção de que a fase pior tenha passado. Nós temos tido uma
série de sinalizações de possibilidades ainda mais desafiadoras estão por vir
no curto e no médio prazo”.
Ao
participar, nesta quinta-feira (8), de audiência pública na Comissão Temporária
da Covid-19 no Senado e questionado sobre a possibilidade de vacinas serem
produzidas em plantas de produção para uso veterinário, Torres ressaltou que a
Anvisa não vê nenhum sentido em manter os olhos apenas nos próximos minutos,
nos próximos dias. “Temos, sim, que olhar para um futuro até mesmo mais
distante. Já tomamos providências há algum tempo em relação a isso aqui na
Anvisa, inclusive com a criação de um grupo de análise estratégica desse
quadro, com visão prospectiva, focando nos próximos anos inclusive”.
Ainda
na avaliação de Antônio Barra Torres, toda uma estrutura mundial vai ter que se
reorganizar. Nascerá um novo mundo dessa pandemia. “E em setores da economia
que, por uma ação fundamentalmente focada no capitalismo, tinham uma
justificação, como a terceirização de áreas essenciais de produção em troca de
mão de obra mais barata e questão fiscal mais atraente, hoje se dá por
comprovado que quem fez essa escolha encontra-se em uma posição de refém diante
da oferta de insumos essenciais que vêm do exterior – no caso concreto,
basicamente de dois países”.
Também
convidada para a audiência pública, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), Nísia Trindade Lima, disse que no momento em que o Brasil enfrenta
dificuldades na importação do IFA (insumo farmacêutico ativo) a fundação,
responsável no país pela vacina de Oxford/AstraZeneca, vai assinar, em duas
semanas, o acordo de transferência de tecnologia do IFA desse imunizante para
que ele seja, enfim, produzido em território nacional.
Segundo
Nísia, a Fiocruz trabalha atualmente com duas linhas de produção que permitem a
fabricação de 900 mil doses por dia. “Em breve, estaremos trabalhando em uma
nova linha de produção, com segundo turno de trabalho, que nos permitirá a
produção de 1,2 milhão de doses/dia”, explicou.
Segundo
a Fiocruz, a previsão é de que as vacinas produzidas com IFA nacional sejam
entregues só a partir de setembro. “Temos IFA garantido para produção até o mês
de maio. Mas o embaixador da China disse que estará acompanhando pessoalmente
isso”, enfatizou. A China é o país exportador do IFA usado pelo Brasil na
produção dos imunizantes. (ABr)
Quinta-feira,08
de abril, 2021 ás 13:47