30 março, 2017

SENADOR PROPÕE EMENDA QUE AMENIZA O FIM DO FORO PRIVILEGIADO




O líder do PSB no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), irá protocolar uma emenda substitutiva que reescreve a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue o foro privilegiado. A emenda determina que processos contra políticos serão julgados pela Justiça comum, mas quem decidirá por aceitar ou rejeitar essas denúncias são os tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, a emenda cria um "filtro" para processos contra políticos.

De acordo com o texto da emenda, denúncias de infrações comuns contra o presidente da República e o vice, deputados, senadores, ministros de estado, procurador-geral da República, AGU, comandantes das Forças Armadas, TCU, membros de Tribunais Superiores e chefes de missões diplomáticas de caráter permanente serão julgadas pelo STF. Da mesma forma como denúncias contra governadores e prefeitos permanecem sendo julgadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Caso as denúncias sejam aceitas, os processos seguem para a Justiça comum.

A PEC do Foro está em discussão no plenário do Senado Federal e deve completar, nesta quinta-feira, 30, as cinco sessões necessárias para poder ser apreciada em primeiro turno. O projeto extingue completamente a prerrogativa do foro privilegiado.

O senador Fernando Bezerra nega que a emenda tenha qualquer intuito de desconfigurar o fim do foro. "O foro não irá mais existir. Todos serão julgados pela Justiça comum. O que a emenda faz é apenas permitir que a aceitação da denúncia caiba aos tribunais superiores, todo o restante do processo seguirá na primeira instância. O projeto responde a um anseio da sociedade, que é o fim do foro, mas a emenda restitui a segurança jurídica", defendeu.

Bezerra esclareceu ainda que, caso a PEC seja aprovada, a ideia é que o fim do foro seja aplicado imediatamente. Desta forma, políticos que já foram denunciados pelo Supremo teriam seus processos remetidos à Justiça comum. Mas a maior parte dos investigados na operação Lava Jato, por exemplo, ainda não tiveram denúncias apresentadas ou acolhidas, e permaneceriam investigados pelo STF.

Para apresentar a emenda, Bezerra precisa da assinatura de pelo menos 27 senadores. Ele disse que procurou líderes das demais bancadas para buscar apoio ao texto e afirmou que a recepção foi positiva.

Mais emendas. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), avisou em plenário que o prazo de apresentação de emendas à PEC do fim do foro privilegiado vencerá nesta quinta-feira pela manhã.

O senador Beto Rocha (PSB-MA) disse que irá apresentar uma emenda para criar varas especiais para os processos de políticos. Desta forma, aqueles que perderem o foro privilegiado também não seriam julgados diretamente na primeira instância.

A líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou que a bancada também prepara emendas. Segundo o líder do PSDB, Paulo Bauer (SC), os tucanos irão apresentar três emendas ao texto. Os líderes não entraram em detalhes sobre as propostas. (AE)

Quinta-feira, 30 de Março de 2017 ás 10hs30

GOVERNO CORTA R$ 42,1 BILHÕES E ACABA COM DESONERAÇÕES
 

Depois de dois adiamentos, numa semana de intensas negociações, o anúncio do Orçamento deste ano foi feito quarta-feira(29/03) à noite, prevendo um corte de R$ 42,1 bilhões nas despesas da União. Para chegar a esse cálculo, que a equipe econômica acredita contribuirá para garantir o déficit de R$ 139 bilhões fixado para 2017, o governo vai contar com receitas extras de mais de R$ 10,1 bilhões com a venda de quatro hidrelétricas que pertenciam à Cemig e foram reintegradas ao patrimônio da União, além da suspensão de benefícios fiscais na folha de pagamentos que renderá mais R$ 4,8 bilhões.

O governo não pôde contar com o ganho extraordinário, que pode chegar a R$ 8,7 bilhões, com precatórios não reclamados por seus beneficiários. Até o último momento, isso foi tentado pela equipe econômica, para permitir um corte menos profundo, em torno de R$ 30 bilhões. Uma hora antes do anúncio, os ministros Henrique Meirelles, da Fazenda, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, acompanhados pela advogada-geral da União, Grace Mendonça, ainda buscavam no Supremo Tribunal Federal (STF) consultoria da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, sobre o respaldo judicial da medida.

De acordo com Meirelles, no primeiro momento o corte será de R$ 42,1 bilhões, mas a equipe econômica espera uma redução desse valor à medida em que forem confirmadas as receitas com precatórios. Com a inclusão dessas receitas, o corte poderia, portanto, ser reduzido para cerca de R$ 30 bilhões.

O propalado aumento de tributos, que estava sendo avaliado pela equipe econômica se resumiu à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de cooperativas de crédito. Essa tributação acrescentará aos cofres do Tesouro mais R$ 1,2 bilhão este ano.

O corte de R$ 42,1 bilhões deve ser feito com o contingenciamento de R$ 10,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); de R$ 10,9 bilhões em emendas parlamentares; e de R$ 20,1 bilhões de despesas dos demais órgãos do Executivo. Nos outros Poderes, a tesourada será de R$ 580 milhões.

O governo decidiu acabar com o benefĂ­cio fiscal na folha de pagamento das empresas da maior parte dos setores por considerar uma distorção. “Essa medida gerava uma perda fiscal para a UniĂŁo e era esperado que isso gerasse um crescimento rápido para o Brasil. No entanto, isso nĂŁo gerou os efeitos esperados e achamos que seria necessário eliminar essa opção”, disse Meirelles, ao fazer o anĂşncio.

Mantiveram o benefĂ­cio os setores de construção civil e obras de infraestrutura, metrĂ´, trens, transporte rodoviário e comunicações. “SĂŁo setores vitais para a manutenção de empregos”, afirmou o ministro. Sob grande pressĂŁo para fechar as contas de 2017 no prazo estipulado pelo Tribunal de Contas da UniĂŁo, que se encerra hoje, Meirelles e Oliveira ainda buscavam, na noite de ontem, embasamento tĂ©cnico para sustentar as previsões de arrecadação que permitem uma redução no corte de despesas do Orçamento.

Projeções

Além das crescentes resistências ao aumento de impostos, a maior preocupação da equipe econômica era com relação às estimativas de receitas extraordinárias passarem pelo crivo rigoroso do TCU. Afinal, foi o órgão de controle que condenou as projeções infladas de Orçamento feitas durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. A regra é só contar com a arrecadação que seja líquida e certa. Projeções que tenham risco de não se concretizar podem ser contestadas. (AE)

Quinta-feira, 30 de Março de 2017 ás 10hs30

Nenhum comentário:

Postar um comentário